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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) a estupidez humana é grande, e a bondade humana não é notável"

"Há entre mim e o mundo uma névoa que impede que eu veja as coisas como verdadeiramente são - como são para os outros"

"Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas (...) Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada, por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço"

"(...) ninguém pode esperar ser compreendido antes que os outros aprendam a língua em que fala"

"Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas. Gostava de admirar a beleza das coisas, descobrir no imperceptível, através do diminuto, a alma poética do universo"

"Toda obra fala por si, com a voz que lhe é própria, e naquela linguagem em que se forma na mente; quem não entende não pode entender, e não há pois que explicar-lhe. É como fazer compreender a alguém um idioma que ele não fala"

"(...) porque não é a teoria que faz o artista, mas o ter nascido artista"

"Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer - falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projeções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama"

*Fernando Pessoas in "Alguma prosa". Ed. Nova Fronteira. RJ. 1990.

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