"(...) Como se visse alguém beber água e descobrisse que tinha sede, sede profunda e velha. Talvez fosse apenas falta de vida: estava vivendo menos do que podia e imaginava que sua sede pedisse inundações"
"E havia um meio de ter as coisas sem que as coisas a possuíssem?"
"(...) para nascer as coisas precisam ter vida (...)"
"Já agora nem sabia se vira o céu por si mesma como quem vê o que existe ou se pensara em céu e conseguira inventá-lo (...)"
"(...) a vida que se leva por dentro não é a vida terrena"
"(...) alguma coisa que se estava construindo e que só o futuro veria"
"Toda a parte mais inatingível de minha alma e que não me pertence - é aquela que toca na minha fronteira com o que já não é eu, e à qual me dou. Toda a minha ânsia tem sido esta proximidade inultrapassável e excessivamente próxima. Sou mais aquilo que em mim não é"
"(...) na sua busca viajava dentro de si bem longe"
"(...) já lera biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida, pelo menos de vida interior"
"Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa. Eu me entrego em palavras e me entrego quando pinto"
"Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado"
"Na certa mereceria um dia o céu dos oblíquos onde só entra quem é torto"
"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam"
*Clarice Lispector in "Clarice na cabeceira" - Org. José Castello. Ed. Rocco. RJ. 2011.
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