"Na Apologia, vê-se Sócrates se apresentar a seus juízes como o mestre do cuidado de si. É aquele que interpela as pessoas que passam e lhes diz: vos ocupais de vossas riquezas, e de vossa reputação e de vossas honras, mas não vos preocupais com vossa virtude e vossa alma. Sócrates é aquele que zela para que seus concidadãos 'cuidem de si mesmos'"
"A filosofia está assimilada ao cuidado com a alma (...) e esse cuidado é uma tarefa que deve ser seguida ao longo de toda a vida"
"(...) No Tratado da vida contemplativa, Fílon designa assim uma determinada prática dos Terapeutas como uma epimeléia da alma (...)"
"Epicuro dizia: 'quando se é jovem não se deve hesitar em filosofar, e quando se é velho não se deve hesitar em filosofar. Nunca é cedo demais nem tarde demais para cuidar da alma'''
"(...) não há outro fim nem outro termo a não ser estabelecer-se junto a si mesmo, 'residir em si mesmo' e aí permanecer. O objetivo final da conversão a si é estabelecer um certo número de relações consigo mesmo"
"Ocupar-se de si não é, portanto, uma simples preparação momentânea para a vida; é uma forma de vida. Alcibíades se dava conta de que devia se preocupar consigo na medida em que queria, em seguida, ocupar-se dos outros"
"(...) o princípio familiar aos epicuristas, cínicos, estóicos é de que o papel da filosofia é o de curar as doenças da alma (...)"
"Um princípio geralmente admitido é o de que não se pode ocupar-se de si sem a ajuda de um outro"
"Plutarco compara os discursos verdadeiros a um remédio (pharmakon) de que devemos estar munidos para evitar todas as vicissitudes da existência. Marco Aurélio os compara à maleta que um cirurgião deve sempre ter à mão; Plutarco também fala deles como esses amigos dos quais os mais verdadeiros e os melhores são aqueles cuja presença útil na adversidade nos traz socorro (...)"
"Dentre todos os estóicos, Sêneca exercitou-se muito nessa prática. Ela tende a fazer com que se viva cada dia com sendo o último (...)"
*Michel Foucault in "Resumo dos Cursos do Collège de France" (1970-1982). Ed. Jorge Zahar. RJ. 1997.
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