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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"O mundo é a minha representação (...) Possui então a inteira certeza de não conhecer nem um sol nem uma terra, mas apenas olhos que vêem este sol, mãos que tocam esta terra; em uma palavra, ele sabe que o mundo que o cerca existe apenas como representação, na sua relação com um ser que percebe, que é o próprio homem"

"(...) esta realidade é, portanto, puramente relativa"

"O mundo como representação, o único que nos ocupa aqui, apenas existe, falando com exatidão, a partir do dia em que se abrem os primeiros olhos; com efeito, ele só poderia sair do nada em que estava mergulhado por meio do conhecimento"

"(...) Foi daí que saiu esse velho erro, de que não há nada de perfeitamente verdadeiro senão aquilo que é provado, e que toda verdade assenta incomprovada, que é o próprio fundamento da prova, ou das provas da prova"

"A peculiaridade da filosofia é que ela não pressupõe nada de conhecido, mas que, pelo contrário, tudo lhe é igualmente estranho e problemático, não só as relações dos fenômenos, mas os próprios fenômenos"

"Lembrando Zenão: 'para chegar ao supremo bem, isto é, à felicidade, ao repouso do espírito, é preciso viver de acordo consigo mesmo'"

"Fenômeno significa representação, e mais nada; e toda representação, todo objeto é fenômeno (...). A vontade é a substância íntima, o núcleo tanto de toda coisa particular, como do conjunto; é ela que se manifesta na força natural cega; ela encontra-se na conduta racional do homem; se as duas diferem tão profundamente, é em grau e não em essência"

"(...) a vontade que consideramos como o que há de mais íntimo na nossa essência, vem principalmente do contraste que se nota entre o caráter de determinação de uns e a aparência de livre-arbítrio que se encontra no outro, visto que, no homem, a individualidade sobressai poderosamente: em cada um tem o seu caráter próprio; é por isso que o mesmo motivo não tem o mesmo poder sobre todos, e mil circunstancias que têm lugar na vasta esfera de conhecimento do indivíduo, e permanecem desconhecidos para os outros, modificam a sua ação"

"(...) grande ensinamento de Kant, que o tempo, o espaço e a causalidade não pertencem à coisa em si, mas apenas ao seu fenômeno; que apenas são formas do nosso conhecimento, e não atributos essenciais da coisa em si"

"(...) a vontade manifesta-se unicamente como aquilo que constitui o mundo, abstraindo da representação; foi então que, segundo esta noção, demos ao mundo, considerando como representação, o seguinte nome, que corresponde tanto ao seu conjunto como às suas partes: a objetividade da vontade, que significa: a vontade tornada objeto, isto é, representação"  

*Arthur Schopenhauer in "O mundo como vontade e representação". Ed. Contraponto. RJ. 2001. 

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