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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) entende que o mundo ideal está em tudo quanto apareça marcado pelo sinal da Beleza"

"Aquilo que choca o filósofo virtuoso, deleita o poeta camaleônico. Não causa dano, por sua complacência, no lado sombrio das coisas, nem por seu gosto, no lado luminoso, já que ambos terminam em especulação" 

"Um poeta é o menos poético de tudo o que existe, porque lhe falta identidade; continuamente está indo para - e preenchendo - algum outro corpo"

"Surrealismo é cosmovisão, não escola ou ismo: uma empresa de conquista da realidade, que é a realidade certa em vez da outra de papelão e para sempre ressequida (...) já é tempo de se observar como a mais surrealismo correspondem menos traços com etiqueta surrealista"

"Viver importa mais do que escrever, a não ser que o escrever seja - como tão poucas vezes - um viver"

"'Se sou poeta ou ator, não o sou para escrever ou declamar poesias, mas para vivê-las', afirma Antonin Artaud numa de suas cartas a Henri Parisot, escrita do asilo de alienados de Rodez (...) este homem pagou cedo o preço de quem marcha adiante"

"Falando de Tennyson, diz: 'Há nas suas obras passagens que me dão a confirmação de uma convicção muito antiga, a de que o indefinido é um elemento da verdadeira poiesis"

"Poe procura fazer com que o que ele diz seja presença da coisa dita e não discurso sobre a coisa"

"Quase todos os contos que escrevi pertencem ao gênero chamado fantástico por falta de nome melhor, e se opõem a esse falso realismo que consiste em crer que todas as coisas podem ser descritas e explicadas como dava por assentado o otimismo filosófico e científico do século XVIII" 

"(...) o argumento de cada narrativa é também um testemunho de estranhamento, quando não uma provocação tendente a suscitá-lo no leitor"

*Julio Cortázar in "Valise de Cronópio". Ed. Perspectiva. SP. 2013.

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