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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Eu, alquimista de mim mesmo. Sou um homem que se devora ? Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus"

"E se eu falar, que eu me permita ser descontínuo: não tenho compromisso comigo. Eu vou me acumulando, me acumulando, me acumulando - até que não caibo em mim e estouro em palavras"

"O principal a que eu quero chegar é surpreender-me a mim mesmo com o que escrevo. Ser tomado de assalto: estremecer diante do que nunca foi dito por mim"

"Escrever é difícil porque toca nas raias do impossível"

"Refugio-me nas rosas, nas palavras"

"Sou como estrangeiro em qualquer parte do mundo. Eu sou do nunca"

"Ângela não sabe que é personagem. Aliás eu também talvez seja o personagem de mim mesmo. (...) quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém"

"Este é um livro silencioso. E fala, fala baixo. Este é um livro fresco - recém-saído do nada"

"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos"

*Clarice Lispector in "Um sopro de vida". Ed. Rocco. RJ. 1978.

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