Pouco depois de
defender minha tese de doutorado e ver alguns debates enraivecidos no
Facebook, acabei refletindo sobre algumas coisas e, na medida em que as ideias
surgiram, escrevi postagens avulsas sobre a dificuldade de algumas pessoas de
serem criticadas. Dessas postagens, três acabaram se tornando a reflexão que
segue, com ligeiras alterações para dar uniformidade ao raciocínio.
A experiência de
defender minha tese foi, antes de tudo, um exercício de humildade. Por mais que
eu aconselhe os meus colegas a ficarem confiantes, uma vez que a maior
autoridade no trabalho de pesquisa que fazemos somos nós mesmos, isso não
isenta o trabalho de erros que podem ser encontrados pelos avaliadores.
Eles
provavelmente não leram tudo o que você leu, na ordem em que leu e com a
perspectiva que você interpretou para escrever seu trabalho. Mas eles são os
primeiros – em muitos casos, os únicos – receptores de seu trabalho e alguns
dos mais atentos que o lerão. Desde sua monografia da graduação até a tese de
doutoramento, a avaliação é um modo de você reconhecer que seu trabalho é
passível de falhas. Não interessa se seus avaliadores são doutores no mesmo
assunto que você aborda ou leitores interessados e pouco versados no seu tema.
O que importa é colocar seu trabalho à prova.
A crítica não deveria
ser vista como uma ameaça. Seja de quem é superior em conhecimentos, seja de
quem possui menos ciência, toda crítica deveria ser avaliada. Aquele que sabe
mais do que você pode ter visto inconsistências em suas ideias. Mas, também
pode ter compreendido mal sua exposição. Aquele que sabe menos, pode ter
percebido algo que nem você se deu conta. Ou até pode lhe mostrar algo em que
você falhou na hora de explicar, dando margem para ambiguidades. Esbravejar
diante de críticas sem ponderação prévia, não resolve nada. Não esclarece o
ignorante, nem convence o sábio.
Por fim, reclamar que
não entenderam o que você escreveu é até compreensível. Muitos não interpretam
bem mesmo. Mas, é possível também que o erro esteja em sua escrita. Quanto mais
seu texto se encontra repleto de subentendidos ou até erros gramaticais, mais
difícil será para o leitor compreender o que você escreveu. Taxar todos de
ignorantes ou analfabetos funcionais pode configurar apenas a soberba de quem
se acha superior aos outros e infalível no domínio da expressão escrita.
*Prof. Dr. Miguel
Angelo Caruzo
Filósofo. Educador.
Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
Comentários
Postar um comentário