“Estávamos cansados de
todas as coisas, cansados especialmente de ultrapassar inúteis fronteiras.”
Primo Levi
Meus livros. Leio e
reescrevo o pensamento solto que existe na leitura que faço do ainda existente
das páginas dos livros escolhidos assim por mim.
A dor é o fim, minha
alma é como amarelecido das folhas surradas, manchas do café, do rastro do
vinho, da solidão de ler o fim de “A trégua” de Primo Levi. Um dos mais
impressionantes e dolorosos fechar de páginas que tive. E se eu fosse o editor,
certamente, choraria ao cabo de sua confecção. Isso não acontece mais, terminar
uma edição na cumplicidade do fim e o início de outro momento, no tempo dele
existir, a reprodução parece ser a solidão que não se esgota. O livro está
dentro desta história.
Na próxima guerra não
haverá renascer, os escombros serão do tamanho da dor da Mãe-Terra arrasada.
Morta por seus filhos, ela no secar dos olhos, sacrificará a existência em nome
dos ideias que se perderam nas religiões, raças, e no outro lado político,
destruidor da diferença.
O poder e a vontade
“Ser” o “Outro”, o retrato diferente dos olhos de Levi no final de ”O despertar”,
talvez seja para além da imagem, da ficção e da linguagem afiada dos
manipuladores do mundo.
Talvez tenhamos a vida depois disso tudo, dos
nacionalismos revestidos de ética, e boas mentiras hão de passar a vigorar nas
fronteiras dos corpos. Estamos imersos. O Território poderá ser apenas a linha
imaginária que se perdeu no coração dos corações puros que retornam às
escrituras, onde deus existe um homem há para se fortalecer e se impor.
Onde a
fronteira finca sua cruz, sempre teremos um grupo, uma cabeça a pensar, e que
sua vida é e pode estar no fim. Por que outro um existente nos olhos do lado de
lá pode ser uma ameaça à vocação única de ter direito de estar demarcado na
fronteira do lado de cá.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor.
Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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