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Em outras palavras*


Um indício do novo padrão existencial é a desestruturação do raciocínio. Noutras palavras, a vida se reapresenta numa perspectiva diferente. Um esboço por onde o vocabulário transgride suas origens. Reconhecíveis por fora pela aceitação, discriminação ou incompreensão, sua tradução aprecia acolher novos territórios.

Essa inadequação linguística anuncia um desconhecido se aproximando. O universo das novas expressões insinua uma estética própria. Sua pronúncia, nem sempre legível às anterioridades, convive em vias marginais, nos arredores da literalidade. Ao se aproximar dessa fonte de equivocidades, é possível sentir a singularidade tentando acontecer.

Aquilo sem possibilidade numa língua, ao refugiar-se na imensidão de si mesmo, quando encontra a ocasião, o lugar, os meios, pode ressurgir como transgressão dos próprios limites, uma suspeita de algo por vir.

Em outras palavras, aquilo indescritível numa semiose passa a ter visibilidade compreensiva noutra. As lonjuras existenciais podem se aproximar ao olhar deslocado. Quando encontra um meio para se expressar, descortina sua fonte de diálogos, desdobra-se para ser reconhecível. Seu teor de vida nova compartilha-se na estrutura de pensamento que o acolhe e protege. Uma verdade assim descrita aprecia viajar-se, movimentando-se na porção infinita de cada um.

As contribuições dos termos agendados introduzem traduções possíveis. Quando se encontram com a diversidade existencial de sua tribo, contribuem uns com os outros. Transformam a aptidão inquieta e de retórica desconhecida nas possibilidades de um devir como anúncio.

A desconstrução da própria casa pode significar a singularidade em vias de tornar-se. Assim, o evento precursor, quando decifrado na estrutura de pensamento, contribui para uma atitude compreensiva, acolhedora. A transposição da desestrutura inicial aponta outras versões. A reescrita existencial considera os horizontes improváveis.

*Hélio Strassburger

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