“Iluminei a escuridão de minha invisibilidade
– e vice-versa.”
Ralph
Ellison
A imagem eu não
inventei, as cores eu não as criei, a técnica já existia antes de eu criar o
método de levitar para fotografar, o método alpinista de captar imagens,
detalhes que só conseguimos ver de uma grande lente, movie, de movimento,
tomadas aéreas.
A levitação-imagem é
aquela em que busco fisgar naquilo que o olho sonha ver. Só ele, o olho naquele
ângulo, a partir de uma música ao fundo (inaudível até hoje quando volto a
sonhar), em um estilo que pode arrebatar até o mais cético em relação à existência
de coisas sobrenaturais.
É mesmo, sobrenatural,
eu levito (mas isso tem uma altura, no máximo 15 metros), isso causou espanto
na primeira vez quando subi até a torre de um velho prédio público, e com minha
lente diminuta de um celular, fui de um lado ao outro, cercando a torre,
discorrendo meu pensamento, o olhar que se afinava na captação das imagens
possíveis e as que já não existiam mais.
O tempo se estendia, eu
conseguia compor as imagens do mesmo prédio em diferentes épocas. Eu, um ser
levitando, invisível aos olhos do mundo. Sem cansar, fiquei lá em cima, creio
que altura era de 10 metros, depois desci sem que ninguém percebesse minha
presença. Um invisível entre os passantes. Misturei minha pele na dos outros,
voltei à terra e saí caminhando entre os transeuntes.
Não contei a ninguém,
guardei esse segredo da “imagem levitação”, nome que escolhi para esse método
que nasceu do pensamento, do lado mais obscuro da alma de um homem qualquer, de
repente se torna o voo do olho, o corpo que vê.
Fui logo aos livros,
nada especial, não tentar entender o fenômeno, mas compreender de onde eu tirei
que poderia levitar. Essas coisas estranhas já aconteceram comigo, como aquela
de eu me encontrar em uma loja de piano e pedir para entrar e ver o piano, e
logo que sentei na banqueta em frente ao piano comecei tocar Chopin.
Depois algumas peças de Mozart, nada
excepcional, atônito fiquei, isso durou uns 3 anos, lá eu ia uma vez por semana
- em meu sonho - na loja. Já era um velho conhecido do vendedor, era a atração
invisível, tinha palmas do vendedor e dos fantasmas. Passou. Agora, quase 2019,
me encontro a levitar em imagens e pensamentos, do alto faço a cartografia da
vida que vive lá embaixo.
*Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor.
Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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