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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Se o médico objetivar o outro para fazer um diagnóstico, está a alterar integralmente o campo real, apresentado, da experiência e do comportamento, e esta é de fato uma forma de violência que a outra pessoa sente como tal, embora possa encontrar-se demasiado mistificada e submissa na situação de poder médico para se afirmar a si própria como um sujeito real e existente. O ato de diagnóstico em psiquiatria, portanto, de modo nenhum é uma ação médica como é vulgarmente entendida; antes é uma intervenção micro-política mediadora que caracteriza o macro-sistema de uma sociedade repressiva" 

"Razão e desrazão são ambas maneiras de conhecer. A loucura é uma maneira de conhecer, outro modo de exploração empírica dos mundos tanto 'interior' como 'exterior'. A razão para a exclusão e invalidação da loucura não é puramente médica, nem estritamente social. É, como tentarei demonstrar, política"

"Para tratar a loucura não há outra arma senão a da nossa própria loucura"

"A violência da psiquiatria só pode ser compreendida com base no seu dogma fundamental: se não compreende o que outro ser humano está a fazer, diagnostique-o! Nunca deixará de encontrar vítimas coniventes que farão o jogo. Mas começamos agora a cansar-nos desse jogo"

"O novo fator revolucionário é que as pessoas começam a fazer amor em vez de se limitarem a foder para procriar para os patrões. O orgasmo é uma loucura contagiosa e boa"

"A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa"

"Se por vezes acontecem 'boas coisas' em psicanálise, não estão relacionadas com a técnica e o treino do psicanalista, mas antes com a qualidade humana de ambas as pessoas envolvidas"

"A sanidade, por outro lado, está mais intimamente relacionada com a loucura e encontra-se nos antípodas da normalidade. A diferença entre o homem são e o homem louco que se torna um esquizofrênico hospitalizado reside simplesmente em que o primeiro conserva suficientes estratégias para evitar, e apenas evitar, as armadilhas da invalidação no mundo normal"

*David Cooper in "A linguagem da loucura". Ed. Presença. Lisboa. 1978.

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