Uma fenomenologia da
espera descreve seu vocabulário pela quimera a se mostrar. A palavra refugiada
na estrutura do silêncio parece dizer mais. Seu instante fugaz aponta
entrelinhas por um esboço. Seu viés de anonimato multiplica-se nos enredos da
expressão absurda.
A suspeita de uma razão
vigiada persegue eventos pelos contornos da ficção. Talvez a novidade, como um
deslize da ideia não declarada, mostre-se nas páginas em branco. Esses
episódios se sucedem em pretextos para um sentido à margem do sentido.
Os manuscritos do
inesperado podem ser anúncios ao cogitar invisibilidades. Ao interrogar esses
indizíveis esconderijos das pérolas imperfeitas, um olhar perscruta a geografia
dos exílios. Espaços desacreditados se protegem em códigos próprios. Os rituais
da linguagem singular apreciam sua redescoberta. Espaços calados a exibir sua
diversidade em seus rastros.
Uma interrogação se
desdobra para além das respostas conhecidas. A brevíssima divisão entre dizer e
não dizer revela uma legião de personagens, territórios. Ao transbordar em
eventos sem nome, protege um continente desconhecido.
O excesso de ruído
costuma afugentar a expressividade do silêncio, um desses lugares por onde a
alma se manifesta. A pronúncia irrefletida desse vocabulário se descreve ao leitor
desavisado, o qual não se permite conhecer algo ainda sem classificação.
Uma singularidade
híbrida se abriga na estrutura de pensamento, seus segredos bem protegidos
esboçam caricaturas no viés da interseção. Aprisionada nos entremeios de
verdade e ficção, seu devir se oferece na pluralidade dos contrassensos.
Rumores e pressentimentos insinuam uma lógica superlativa, se apresentados
diretamente à vida cotidiana, sem nenhuma tradução eficaz, sugerem episódios
fora de si.
Ao se pensar uma
expressividade graças à incompletude da autoria, inúmeras derivações podem se
apresentar. Reafirma o texto inicial se deslocando para outros inéditos. Essa
retórica guarda sua fonte de originais, presente em cada leitura.
*Hélio Strassburger
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