Meu primeiro amor tinha
gosto de estrada e som de montanha
Jeito de botina de
couro no caminho de chão e cheirinho de mato molhado...
Tinha um ninho quente e
pequenino, tão imenso quanto o abraço mais seguro!
Meu primeiro amor
ensinava o passo a passo da vida com melodia e papo madrugueiro...
Pensava mais profundo
que os pensadores e brincava rasinho, lindo como uma criança levada.
Meu primeiro amor
mostrou verdades abafadas, historias, dramas, causos, souvenires
mas acima de tudo o
amor em si
matizado de toda sorte
de dor e delícia
cheio de som e lareira,
ladeira subida e
descida...
Meu primeiro amor era
inventor de jeitos e coisas:
Paredes de pendurar
utilidades, banhos de leito pra quem tem sono, acendedor de fogueira
hiperinstantaneo, métodos de ensino duros, rápidos e aventureiros...
Meu primeiro amor dava
presentes com o olhar e podia fazer que qualquer um fizesse qualquer coisa, só
de ver seu semblante iluminado por aquele sopro de criança excêntrica com seus
prodígios de outro mundo!!!
Meu primeiro amor era
incompreendido por gente de cuca limitada e cega de razões forjadas
Mas nem ligava pra
coisa assim, porque era mais! - E a gente, que interessa, sabia bem dessa
segredice pra lá de bonita!
Meu primeiro amor tinha
tantas vidas, quantas foram necessárias pra gente nunca saber qual seria a
última! Até porque a última só tem aqui no couro, né?
Meu primeiro amor me
deu eu, tudo o que sou, e ainda montes de vivência que dá nem pra ficar
palavreando por aí sem sentido...
Meu primeiro amor é
sempre e mais vivo, quanto se cobre o mundo com autenticidade...
Meu primeiro amor amava
grande, cheio de entrega, arte e sonho, explicando a filosofia contida nos sons,
indo nos limites de tudo, ladeando os precipícios com intrepidez de menino!
Meu primeiro amor era
um infante com quepe de jornal asteando a bandeira do afeto pelo qual se deve
brigar com flores!
Meu primeiro amor era
visto em mim, porque em mim morava e vive!!!
Meu primeiro amor,
construía castelos, abria trilhas e pequeniqueava em clareiras cheias de
musicalidade...
Meu primeiro amor era e
é gente espontânea, livre, de verdade... Galgando de cada sonho lição ou
glória!!!
Meu primeiro amor tinha
peito bom de recostar, criava os melhores apelidos e sorria tão bonito, que
ainda sorri de outro lugar e escuto.
Meu primeiro amor era
de uma loucura estética, emoldurando de movimento as chatices dos normais
colorindo a aridez
sóbria das estradas tristes...
Meu primeiro amor, era,
é e resiste na infinita liberdade que enfim alçou.
Como num vôo eterno pra
um infinito com mais gente como a gente, e menos jugo inútil das aparências
enganosas, que ferem a criança plena...
Meu primeiro e eterno
amor!
*Jullie Do Guati
Pesquisadora e
roteirista na empresa Cine culte français. Agitadora e Inovadora Cultural na
empresa Mova-se (Movimento Artístico de Subversão e Estética). Musicista.
Filósofa Clínica.
Curitiba/PR
**Para o véio Guati
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