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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"Para pensar a linguagem é preciso penetrar na fala da linguagem a fim de conseguirmos morar na linguagem, isto é, na sua fala e não na nossa. Somente assim é possível alcançar o âmbito no qual pode ou não acontecer que, a partir desse âmbito, a linguagem nos confie o seu modo de ser, a sua essência. Entregamos a fala à linguagem. Não queremos fundamentar a linguagem com base em outra coisa do que ela mesma nem esclarecer outras coisas através da linguagem"

"Ninguém ousaria considerar errônea ou mesmo inútil a caracterização da linguagem como expressão sonora de movimentos interiores da alma, como atividade humana, como uma representação figurada e conceitual"

"A poesia de um poeta está sempre impronunciada. Nenhum poema isolado e nem mesmo o conjunto de seus poemas diz tudo"

"O estranho está em travessia. Sua errância não é porém de qualquer jeito, sem determinação, para lá e para cá. O estranho caminha em busca do lugar em que pode permanecer em travessia. O 'estranho' segue, sem quase dar-se conta, um apelo, o apelo de se encaminhar e pôr-se a caminho do que lhe é próprio"

"Espírito é flama, é ardor. Ardendo, o espírito ilumina. O iluminar acontece no brilho do olhar (...) O olhar que inflama determina a grandeza da alma"

"A linguagem da poesia é essencialmente polissêmica e isso de um jeito muito próprio. Não conseguiremos escutar nada sobre a saga do dizer poético enquanto formos ao seu encontro guiados pela busca surda de um sentido unívoco"

"(...) uma coisa, chamada palavra, confere ser a uma outra coisa"

"Através de iluminação interior e do favorecimento de circunstâncias exteriores, um povo pode conferir à linguagem que lhe é dada uma forma tão diversa que a língua pode se tornar outra e nova"

*Martin Heidegger in "A caminho da linguagem". Ed. Vozes. Petrópolis/RJ. 2004.

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