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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) Não pode imaginar o quanto é amargo para mim quando as pessoas não me compreendem, quando deturpam o que eu disse e veem tudo distinto do que eu pensei"

"(...) A cada dia surgem novidades, tantas mudanças e impressões, coisas boas e agradáveis, outras desvantajosas e desagradáveis, que não tenho tempo para refletir sobre elas. Em primeiro lugar, estou sempre ocupado. Tenho montes de ideias e escrevo incessantemente. Mas não pense que para mim isso seja um mar de rosas. Longe disso."

"Fico imensamente feliz por ter descoberto que trago paciência em minha alma por tanto tempo, que não desejo as coisas materiais e não preciso de nada mais que livros e a possibilidade de escrever e de estar sozinho por algumas horas todos os dias. Esse último desejo é o que mais me angustia. Por quase cinco anos tenho estado sob constante vigilância ou com várias outras pessoas, e nem uma hora sequer sozinho comigo mesmo"

"(...) Escreve muito rápido e em demasia. Um homem deve ter mais ambição, mais respeito por seu talento e ofício, e mais amor pela arte. Quando se é jovem, as ideias acumulam-se em nossa cabeça; mas não se deve capturar a cada uma delas enquanto bailam em nossa mente, e daí apressar-se para divulgá-la. Deve-se esperar pela síntese, pensar mais; aguardar até que os detalhes todos que formam a ideia tenham se agrupado em torno de um núcleo, em uma ampla e definida imagem; nesse momento, nunca antes, deve-se então escrevê-la" 

"Mais uma vez, muito obrigado pelos livros. Eles distraem-me mais que qualquer outra coisa. Por quase cinco meses tenho vivido exclusivamente de minhas próprias provisões - ou seja, de minha própria mente e apenas dela"

* Fiodor Dostoiévski in "Correspondências (1838-1880)". Ed. 8Inverso. Porto Alegre/RS. 2011.

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