Um pouco antes das novas
conjugações existenciais, existe um período onde se rascunham estimativas,
elencam suposições, roteirizam probabilidades. Nesse espaço de ensaio,
insegurança, dúvida, desenvolve-se uma poética da insuficiência, por onde as
incompletudes perseguem ânimos de experimentação.
Assim permite a aproximação
com um lugar estranho, de onde nascem categorias, verdades, suspeitas. Sua
essência, de querer ser, aponta uma região inexplorada para si mesma. Talvez
seu maior desafio, seja superar a incompreensão da pluralidade diante do olhar,
os agendamentos, as repercussões no mundo dos outros.
Esse procedimento reivindica
uma disposição do sujeito para extrapolar seus limites existenciais. Aqui os
sobrevoos podem ser insuficientes. É necessário um mergulho atento,
circunstanciado, pelas possibilidades do ser singular.
A frequência devaneio, ao
surpreender-se por algum ideal de natureza intuitiva, dependendo da estrutura
de pensamento onde atua, pode emancipar e configurar um novo território subjetivo.
A efetividade da palavra conjectura, ao destoar do mundo conhecido, reverencia
e acolhe a parcela de infinito refugiada no instante.
Ao possuir uma silhueta de
relatos incompreendidos, compartilha a aptidão de reavivar expectativas, com
elas descrever, inventar, descobrir, ampliar o ângulo de visão. A prática
dessas suposições como uma transcendência, pode conceder vida nova aos jogos de
linguagem.
Por essas investidas com o
que ainda não veio, é possível desenvolver a aptidão de multiplicar-se. Um
referencial onde imaginação e memória se mesclam em roteiros inusitados. Nesse
movimento aprendiz se pode testar um amanhã ainda sem nitidez.
A categoria tempo, ao
desenvolver-se em pressuposições, cuida das novidades no estágio de promessa.
Sua feição de impropriedade na própria casa, ao anunciar inéditos, se utiliza
da imaginação para reverenciar opções. Aqui se apresenta uma tentativa de
gerenciar contrastes, refletir sobre a arte de perscrutar subsolos.
Seu caráter de paradoxo com o
dicionário das normalidades, ao formular perguntas, questionamentos
inicialmente irrespondíveis, apresenta novos horizontes ao olhar. Um viés
interminável se expressa na associação dos textos livres. A palavra conjectura,
assim descrita, pode significar uma tradução de raridades.
*Hélio Strassburger in “A
palavra fora de si – Anotações de Filosofia Clínica e Linguagem”.
Ed. Multifoco/RJ. 2007.
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