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Respostas?*



Vivo a vida repleto de perguntas. Tudo é questionável, desde as coisas mais inacessíveis até as cotidianas mais banais. Gostaria, se possível, de todas as respostas. Mas, não as encontro.

Quando penso nas respostas, não me refiro às diversas criadas para nos consolar com alívios. Essas encontramos aos montes. As ciências, as psicologias, as filosofias, as religiões, todas estão aí a nos proporcionar respostas para quase todas as nossas perguntas. Entretanto, o limite dessas respostas está explícito nos regionalismos. Verdades, valores, conhecimentos são todos restritos a um grupo, contexto cultural e histórico, dentre outros limites.

Não há uma só resposta que valha para todas as perguntas. Acho que se houvesse, facilmente poderia ser partilhada por todos, haja vista que é uma busca que, se não geral, pelo menos se encontra num grande número de pessoas.

Suspeito que a grande vitória da filosofia foi postular seus limites e contingências, mesmo depois de grandes sistemas metafísicos surgirem a fim de dar sentido ao todo da humanidade.

Talvez seja a contingência, incompletude, falta, limitação, elementos próprios que ao mesmo tempo em que propiciam e até impelem as perguntas, já apresentam a impossibilidade da resposta. Seria essa interminável pergunta algo impróprio? Penso que não. Toda pergunta impele a mudança. A resposta sossega, acalma, acomoda, descansa, não conduz, pára... morre.

Diante disso, o que fazer? Respostas não cabem. Perguntas persistem, inquietam, movem, incomodam, tiram a saciedade, angustiam. Perguntas me levaram a mais perguntas, pois, a cada resposta, perguntas surgem. Onde vamos parar com todo esse ciclo? Arrisco-me uma resposta: “não sei!” Para uns é uma resposta própria de fracassados. Para mim é a confissão da única “certeza” que carregamos quando nos permitimos perguntas. Então, você poderia me perguntar “Você tem certeza disso?” e eu responderia “Não sei! Você sabe?”. Afinal, quando encontrar uma resposta, prometo que a divulgarei.

E você, caro leitor, tem respondido ou perguntado mais? Suas respostas saciam suas perguntas? Suas perguntas vislumbram respostas possíveis? Afinal, são possíveis as respostas? Ou será que somente são possíveis perguntas? 

Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo
Filósofo. Pesquisador. Escritor. Filósofo Clínico. Livre Pensador.
Teresópolis/RJ

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