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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*


"(...) tudo adquire sob seus dedos um sentido Descartes que se pode compreender de várias formas, tudo passa a funcionar num mundo Descartes, enigmático como todo individual; sua própria vida vira testemunho de uma maneira de tratar a vida e o mundo, e esse testemunho, como qualquer outro, exige interpretação" 

"(...) um filósofo livre (...) nele mesmo, em estado nascente, não é uma soma de ideias mas um movimento que deixa atrás de si um sulco e antecipa seu futuro, a distinção entre o que nele se encontra e aquilo que as metamorfoses por vir nele encontrarão (...)"

"(...) é o preço que se deve pagar para ter uma linguagem conquistadora, que não se limite a enunciar o que já sabíamos, mas nos introduza a experiências estranhas, a perspectivas que nunca serão as nossas, e nos desfaça enfim de nossos preconceitos. Jamais veríamos uma paisagem nova se não tivéssemos, com nossos olhos, o meio de surpreender, de interrogar e de dar forma a configurações de espaço e de cor jamais vistas até então"

"A história verdadeira, portanto, vive inteiramente de nós, é em nosso presente que ela adquire a força de trazer ao presente todo o resto"

"Quando se diz que cada obra (verdadeira?) abre um horizonte de pesquisas, isso quer dizer que ela torna possível o que não o era antes dela, e que ela transfigura o empreendimento pictórico ao mesmo tempo que o realiza"

"De que maneira o pintor ou o poeta seriam outra coisa senão seu encontro com o mundo ?"

"Talvez se veja melhor de que maneira a linguagem significa se a considerarmos no momento em que ela inventa um meio de expressão"

"Não se fará ideia do poder da linguagem enquanto não se tiver reconhecido essa linguagem operante ou constituinte que aparece quando a linguagem constituída, subitamente descentrada e privada de seu equilíbrio, ordena-se de novo para ensinar ao leitor - e mesmo ao autor - o que ele não sabia pensar nem dizer" 

*Maurice Merleau-Ponty in "A prosa do mundo". Ed. Cosac & Naify. SP. 2002.

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