Um passarinho pediu a
meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de
ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa
árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua
mais do que na escola.
No estágio de ser
árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres
lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza
o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de
ser árvore aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma
casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores
só serve pra poesia.
No estágio de ser
árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela
árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros.
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros.
E tinha ciúmes da
brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a
Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com
muitas borboletas.
*Manoel de Barros
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