"O idioma está sempre em movimento, mas o
homem, por ocupar o centro do redemoinho, poucas vezes percebe essa mudança
incessante."
Octávio Paz
Um ser irreconhecível
se desdobra na expressividade fugaz. Seu aspecto de invasor ameaça o saber
encastelado, seu ritmo alucinado de vivências subjetivas re_apresenta um devir
quase esquecido. Ao pensar o impensável realiza uma excursão pela partícula de
infinito desconsiderada. Sua ótica de incerteza desconstrói o mundo de uma só
verdade.
Os sons murmurados nas
entrelinhas apresentam o instante entre um e outro. Sua lógica de estorvo, o
caráter de percepção excessiva denuncia espaços, amplia escutas, vislumbra
imaterialidades. As associações desgovernadas esboçam um contato com o absurdo.
Parece recordar que a vida não tem ponto final.
Sua estranha dialética
é ser registro de uma ausência. Como um acesso de desrazão, seu teor de
expressividade não cabe numa definição. Nas possibilidades entreabertas pelo
discurso novo, uma sensação de embriaguez involuntária, gestada na própria
estrutura, ensaia lonjuras.
A palavra vertigem
aparece como um fundamento da lógica dos excessos. Em sua ótica de nuance se
estabelecem múltiplos acenos. Como um não lugar em vias de acontecer, sua
tensão desconfigurada e de viés imprevisível, interroga a vida para reinventar
o sonho.
Talvez sua maior
contribuição seja precipitar novas verdades. Seu discurso, até então
desconhecido, apresenta uma novidade em cada versão. Nessas idas e vindas
percorre itinerários para acolher e descrever matérias-primas. Seu caráter
obtuso expõe fragmentos na transgressão da estrada querendo partir.
Os deslocamentos da
singularidade, quando em direção às ideias complexas, apresentam estéticas não
lapidadas. O deslize da pena do autor, pelos subúrbios inclassificáveis da
reciprocidade, tenta apontar o refúgio dos inéditos.
Numa perspectiva de
lógica delirante, ao decifrar sua linguagem, é possível se ter subjetividade,
tempo e lugar como integrantes da mesma estrutura de pensamento. Nela o teor
precursor reivindica a palavra vertigem em poéticas da não-lucidez.
*Hélio Strassburger
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