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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) uma valorização dos devaneios inconfessados, dos devaneios do sonhador que foge da sociedade, que pretende tomar o mundo como único companheiro. Por certo, essa solidão não é completa. O sonhador isolado guarda em particular valores oníricos ligados à linguagem; guarda a poesia própria da linguagem de sua raça. As palavras que ele aplica às coisas poetizam as coisas, valorizam-nas espiritualmente num sentido que não pode fugir completamente das tradições"

"Os sonhos que viveram numa alma continuam a viver em suas obras"

"Os mitólogos amadores algumas vezes são úteis. Trabalham de boa fé na zona de primeira racionalização. Deixam pois inexplicado o que 'explicam', porquanto a razão não explica os sonhos. Também classificam e sistematizam um tanto depressa as fábulas"

"Um instante de sonho contém uma alma inteira"

"É preciso que a íris do olho tenha uma bela cor para que as belas cores entrem em sua pupila. Sem um olho azul, como ver realmente o céu azul ? Sem um olho negro, como contemplar a noite ?"

"A vida real caminha melhor se lhe dermos suas justas férias de irrealidade"

"A imaginação inventa mais que coisas e dramas; inventa vida nova, inventa mente nova; abre olhos que têm novos tipos de visão. Verá se tiver 'visões'. Terá visões se se educar com devaneios antes de educar-se com experiências, se as experiências vierem depois como provas de seus devaneios"

"Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, porque, já em sua profundidade, o sr humano tem o destino da água que corre"

*Gaston Bachelard in "A água e os sonhos". Ed. Martins Fontes. SP. 2002.

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