As expressões preliminares possuem um teor de anúncio de
incertezas. Sua linguagem cifrada, em um discurso incomum, abre espaço,
compartilha desafogo, reapresenta as formas do indizível. De antemão, tem-se um
imenso nada a se mostrar na crise desconstrutiva pessoal.
Essas palavras desarticuladas realçam um caos subjetivo em
ação. Nesses conteúdos de rascunho, já se pode vislumbrar endereços
existenciais, descrever a novidade chegando. Por esse começo é possível
investigar o mundo das vontades, das representações. Nos ditos de assunto
imediato, nem sempre confirmados no discurso posterior, os relatos oscilam em
busca de legitimidade. A partir desse acolhimento, pode-se qualificar a relação
clínica, regular o ângulo da visão, ajustar a lógica desse encontro singular.
O teor de con-fusão entre o passado e o agora passando, além
de traduzir um viés im-paciente, proporciona atenção a esse sujeito em estado
nascente. Após essa antítese com as anterioridades, existe um lugar para
restabelecer novos pontos de equilíbrio. Nesse instante de des-ordem, onde uma
esteticidade desconstrutiva se apresenta, a pessoa deveria ter o direito de
realizar ensaios existenciais com segurança, cuidado especializado.
Em uma livre associação discursiva assim descrita, a
categoria tempo costuma ser aliada das ressignificações. Com ela é possível
vislumbrar as intencionalidades e desdobramentos da manifestação primeira. Seu
incômodo com a paz dos cemitérios sugere uma vida transbordando ao antever
horizontes. Conteúdos clandestinos insinuam-se nas entrelinhas das primeiras
menções.
Essas considerações de abertura, muitas vezes
irreconhecíveis à primeira vista, possuem a força e o significado do instante.
Seu desconcerto busca redesenhar uma arquitetura subjetiva que desponta. Suas
divagações e desencontro de ideias, falsetes, rascunham impropriedades a quem
vai ficando pelo caminho. Esses conteúdos restariam indescritíveis,
classificados nalguma forma de loucura, não fosse a tradução do olhar
diferenciado, a partir da compreensão dessa expressividade singular.
Nessa antevéspera de novidades, o papel existencial do
Filósofo Clínico aprecia ser um cúmplice a sustentar travessias. Seus termos sugerem
apontamentos para reinvenção existencial. Sua estética de manifestação absurda
reivindica um chão às promessas de libertação. A palavra inicial segue
inconclusa.
*Hélio Strassburger
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