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Mostrando postagens de março, 2019

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) é indispensável perdermos o hábito de só ouvir o que já compreendemos" "(...) O delirante pensa e pensa mais do que qualquer um. Mas nisso ele fica sem o sentido dos outros. Ele é um outro sentido (...) O desprendido é delirante porque está a caminho de outro lugar" "O estranho está em travessia. Sua errância não é porém de qualquer jeito, sem determinação, para lá e para cá. O estranho caminha em busca do lugar em que pode permanecer em travessia. 'O estranho' segue, sem quase dar-se conta, um apelo, o apelo de se encaminhar e pôr-se a caminho do que lhe é próprio" "A poesia de um poeta está sempre impronunciada. Nenhum poema isolado e nem mesmo o conjunto de seus poemas diz tudo. Cada poema fala, no entanto, a partir da totalidade dessa única poesia, dizendo-a sempre a cada vez" "(...) Queremos ao menos uma vez chegar no lugar em que já estamos" "(...) Uma compreensão de mundo assim orienta

Fragmentos Discursivos, Filosóficos*

A ideia de que é possível ter uma visão neutra e objetiva da realidade parece-me ilusória. Há sempre quem observa, quem descreve, quem pensa essa realidade. Inclusive, conhecê-la já é um ato realizado por um alguém. Um alguém delimitado físico, psicológico, cultural e historicamente. Mesmo a descrição mais "neutra e objetiva" possível dessa realidade requer quem a interprete. Aliás, a própria descrição já é algo pretendido por um quem, por alguém. Pois a realidade em si simplesmente é. A partir do momento em que ela é contemplada, experienciada ou investigada, passa a ser uma realidade para ou a partir de quem realiza essa apreciação. (...) Se para compreender Heidegger, eu precisasse ler todas as principais obras que o influenciaram ou das quais ele tirou seus pressupostos, teria que viver em função de seguir os passos bibliográficos dele. O mesmo vale para os principais filósofos da história. Os filósofos criticaram as obras de seus pares a partir do que produziram

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Como ser objetivo diante de um livro que se ama, que se amou, que se leu em várias idades da vida ? Semelhante livro tem um passado de leitura. Quando o relemos, não sofremos na mesma página. Não sofremos mais da mesma maneira - e principalmente já não esperamos com a mesma intensidade em todas as estações de uma vida de leitura. Podemos reviver as esperanças da primeira leitura quando sabemos agora que Féliz trairá ? As buscas em animus e em anima não dão a todas as idades de uma vida de leitor as mesmas riquezas. Os grandes livros, sobretudo permanecem psicologicamente vivos. Nunca terminamos de lê-los" "Quem se entrega com entusiasmo ao pensamento racional pode se desinteressar das fumaças e brumas através das quais os irracionalistas tentam colocar suas dúvidas em torno da luz ativa dos conceitos bem associados" "A imagem não pode fornecer matéria ao conceito. O conceito, dando estabilidade à imagem, lhe asfixiaria a vida" "O d

O segredo das palavras*

A espécie de texto que se tem em mente é uma singularidade. Sua estrutura pressupõe a conjugação, nem sempre linear, entre o horizonte discursivo do autor e sua competência em transgredir as páginas conhecidas. Um peregrino das palavras em busca da fonte onde nascem as intencionalidades.      Com o vocabulário comum, em alguns casos, será possível realizar aproximações, noutros sequer tangenciar as origens da expressividade: os exílios, desvãos, derivações. Ao transcrever esses conteúdos, na parcialidade de um texto qualquer, é possível entender porque seus segredos não são decifrados por inteiro. Ao se dar o processo da escritura, sua concepção descreve algo mais, tendo como ponto de partida uma mente repleta de vírgulas, devaneios criativos, irreflexões. Esses escritos nem sempre serão compreendidos a primeira vista. Seus deslizes, lacunas e desestruturas anunciam algo por vir. São vestígios daquilo que não se consegue dizer num primeiro instante. Uma estrutura assim pen

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Qualquer nova interpretação da natureza, seja ela uma descoberta, seja uma teoria, aparece inicialmente na mente de um ou mais indivíduos. São eles os primeiros a aprender a ver a ciência e o mundo de uma nova maneira (...)" "Sua habilidade para fazer essa transição é facilitada por duas circunstâncias estranhas à maioria dos membros de sua profissão. Invariavelmente tiveram sua atenção concentrada sobre problemas que provocam crises. Além disso, são habitualmente tão jovens ou tão novos na área em crise que a prática científica compromete-os menos profundamente que seus contemporâneos à concepção de mundo e às regras estabelecidas pelo velho paradigma" "(...) Dado que os novos paradigmas nascem dos antigos, incorporam comumente grande parte do vocabulário e dos aparatos, tanto conceituais como de manipulação, que o paradigma tradicional já empregara. Mas raramente utilizam esses elementos emprestados de uma maneira tradicional. Dentro do novo par

O Viajante*

“Tudo isso é a passagem aos nossos olhos. E nada disso ela foi outrora.” Walter Benjamin Um amor além desta cidade, O verão queima as casas, os telhados brilham, Um amor além deste lugar, A vida é mais que um prato à mesa, É a fome dos fantasmas que vivem nesta cidade. Um verão a mais na vida dos meus planos, Depois desta cidade não existe mais um lugar para morar sozinho. Um amor além desta cidade só com você, Lá na beira do Sena, irei plantar meu sonho, Ele nunca morreu, irei catar lixo para sobreviver de amor. Irei morar em baixo da ponte para pagar o teu doce preferido, um amor além desta cidade é preciso. Vamos envelhecer longe daqui, que ninguém nos ouça: Vamos embora quando findar o dia, o avião não espera ninguém. Partimos! *Prof. Dr. Luis Antonio Gomes Filósofo. Editor. Poeta. Livre Pensador. Porto Alegre/RS

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A palavra poética jamais é completamente deste mundo, sempre nos leva mais além, a outras terras, a outros céus, a outras verdades" "O poema é uma obra sempre inacabada, sempre disposta a ser completada e vivida por um leitor novo" "O poema nos faz recordar o que esquecemos: o que somos realmente" "Condenado a viver no subsolo da história, a solidão define o poeta moderno. Embora nenhum decreto o obrigue a deixar sua terra, é um desterrado" "Não é tanto a criação de poemas que o surrealismo se propõe, mas a transformação dos homens em poemas viventes" "A contradição do diálogo consiste em que cada um fala consigo mesmo ao falar com os outros; a do monólogo em que nunca sou eu, mas outro, o que escuta o que digo a mim mesmo" "O homem é o inacabado, ainda que seja cabal em sua própria inconclusão; e por isso faz poemas, imagens nas quais se realiza e se acaba, sem acabar-se nunca de todo. Ele m

Hora das flores*

Regar, podar, admirar, Respirar seu encantamento Namorar sua beleza Inspirar seu perfume Silenciar no seu silêncio. No tempo certo chega Mansamente Afrodite, deusa do amor A celebrar Com ternura O amor mais que amar. Pode estar chuva Ou sol intenso Elas florescem em festa Pintam a natureza De mil cores Ensinando que Apesar de... A vida é bela Para quem sabe Olhar e ver. Escolha nossa Fazer drama Ou florescer No sentido do sofrer. Uns quedam e murcham Outros se eternizam Na poética trágica Do existir e ser. *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A escola foi para Holderlin uma prisão; cheio de impaciência e ao mesmo tempo tímido, entra agora bruscamente no mundo, nesse mundo que sempre lhe parecerá estranho (...) só conhece uma vocação: a de mensageiro de um mundo superior" "Como sempre, o heroísmo de um homem encontra o maior perigo nos seres que mais o estimam; os que o amam tratam de acalmar essa tensão dolorosa, e bondosamente sopram sobre o fogo sagrado para reduzi-lo às comodas proporções de uma modesta chama de lar doméstico" "Nenhum poeta alemão teve tanta fé na poesia e na sua origem divina como Holderlin ; ninguém proclamou, como ele, a divisão absoluta que separa a poesia das coisas do mundo" "Para ele, crente fiel, o mundo divide-se em duas partes conforme o conceito grego de Platão: acima estão os imortais, bem aventurados e nimbados de luz, inacessíveis a nós, e sem dúvida, participando de nossa existência. Embaixo está a massa obscura dos mortais, jungidos à

Pelos direitos dos meninos*

Que nenhum menino seja coagido pelo pai a ter a primeira relação sexual da vida dele com uma prostituta (isso ainda acontece muito nos interiores do Brasil!) Que nenhum menino seja exposto à pornografia precocemente para estimular sua “macheza” quando o que ele quer ver é só desenho animado infantil (isso acontece em todo lugar!) Que ele possa aprender a dançar livremente, sem que lhe digam que isso é coisa de menina Que ele possa chorar quando se sentir emocionado, e que não lhe digam que isso é coisa de menina Que não lhe ensinem a ser cavalheiro, mas educado e solidário, com meninas e com os outros meninos também Que ele aprenda a não se sentir inferior quando uma menina for melhor que ele em alguma habilidade específica – já que ele entende que homens e mulheres são igualmente capazes intelectualmente e não é vergonha nenhuma perder para uma menina em alguma coisa Que ele aprenda a cozinhar, lavar prato, limpar o chão para quando tiver sua casa poder div

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) O significado de uma palavra é seu uso na linguagem" "(...) chamamos 'nome' a coisas muito diferentes; a palavra 'nome' caracteriza muitas espécies diferentes de uso de uma palavra aparentadas umas com as outras de muitas maneiras diferentes" "(...) a palavra não tem significado algum quando nada lhe corresponde" "Tudo o mais que chamamos de 'nome', o é somente em um sentido inexato. aproximativo" "Somente dentro de uma linguagem posso ter em mente algo como algo"  "Representar uma linguagem equivale a representar uma forma de vida" "Podemos ver nossa linguagem coo uma velha cidade: uma rede de ruelas e praças, casas velhas e novas, e casas com remendos de épocas diferentes; e isto tudo circundado por uma grande quantidade de novos bairros, com ruas retas e regulares e com casas uniformes" "Pronunciar uma palavra é, por assim dizer, tocar uma tecla n

Clarividências*

                                    Existem eventos onde é possível antever o que ainda não é sendo. Em uma lógica a priori, nem sempre cabível nalguma racionalidade das evidências concretas, atua como uma premonição ou mediação sem palavras. Seu teor de caráter difuso possui algo mais a superar o aqui_agora conhecido. Um futuro imperfeito se antecipa ao que deveria ser.   Seu teor de anúncio esparrama-se com os termos agendados no intelecto. Esse rumor clarividente costuma desorganizar o chão existencial onde a vida mecânica se desenrola. Uma série de indícios podem surgir com a visão inesperada de algo irreconhecível. Perplexidade diante de um amanhã_agora_passando. A maior parte desses acontecimentos se dá na interseção entre o sujeito, suas circunstâncias existenciais e o instante fugaz. Assim a epistemologia se parece com um microscópio ao contrário. Sua tez se aproxima de algo a preencher uma lacuna, até então, imperceptível de ser lacuna. A atenção busca significar e

Tudo se me evapora*

Tudo se me evapora. A minha vida inteira, as minhas recordações, a minha imaginação e o que contém, a minha personalidade, tudo se me evapora. Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.  Encontro às vezes, na confusão vulgar das minhas gavetas literárias, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez. E muitos deles me parecem de um estranho; desreconheço-me neles.  Houve quem os escrevesse, e fui eu. Senti-os eu, mas foi como em outra vida, de que houvesse agora despertado como de um sono alheio. É frequente eu encontrar coisas escritas por mim quando ainda muito jovem - trechos dos dezessete anos, trechos dos vinte anos. E alguns têm um poder de expressão que me não lembro de poder ter tido nessa altura da vida. Há em certas frases, em vários períodos, de coisas escritas a poucos passos da minha adolescência, que me parecem produto de

História(s) humanas*

"Madrugada, um céu de estrelas E a gente dorme Sonhando com o dia" Caetano Veloso Cansado da comicidade, da urbanidade na palavra média da média elitizada, estou carente de revolta, estou ansioso, perdido como nunca, em transição permanente livre para refletir, para ouvir Caetano nos complexos dos nexos e ler o que sempre gostei. Estou na leitura, pois como disse Gadamer “pois Ser-humanista significa saber ler”. Atento à leitura a vida fornece a liberdade de ler, a possibilidade ter a crítica na palavra que discorre e revela a imagem. O tempo é de leitura, de pensar, de espedaçar as nuvens que ocultam o disfarce da história, também, é o real olhar desatento. Estou cansado de mentes possuídas, de ideias conjuncionais, o mar é da cor do que é, a cor dos meus olhos é o que é, a roupa que visto é minha pele. Todas as cores no meu Ser. A única tradição que existe em mim é o legado do estar no mundo: a leitura é a prova de tudo.   *Prof. Dr. Luis Antoni

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"A loucura é uma propriedade social comum que nos foi roubada, tal como a realidade dos nossos sonhos e das nossas mortes: temos de recuperar politicamente estas coisas, de modo que se tornem criatividade e espontaneidade numa sociedade transformada" "(...) Se enlouquecermos, segundo a definição social normal, na psicanálise o nosso destino provável é o habitual encarceramento psiquiátrico, com todas as violentas podas daí decorrentes - pelo menos até a nossa linguagem - palavras e atos - se tornar normalmente - gramatical - e normalmente banal (...)" "No discurso louco e poético, é precisamente o indizível e o infalável que deve ser expresso" "A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa" "A loucura é a desestruturação das estruturas alienadas de uma existência e a reestruturação de um modo de ser menos alienado" "Desestruturar/reestruturar segue uma racionalidade dialética, uma racionalidad

Exposição “Descoladas” é inaugurada no TRT-RS no Dia Internacional da Mulher

A exposição “Descoladas”, da artista Márcia Baroni, entrou em cartaz no saguão do Prédio-Sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Av. Praia de Belas, 1.100), nesta sexta-feira (8/3). A inauguração ocorreu em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e sua realização foi sugerida pelo Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS. A exposição reúne 13 obras que utilizam a técnica da colagem para retratar figuras femininas.   Na solenidade de abertura da exposição, a presidente do TRT-RS, desembargadora Vania Cunha Mattos, manifestou o orgulho da Justiça do Trabalho em receber a mostra no Dia Internacional da Mulher. “São obras alegres e coloridas, de grande beleza”, elogiou. “Essa exposição transmitirá alegria e satisfação para todos os que por aqui transitarem”, concluiu. A seguir, a integrante do Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS, juíza Cacilda Ribeiro Isaacsson, falou sobre a importância do dia 8 de março para uma re

Autoconhecimento e liberdade*

Se conhecer faz toda a diferença, pois é isso que nos permite não mais nos demorarmos tanto aonde persistir é uma tarefa em vão. E curiosamente, é o fenômeno do autoconhecimento que nos da poder e lucidez suficientes para deixar passar algumas circunstâncias ou recomeçar sempre que estivermos num caminho ruim ou que já não faz mais sentido, sobretudo, porque o seu lugar já é no passado. Somente o autoconhecimento nos liberta e nos ensina a dizer não quando é preciso doa a quem doer comova a quem comover. É pelo autoconhecimento que descobrimos a fundo o valor de compreender que tudo que nos tira a paz não merece durar ao nosso lado mais do que o tempo mínimo e inevitável. Enfim, se conhecer é fundamental demais porque é isso que melhor nos faz conhecer tão bem qualquer pessoa e sair tranquilamente de mãos dadas na direção de tudo que realmente importa, desde se ausentar em paz de um restaurante quando o menu não nos agrada até mesmo escolher conscientemente partir, tolerar

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Era vital e necessário levar uma vida ordenada e racional como contrapeso à singularidade do meu mundo interior" "As leituras filosóficas haviam-me ensinado que no fundo de tudo havia a realidade da psique. Sem a alma, não havia saber nem conhecimento profundo" "O que se é (...) só pode ser expresso através de um mito. Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente do que o faz a ciência, que trabalha com noções médias, genéricas demais para poder dar uma ideia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma via individual" "(...) como toda personalidade criadora, não era livre, mas tomada e impelida pelo demônio interior" "O corpo tem uma pré-história anatômica de milhares de anos - o mesmo acontece com o sistema psíquico" "Parece, com efeito, que um saber sem limites está presente na natureza, mas que tal saber não pode ser apreendido pela consciência a não ser que as condições temporais lhe

Eu e o outro somos*

Quando recebemos carinho O coração sorri de alegria. Basta tão pouco Fazer o outro feliz. A felicidade do outro Nos toca e entusiasma. Apaixonamos pelo amor. Incrível isto! Tudo sem esperar, Acontece e pronto, Acende a alma. Quando damos carinho O céu brilha com as estrelas, A lua acende de ternura, O vento baila Dançando as folhas. Tudo fica colorido Sem julgamentos, Sem criticas, Silêncios preenchem Espaços infinitos. Delícia pura! Tão pouco precisamos Para trocar afetos! Só estar presente. Mais nada. Presente por inteiro No aceitar o outro Em sua singularidade. Nada esperar, Nada cobrar, Apenas estar. Vamos tomar um cafezinho? Ou chá? E nos amar? Precisamos apenas esvaziar Para o outro entrar. Seja bem vindo! *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filósofa Clínica. Libre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) E Van Gogh, o louco superlúcido , tem o olhar de Nietzsche, 'este olhar que desnuda a alma'" "(...) conclamando a nulidade definitiva do olhar clínico de toda a psiquiatria" "Artaud vislumbra o braço armado de uma sociedade pronta a defender pela força 'a saúde de um mundo de deformados'" "Havia muito tempo que a pintura linear pura me enlouquecia, até que encontrei Van Gogh que pintava, não linhas ou formas, mas coisas da natureza inerte como se estivessem em plena convulsão" "A medicina nasceu do mal, se é que não nasceu da doença, e se não a provocou e criou, peça por peça, para se atribuir uma razão de existir, mas a psiquiatria nasceu da turba plebéia de seres que quiseram conservar o mal na fonte da doença e que, assim, extirparam de seu próprio nada uma espécie de guarda suíça para deter em seu nascedouro o impulso de rebelião reivindicador que está na orgiem do gênio (...)" "H

A escuta das palavras*

A palavra, em deslocamento por seus muitos territórios, também busca uma legibilidade para sua escuta escutando-se. Aptidão rara em meio as ditaduras da semiose verbal. Ao conviver sempre no mesmo lugar, ainda que em línguas diferentes, é excepcional vivenciar as dialéticas da aventura.      Em um mundo apropriadamente imperfeito, pode ser indizível, ao dicionário conhecido, encontrar o melhor para si. Essa suspeita se insinua nas possibilidades do instante perfeito nas entrelinhas da imperfeição. Essa transgressão da zona areia movediça de conforto existencial, se aproxima de um mundo razoável e suas contradições. Assim pode acolher e dialogar com a mutante medida de todas as coisas em cada um.     Ao destacar o viés dessas poéticas da irreflexão, se esboça uma negação de que tudo já foi dito, pensado, tentado. Nele um espaço desconhecido se abre como proposta. Talvez a escola, ao ensinar a ler e escrever, também pudesse incluir aprendizados na arte de ouvir, sonhar, f

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