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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) sobre o papel - e devido ao papel - o tempo está em perpétua incerteza"

"(...) o exercício de uma imaginação desse tipo não depende apenas da 'arte', mas também do saber: captar metamorfoses (o que fez várias vezes, Leonardo da Vinci) é um ato de conhecimento; todo saber está ligado a uma ordem classificadora; expandir ou simplesmente mudar o saber, é experimentar, através de audaciosas operações, aquilo que subverte as classificações a que estamos habituados: esta é a função nobre da magia" 

"(...) o sentido depende do nível em que o leitor se coloca"

"Dionísio é um deus complexo, dialético; é ao mesmo tempo um deus infernal e da renovação; é o próprio deus desta contradição. É verdade que, ao se civilizarem, isto é, ao passarem à categoria de instituições civis, os gêneros dionisíacos (ditirambo, drama satírico, comédia) purificaram, simplificaram, apaziguaram o temperamento inquietante do deus: era uma questão de ênfase"

"É evidente que o sentido obtuso é a própria contra narrativa; disseminado, reversível, preso à sua própria duração, pode apenas inaugurar outro corte, diferente daquele dos planos, sequências e sintagmas: um corte desconhecido, antilógico e, no entanto 'verdadeiro'"

"O sentido óbvio é temático: existe um tema, o sentido obtuso aparece e desaparece, é seu único movimento; esse jogo de presença/ausência desintegra o personagem, reduzido a um simples conjunto de facetas"

"(...) dizer o contrário sem renunciar ao que se contradiz"

"Proponho denominar este signo completo o sentido óbvio. Óbvio quer dizer: que vem à frente, e é exatamente o caso deste sentido, que vem ao meu encontro(...) Quanto ao outro sentido, o terceiro, aquele que é demais, que se apresenta como um suplemento que minha intelecção não consegue absorver bem, simultaneamente teimoso e fugidio, proponho chamá-lo o sentido obtuso"

*Roland Barthes in "O óbvio e o obtuso". Ed. Nova Fronteira. RJ. 1990.

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