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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"E tal é precisamente a intuição primeira de Descartes: ele compreendeu, melhor do que ninguém, que a menor manobra do pensamento mobiliza todo o pensamento, um pensamento autônomo que se põe, em cada um de seus atos, em sua independência plena e absoluta"

"É por isso que nós franceses, que vivemos há três séculos conforme a liberdade cartesiana, entendemos implicitamente por 'livre-arbítrio' antes o exercício de um pensamento independente do que a produção de um ato criador (...)"

"É que na embriaguez de compreender sempre aparece a alegria de nos sentirmos responsáveis pelas verdades que descobrimos"

"Renard escreve em 7 de janeiro de 1889: 'Pôr na abertura do livro: 'Não vi tipos, mas indivíduos'. O cientistas generaliza, o artista individualiza'"

"(...) o olho prefigura, seleciona aquilo que vê. E esse olho não está dado de saída: ele tem de inventar sua maneira de ver; por isso determina-se a priori e por uma livre escolha o que se vê. As épocas vazias são aquelas que escolhem se ver com olhos já inventados. Elas não podem fazer mais que refinar as descobertas das outras; pois aquele que traz o olho traz ao mesmo tempo a coisa vista"

"(...) só somos na medida em que nos descobrimos: o ser coincide com o movimento da descoberta"

"O ponto de partida é o fato de que o homem nasce da terra: ele é 'engendrado pela lama'. Entendemos por isso que ele é o produto de uma das inumeráveis combinações possíveis dos elementos naturais"

"Se estou no avesso de um mundo pelo avesso, tudo me parece direito. Portanto, se eu habitasse, eu mesmo fantástico, um mundo fantástico, não poderia de modo algum considerá-lo fantástico"

*Jean-Paul Sartre in "Situações I". Ed. Cosacnaify. SP. 2005. 

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