Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2017

Beija flor*

"Nem sei se posso dizer isto. Há no ar uma interrogação. Faz-se no ar silêncio. No entre, uma pausa. Desamor pulula no egoísmo. Vaidades tomam o poder. Complexos geram comparações. Julgamentos, revólveres de projeções. Críticas, jogos de saber poder. Fofocas exaltam a inveja dos impotentes. Ressentimentos alimentam mágoas. E, os ventos sopram... Raios rasgam horizontes. Outono queima as matas Num ato intenso de amor Chega o Beija-flor. Em seu bico uma gota de amor. Treme beijando o orvalho. Seduz a encantar e a despertar. Analisa e se desfaz em graça. O mínimo se torna mais, Como mágica acende a lua, Distribui amor sem nada esperar. Entrega-se às flores e goza Na dança de SerAmor,]Amando sem censura. *Rosângela Rossi in " Amando sem censura ". Ed. SerLivre. MG. 2016. Psicóloga. Escritora. Filósofa Clínica. Poeta. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Em seus atos de libertação ele oferece como um presente as possibilidades adormecidas, e apenas quem conhece a palavra mágica é capaz de despertá-las novamente e transformá-las em alegria e festividade" "Não podendo a arte ser nacional em seus momentos de apogeu, segue-se que todo artista, na verdade, nasce em terra estrangeira. Sua pátria não está em lugar algum, situando-se apenas em seu próprio íntimo. E as obras nas quais traduz a linguagem desta terra são as suas mais genuínas" "Cada um de nós recria o mundo ao nascer, porque cada um de nós é o mundo" "(...) Ele permanece pobre, porque é incapaz de revelar a um confidente a existência dos seus tesouros, e segue solitário por não conseguir edificar uma ponte que conduza do seu íntimo para o meio exterior que o circunda. (...) Estes seres caminham pelo mundo, sem tocá-lo, portando em suas almas as estrelas mudas sobre as quais não podem falar com ninguém" "(...) O ho

Fotos históricas*

Boa tarde, A partir de hoje está à disposição, no final da página inicial do blog, nas " contribuições para uma   historicidade da Filosofia Clínica " algumas fotos dos anos iniciais da Filosofia Clínica.  Nossa equipe de produção recuperou antigas imagens de alguns eventos da Filosofia Clínica (anos 90 e começo dos anos 2000). Essa breve apresentação é apenas um recorte tímido. Aconteceu muito mais! Alguns colegas históricos possuem outros tantos acervos dessa época, desejo que também compartilhem.  Um abraço,  Coordenação da Casa da Filosofia Clínica

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"No fundo da prática científica existe um discurso que diz: 'nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar" "Se existe uma geografia da verdade, esta é a dos espaços onde reside, e não simplesmente a dos lugares onde nos colocamos para melhor observá-la" "Antes do século XVIII, a loucura não era sistematicamente internada e era essencialmente considerada como uma forma de erro ou de ilusão. Ainda no começo da idade clássica, a loucura era vista como pertencendo às quimeras do mundo; podia viver no meio delas e só seria separada no caso de tomar formas extremas ou perigosas" "(...) Charcot

Ser filósofo no século XXI*

Quer ser “filósofo” no século XXI? Comece escrevendo artigos e submeta-os a boas revistas nas quais há bons avaliadores. Um filósofo inicia sua reflexão dialogando com outros autores, compreendendo-os e discordando deles quando é possível, como Aristóteles nos ensinou. Acha que o ambiente acadêmico é despreparado? Pior é tornar-se julgador da própria obra ou se valer do julgamento daqueles que pouco sabem a respeito do conteúdo com o qual você lida. Julga algum filósofo ruim? Experimente escrever um artigo refutando-o e envie para algum avaliador que dedicou mais tempo do que você ao estudo desse pensador. Por que um artigo e não um livro? Porque, em geral, até o “menino do Acre” escreve um livro e publica por uma editora que visa unicamente o lucro, enquanto a publicação de um artigo depende da ponderação de editores e avaliadores que não recebem nada por isso e têm apenas a intenção de melhorar a qualificação da revista; e, para isso, precisam publicar bons trabalhos

Amplidão Mínima*

    [...] seu crescimento é doloroso como o de um menino e triste como o começo da primavera.” Rainer Maria Rilke Eu não minto, não meto, Descubro linhas, acerto, perco o tempo, Encontro os pontos, absurdo na meta, Desconto a vida em linha reta. Sinuosidade da morte: Acho o lúdico, súbito, mordo língua, Nado a esmo, lá no fim águas, Olhos vivos nas algas da solidão, Enfio mãos, naufrago em Mar de Espanha.[1] Afundo sonhos, renovo ideias, conto histórias, Faço o cerco, prolongo a narrativa, escapo da morte, Invento mundos, amplio a visão, mato tempo em vão, Encontro espaços entre o Nada e o tempo de viver. Histórias forjadas, atos do pensamento, nada perdido, Livros lidos nunca escritos, sonho noutros lugares, Vivo distante do meu lugar, destino no acaso faz-me errante. Nunca saio do meu canto antes de olhar a fadiga das paredes. O ser não envelhece no tempo, é mais velho que a morte dos pensamentos.      [1] Alusão ao município sem mar, Ma

Ofertas de Aninha*

Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida. Não desistir da luta. Recomeçar na derrota. Renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos. Ser otimista. Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal. Creio na solidariedade humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes acreditar do que duvidar. *Cora Coralina

A palavra fora de si*

A percepção dos excepcionais arranjos existenciais se movimenta em ritmo de euforia narrativa. Sua estética de viés inacabado contém presságios de reciprocidade com tudo ao seu redor. Seu vislumbre aponta rascunhos de exceção para anunciar regiões desconsideradas. Um traço de alvoroço criativo antecipa subterfúgios de vida nova. Acrescenta rasuras à máscara bem moldada da definição. Seu aspecto de miragem delirante possui uma fonte inesgotável. Uma nascente multifacetada denuncia o refúgio de onde alça voos e mergulhos ao viver sem pensar. Seu estado de embriaguez epistemológica sugere a quimera por onde a irrealidade se faz um saber eremita. Sendo evento de rara inspiração, aloja-se nas entrelinhas da vida. Ao desrealizar seu cotidiano, atualiza andanças pelas margens de si mesmo. Em meio à multidão estrangeira de pensamentos, sensações, ideias, o enredo visionário antevê a alquimia das múltiplas narrativas. Assim, a autoria transborda na esteticidade da palavra fora

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Exprimir-se é portanto um empreendimento paradoxal, uma vez que supõe um fundo de expressões aparentadas, já estabelecidas, e que sobre esse fundo a forma empregada se destaque, permaneça suficientemente nova para chamar a atenção. Trata-se de uma operação que tende à sua própria destruição, uma vez que se suprime à medida que se propaga, e se anula se não se propaga. Assim, não se poderia conceber uma expressão que fosse definitiva, pois as próprias virtudes que a tornam geral a tornam ao mesmo tempo insuficiente" "Nossa língua reencontra no fundo das coisas a fala que as fez" "Na terra, já se fala há muito tempo, e a maior parte do que se diz passa despercebido" "(...) Aqui, o cúmulo da sabedoria e da astúcia é uma ingenuidade profunda" "(...) é o preço que se deve pagar para ter uma linguagem conquistadora, que não se limite a enunciar o que já sabíamos, mas nos introduza a experiências estranhas, a perspectivas que

Leve minha árvore para passear!*

Não se é poeta Por escolha Poesia não se escreve Não se lê poesia Vive-se poeticamente Fala-se como poesia Canta-se como poesia Uma forma de olhar Um jeito de abraçar A poesia se ri A poesia se encena Na cena da vida. Dizia-se por aí Que ele estava "Fora da casinha" Levava uma vida vegetativa - Leve minha árvore para passear! Apenas fazia silêncio Ficava longos tempos mudo Tinha medo que o mundo Descobrisse quando falava Que estava a ficar "maluco"... *José Mayer Filósofo. Livreiro. Poeta. Especialista em Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) sobre o papel - e devido ao papel - o tempo está em perpétua incerteza" "(...) o exercício de uma imaginação desse tipo não depende apenas da 'arte', mas também do saber: captar metamorfoses (o que fez várias vezes, Leonardo da Vinci) é um ato de conhecimento; todo saber está ligado a uma ordem classificadora; expandir ou simplesmente mudar o saber, é experimentar, através de audaciosas operações, aquilo que subverte as classificações a que estamos habituados: esta é a função nobre da magia"  "(...) o sentido depende do nível em que o leitor se coloca" "Dionísio é um deus complexo, dialético; é ao mesmo tempo um deus infernal e da renovação; é o próprio deus desta contradição. É verdade que, ao se civilizarem, isto é, ao passarem à categoria de instituições civis, os gêneros dionisíacos (ditirambo, drama satírico, comédia) purificaram, simplificaram, apaziguaram o temperamento inquietante do deus: era uma questão de ênf

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) o sonho se fizera realidade, e ele, que antes o desejara surpreendia-se agora e não o reconhecia porque antes tinha um aspecto totalmente diverso" "Em sua vida de preceptor solitário nunca soubera conformar seus pensamentos e palavras aos ouvidos a que eram dirigidos e, em vão, muitos anos antes, tentara sair de seu casulo e comunicar-se com as gentes (...) Agora, ao contrário, como era agradável evitar a palavra ou melhor o conceito difícil, e dar-se a compreender" "Amante das imagens, via sua própria vida como um caminho reto, uniforme, atravessando um vale tranquilo; no ponto em que encontrara Angiolina, o caminho se curvava, desviava-se para uma paisagem de árvores, flores e colinas. Um breve trecho apenas; depois retornava ao vale, ao fácil caminho, plano e seguro, tornado menos tedioso pela recordação do intervalo encantador, colorido, fatigante talvez" "(...) Emilio sentia uma satisfação completa com a posse incompleta d

Mãos de palavras*

“Toda boa escultura, toda boa pintura, toda boa música, sugere os sentimentos e os devaneios que ela quer sugerir. Mas o raciocínio, a dedução, pertencem ao livro.” Charles Baudelaire Ela inclinou o corpo até o outro lado da mesa, ali estava ela, com os olhos nos seios, com os olhos no cálice, com a boca em suas frases, inclinou um pouco mais do que o normal, quase na horizontal, mais do que fazia em outras situações. Um lugar público, um olhar íntimo, uma voz que parecia vir das caixas de som, que vinha das imagens da tela, entravam mãos e braços, o outro lado da mesa estava ele com os olhos em seus lábios, o movimento da língua, imaginação de que a liberdade pudesse existir na língua...a partir do começo na linguagem nasce um texto, um verso morre no copo ou no corpo das palavras. Ela do outro lado da mesa disse – estou com sede, favor me servir um cálice, eu sei que minha voz é melhor que o que escrevo, mas sua escrita não é minha companheira já um tempo, então me

Não sei quantas almas tenho*

Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. *Fernando Pessoas

Da natureza inédita em todas as coisas*

“No poetar do poeta, como no pensar do filósofo, de tal sorte se instaura um mundo, que qualquer coisa, seja uma árvore, uma montanha, uma casa, o chilrear de um pássaro, perde toda monotonia e vulgaridade.” Martin Heidegger Um cotidiano plural se abre frente ao espelho das singularidades. Nesse viés discursivo recém chegando, oferece seus inéditos numa língua estranha. Por seu caráter de novidade, recusa o gesso da classificação especialista. Numa interseção de acolhimento e partilha, concede alguma visibilidade ao que restaria desconhecido. Em uma experiência de transbordamento excepcional, num tempo subjetivo e de local indeterminado, a estrutura de pensamento se refaz. Nesse ímpeto de incertezas, um teor de expressividade transgressora se deixa entrevistar, seus deslizes narrativos, olhares desfocados e a escuta das lógicas sem sentido, apontam suas fontes de inspiração. Uma hermenêutica compreensiva acolhe a desestruturação fundante, seu aspecto de estranheza re

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) subentende-se que jogos de palavras, adivinhações, malabarismos verbais constituem, nas tradições arcaicas, um modo de dizer que agrada aos deuses e de que estes fazem grande uso" "(...) antes de ela ser palavra, denunciando-a já como logos, esse substantivo altamente singular no qual se retém a origem não falante daquilo que incita à fala e que, em seu nível mais alto, ali onde tudo é silêncio, não fala, não esconde, mas faz sinal" "(...) Abraão separando-se do que é e afirmando-se estrangeiro para responder a uma verdade estrangeira. O hebreu passa de um mundo - o mundo constituído da Suméria - a um 'não ainda mundo', e que é entretanto o terreno; barqueiro, o hebreu Abraão não só nos convida a passar de uma margem a outra, mas também a ser por ele conduzidos aonde quer que haja uma passagem a realizar, mantendo esse entre-duas margens que é a verdade da passagem" "(...) a palavra é a terra prometida em que o exílio s

Uma poesia dos abraços*

Jamais deixamos de orbitar em nós mesmos, por isso, o contato com outras vidas é tão determinante e fundamental. É esse o fenômeno que nos lança na direção das descobertas que tanto precisamos encontrar e que sempre provém de dentro para fora de nós mesmos. E assim, me parece que prosseguimos produzindo pontes altamente capazes de nos conectar, sobretudo, quando ousamos atravessá-las.  Foi assim que encontrei em tantos abraços a força que faltava, pois de tão apertados, "pois-se" tudo no lugar. Foi assim, que os melhores momentos se tornaram eternos figurando sempre no agora. Foi assim, que um beijo roubado despertou as melhores flores dos jardins de duas almas, as quais, em silêncio, conhecem a fundo os legados que deixaram tão somente por amor. Foi assim que a poesia transbordou em mim trazendo a tona o melhor de nós mesmos e ainda, por conseguinte, o melhor que podíamos alcançar.  Foi assim que nós nos transformamos e nos superamos juntos, não raro sob a auror

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"É Surpreendente como, quando meus pacientes e eu estamos em sintonia, nossas redes neurais parecem fazer contato num nível que não posso descrever com palavras" "(...) qualquer experiência produz uma alteração em sua mente" "(...) a psicoterapia modifica, de início, as conexões funcionais entre os neurônios, para depois converter essas transformações funcionais em mudanças na estrutura concreta do próprio córtex cerebral" "Não posso pressupor que minhas ideias sejam prova definitiva de algo sobre Ted, embora muitos terapeutas caiam nessa armadilha; minhas associações são minhas próprias pistas pessoais, guardando talvez uma relação tanto com minhas experiências e personalidade quanto com as de Ted. Somente as associações dele constituem dados legítimos que podem me ajudar a definir o que contêm suas redes" "(...) o cérebro humano, possui mecanismos biológicos que torna possível alterar as conexões entre os neurônios. Mo

Manoel por Manoel*

Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem.  Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas.  Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. E

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Mas que lentidão de meditação precisaríamos adquirir para viver a poesia interior da palavra, a imensidão interior de uma palavra. Todas as grandes palavras, todas as palavras convocadas para a grandeza por um poeta, são chaves do universo, do duplo universo do Cosmos e das profundezas da alma humana" "Para Baudelaire, o destino poético do homem é o de ser o espelho da imensidão; ou, mais exatamente ainda, a imensidão vem tomar consciência de si mesma no homem. Para Baudelaire, o homem é um ser vasto" "O sonhador faz correrem ondas de irrealidade sobre o que era o mundo real" "O fato de descrever objetivamente um devaneio já é diminuí-lo e interrompê-lo. Quantos sonhos contados objetivamente que nada mais são que onirismo feito pó! Ante uma imagem que sonha, é preciso tomá-la como um convite para continuar o devaneio que a criou" "Os caracóis constroem uma casinha que carregam consigo. Assim, o caracol está sem em casa,

Sem discípulos*

“Objeto é apenas o que pode ser ocupado e abandonado.” Peter Sloterdijk Nenhum homem, nenhum momento, nem a flor do pensamento, meio olho e uma frota de navios imaginários a se perder na linha do tempo. De nunca mais poder retornar à terra segura, mesmo sendo o que ilumina as ideias, anda, por ora, a procurar o fantasma do passado, uma obsessão do demônio da igualdade nos poros biológicos predestinados a sobreviver ao sol. O novo tempo é a estranha forma de matar e limpar as ruas em nome de uma integridade tenebrosa. A moralidade se impõe como ordem dos néscios de alma que evocam a religião, a ciência e até a arte de matar o próximo. O homem deste século sabe tudo, até mesmo crê que é inferior a deus para matar em nome de um deus. Prefiro ver o rio caudaloso de ideias se perder em ruas, túneis profundos, em pedras que escondem os desconhecidos a morrer na ordem do exército de mosquitos que sugam o sangue da maioria que pondera. Na fuga, atravessar oceanos, cruzar frontei

Esperança*

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso voo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança… E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA… *Mário Quintana

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) felizmente para a humanidade, cada homem é só quem é, sendo dado ao gênio, apenas, o ser mais alguns outros" "Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua. Há imagens nos recantos de livros que vivem mais nitidamente que muito homem e muita mulher"  "Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo ? O universo não é meu: sou eu" "Qualquer coisa, conforme se considera, é um assombro ou um estorvo, um tudo ou um nada, um caminho ou uma preocupação. Considerá-la cada vez de um modo diferente é renová-la, multiplicá-la por si mesma. É por isso que o espírito contemplativo que nunca saiu da sua aldeia tem contudo à sua ordem o universo inteiro. Numa cela ou num deserto está o infinito" "(...) Que coisa morro quando sou ?" "Deus é o existirmos e isto não s

Visitas