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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"De fato, todo filme parece dizer que não há diferença , que a vida imaginária é tão real quanto a outra, e que a vida que tomamos por real pode a qualquer momento se tornar inverossímil, absurda, anormal, perversa, levada a extremos por nossos desejos ocultos"

"O indefinível era melhor do que o específico, ainda que exótico, Buñuel, além disso, sonhava em introduzir sorrateiramente algumas informações falsas em todos os seus filmes, como que para minar e desviar ligeiramente o rumo da história e da geografia; a verdade fiel o aborrecia tanto quanto um espartilho apertado"

"O fenômeno da identificação - a joia do cinema, a transferência mágica, a passagem secreta de um coração a outro - provavelmente está além da explicação racional. Ele mexe em demasia com parâmetros parcamente conhecidos"

"Também sabemos que de início praticamente todas as obras-primas foram rejeitadas e vilipendiadas. É quase uma regra. Toda obra realmente forte tem que incomodar. Na verdade, isso é um sinal da sua força"

"Todo o nosso século, ainda que obstinadamente concreto, parece secretamente obcecado com a criação de múltiplas materializações do invisível"

"Apesar do aparente paradoxo, parece correto, porque um verdadeiro autor nunca sabe exatamente o que quis dizer. Mal sabe o que disse. Ele é o que Victor Hugo chamou de 'a boca das trevas'. As palavras são transmitidas através dele, com frequência bastante fora de seu controle. Ela vêm de regiões obscuras; quanto mais rico e profundo for o gênio do autor, mais vastas serão estas regiões. Ele as partilha com outros e até, no caso dos maiores escritores, com toda a espécie humana, porque se torna uma das vozes da humanidade"

*Jean-Claude Carrière in "A linguagem secreta do cinema". Ed. Nova Fronteira. RJ. 1994. 

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