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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) por mais que se diga o que se vê, o que se vê não se aloja jamais no que se diz"

"(...) o rosto que o espelho reflete é igualmente aquele que o contempla"

"A identidade das coisas, o fato de que possam assemelhar-se a outras e aproximar-se delas, sem contudo se dissiparem, preservando sua singularidade, é o contrabalançar constante da simpatia e da antipatia (...)"

"A linguagem não é um sistema arbitrário; está depositada no mundo e dele faz parte porque, ao mesmo tempo, as próprias coisas escondem e manifestam seu enigma como uma linguagem e porque as palavras se propõem aos homens como coisas a decifrar"

"(...) se a língua é uma ciência espontânea, obscura a si mesma e inábil - em contrapartida é aperfeiçoada pelos conhecimentos que não se podem depositar em suas palavras sem nelas deixar seu vestígio e como que o lugar vazio de seu conteúdo"

"O que erige a palavra como palavra e a ergue acima dos gritos e dos ruídos é a proposição nela oculta"

"As coisas e as palavras estão muito rigorosamente entrecruzadas: a natureza só se dá através do crivo das denominações e ela que, sem tais nomes, permaneceria muda e invisível, cintila ao longe, por trás dele, continuamente presente para além desse quadriculado que, no entanto, a oferece ao saber e só a torna visível quando inteiramente atravessada pela linguagem"

"(...) Começa-se a falar sobre coisas que têm lugar num espaço diverso do das palavras"

"O homem é um modo de ser tal que nele se funda esta dimensão sempre aberta, jamais delimitada de uma vez por todas, mas indefinidamente percorrida, que vai, de uma parte dele mesmo que ele não reflete num cogito, ao ato de pensamento pelo qual a capta (...)"

*Michel Foucault in "As palavras e as coisas". Ed. Martins Fontes. SP. 2002.

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