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Medos*


Algumas coisas me fazem escrever. Outras trancam a minha escrita.

Sempre tive medos. Medos de não ser aceito. De não ter aonde morar e dormir. De não ter o que comer e vestir. Tive medos de amar demais, De amar de menos. De não conseguir mais amar. E de não conseguir mais me deixar amar. Do silêncio dos outros. E do olhar, que percebia, era lançado sobre mim. Medo do "não" que não me diziam. E que me chocava, quando de surpresa caía sobre mim. Os nãos que eu me dizia já eram suficientemente excessivos

Quando criança , brincava com os presentes que eu não ganhava. Então, entrava dentro de mim mesmo e brincava com as coisinhas que habitavam dentro de mim. E aprendi a brincar com os meus pensamentos. Hoje, ainda, tenho um certo medo do que as pessoas pensam que passa pelos meus pensamentos. Nada maior ou menor, nem melhor ou pior, do que o que passa nos pensamentos de tantos...

Evito o máximo os conflitos e confrontos. Detesto brigas ou discussões. Do mesmo jeito que detesto o silêncio mudo das coisas que deveriam ser ditas. A última me faz mais mal. E me faz escrever. Ou tranca a minha escrita.

Nunca tive medo da dor física. Pelos menos em mim.

*José Mayer
Filósofo. Livreiro. Estudante na Casa da Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS

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