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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) nem mesmo Husserl obteve uma única Wesenschau que não tenha, em seguida, retomado e retrabalhado, não para desmenti-la mas para obrigá-la a dizer o que ela de início não dissera inteiramente, de sorte que seria ingênuo procurar a solidez num céu de ideias ou num fundo do sentido: ela não está acima nem abaixo das aparências mas na sua juntura, sendo o elo que liga secretamente uma experiência às suas variantes" 

"(...) de sorte que o vidente, estando preso no que vê, continua a ver-se a si mesmo"

"(..) o filósofo procura uma linguagem da coincidência, uma maneira de fazer falar as próprias coisas"

"Este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo, tenho razões para dizer que eu sou o mundo"

"(...) o espetáculo tinha sentido para mim antes que eu me descobrisse como aquele que lhe dá sentido"

"Cada percepção é mutável e somente provável"

"Compreender é traduzir em significações disponíveis um sentido inicialmente cativo na coisa e no mundo"

"(...) a reflexão recupera tudo exceto a si mesma como esforço de recuperação, esclarece tudo salvo seu próprio papel. O olho do espírito também tem seu ponto cego"

(...) o mundo só é nosso lugar natal porque somos, de início, como espíritos, o berço do mundo"

*Merleau-Ponty in "O visível e o invisível". Ed. Perspectiva. SP. 1999.  

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