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Fragmentos Filosóficos Delirantes*


"Qual é então o sentimento incalculável que priva o espírito do sono necessário para a vida ? Um mundo que se pode explicar, mesmo com raciocínios errôneos, é um mundo familiar. Mas num universo repentinamente privado de ilusões e de luzes, pelo contrário, o homem se sente um estrangeiro"

"Como as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm consciência de dizer"

"(...) Fica claro que assim defino um método. Mas também fica claro que esse método é de análise e não de conhecimento. Pois métodos implicam metafísicas, e elas traem, à sua revelia, as conclusões que às vezes pretendem não conhecer ainda. Assim, as últimas páginas de um livro já estão nas primeiras" 

"(...) essa densidade e essa estranheza do mundo, isto é o absurdo"

"Compreender o mundo, para um homem, é reduzi-lo ao humano, marcá-lo com seu selo"

"Pensar é reaprender a ver, a ser atento, é dirigir a própria consciência, é fazer de cada ideia e de cada imagem, à maneira de Proust, um lugar privilegiado"

"Se amar bastasse, as coisas seriam simples. Quanto mais se ama, mais se consolida o absurdo. Don Juan não vai de mulher em mulher por falta de amor. É ridículo representá-lo como um iluminado em busca do amor total. Mas é justamente porque as ama com idêntico arroubo, e sempre com todo o seu ser, que precisa repetir essa doação e esse aprofundamento"

"Já devem ter notado que Sísifo é o herói absurdo. Tanto por causa de suas paixões como por seu tormento. Seu desprezo pelos deuses, seu ódio à morte e sua paixão pela vida lhe valeram esse suplício indizível no qual todo o ser se empenha em não terminar coisa alguma. É o preço que se paga pelas paixões desta Terra"

*Albert Camus in "O Mito de Sísifo". Ed. Record. RJ. 2005. 

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