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Trem do tempo*


“Pois os pensamentos são uma coisa estranha. Muitas vezes não passam de acasos que desaparecem sem deixar rastros; os pensamentos têm épocas de viver e épocas de morrer.” Robert Musil – O jovem Törless

Não tenho nada a dizer, o dito pelo dito é entediante,
Melhor ler do que dizer, melhor sentir do que falar,
Tenho muito a viver, o tempo chega ao fim.
Tenho algo a fazer, construir um mundo de imagens,
Tenho muito a colher, a vida foi longa,
A colheita é breve, a dor só existe na seca.
Choramos para nos alegrar, cantamos para acordar a noite.
A palavra escrita é o alimento, a voz é o vaguear no tempo,
O fim é o início de outras escritas, de vozes que não temem o fim.
Os dias perdem forças no tempo chega ao fim.
Deixo a negação para o momento do tempo que se perde,
Tenho tudo a ler, livros perdem o tempo único.
A leitura dos lábios é o signo que o rio perde no fim.
Um dia escrevo tudo, outro dia falo muito, a angústia me resgata no fim da linha. A vida é tênue.

*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS

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