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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) as leis não estão todas escritas em um livro, os costumes também criam leis, as mais importantes são as menos conhecidas"

"Eu me via, de súbito, como num país estrangeiro cuja língua eu ignorava; não podia me agarrar a nada, vendo coisas a que já não sentia minha alma ligada"

"(...) volta e meia eu percorria enormes distâncias, à beira das águas, pelos vales, no cume dos rochedos, em plenas charnecas, recolhendo pensamentos nos bosques e nas matas"

"Há na natureza efeitos cujos significados não têm limites, e que se elevam à altura das maiores concepções do espírito"

"O som de uma palavra viva demais abalava seu ser, um desejo a ofendia; para ela, era preciso haver amor velado, força mesclada de ternura, enfim, tudo o que ela era para os outros"

"Seu rosto é um desses que, para ser pintado com semelhança, exige o artista raro cuja mão sabe pintar o reflexo dos fogos internos e restituir esse vapor luminoso negado pela ciência, que a palavra não traduz mas um amante enxerga"

"O campo, esse eterno remédio para as afecções das quais a medicina nada conhece, fi visto como a melhor maneira de me tirar da apatia"

"Várias vezes atribuí essas visões sublimes a anjos encarregados de modelar minha alma para destinos divinos; elas dotaram meus olhos da faculdade de ver o espírito íntimo das coisas, prepararam meu coração para as magias que fazem do poeta um infeliz, quando ele tem o poder fatal de comparar o que sente com o que existe, as grandes coisas desejadas com o pouco que obtém; escreveram em minha cabeça um livro em que pude ler o que eu devia expressar, puseram em meus lábios a chispa do improvisador"

*Honoré de Balzac in "O Lírio do Vale". Ed. L&PM Pocket. Porto Alegre/RS. 2006.

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