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Mostrando postagens de abril, 2019

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Toda literatura é estrangeira, mesmo para aquele que escreve. Não se pode dizer de onde ela vem, e nem mesmo o que ela pretende de quem escreve" "Língua pessoal, intransferível, que só o próprio escritor pode decifrar - e a literatura é essa decifração, ou a esperança de decifração" "A literatura não tem chaves (se oferece soluções, é antiliteratura). Apresenta, apenas, hipóteses provisórias, fantasias que nos ajudam a experimentar o mundo, a suportá-lo, e a dele tirar algum sentido e alguns momentos de prazer" "Em um mundo despedaçado, ela terá, então, a chance de rascunhar, ainda que precariamente, e sem aspirar ao definitivo, breves esboços para o futuro" "Em um mundo obstruído por dogmas e slogans, a função da literatura não é concluir, mas desencadear. Não é fechar soluções, mas descortinar dúvidas e perguntas. Não é oferecer imagens prontas, mas vislumbrar novas maneiras de ver" "Tudo aquilo que julg

Para pensar*

Acabar com as universidades de ciências humanas para "economizar o dinheiro dos contribuintes", porque "filosofia e sociologia são inúteis"? Curioso é que a metafísica educacional do novo ministro é a "Teoria do Capital Humano" (de Gary Becker, da Universidade de Chicago). Essa teoria fundamenta-se conceitualmente numa determinada filosofia - o liberalismo, com bases remotas em John Locke, em Adam Smith e no empirismo britânico de modo geral - e em métodos estatísticos desenvolvidos em duas ciências humanas: a sociologia e a economia (que, não por acaso, criaram seus ramos autônomos a partir da grande árvore da filosofia há menos de dois séculos). Ou seja: a filosofia e a sociologia são tão "inúteis" que estabeleceram as bases conceituais e metodológicas da teoria que proclama essa "inutilidade" *Prof. Dr. Gustavo Bertoche Filósofo. Filósofo Clínico. Professor. Escritor. Livre Pensador Teresópolis/RJ

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) é proibido renunciar a se renovar, proibido ater-se a uma resposta que já não faria a pergunta" "Quanto à razão, ela não precisa ceder seu lugar à desrazão. O que nos ameaça, assim como o que nos serve, é menos a razão do que as formas diversas da racionalidade" "(...) testemunhas que não confessam, dado que nada tem para dizer além do que já foi dito. Escritos que se rebelam contra todo comentário. Domínios autônomos, mas nem verdadeiramente independentes nem imutáveis, já que se transformam sem cessar, como os átomos ao mesmo tempo singulares e múltiplos (...)" "(...) Foucault vai censurar-se por se deixar seduzir pela ideia de que há uma profundidade na loucura, de que ela constituiria uma experiência fundamental que se situa fora da história e da qual os poetas (os artistas) foram e ainda podem ser as testemunhas, as vítimas ou os heróis" "(...) O próprio Caillois não era sempre aceito pelos especialistas ofic

Apontamentos Filosóficos*

O pensamento dos filósofos não foram feitos para serem "refutados". Alguns pensamentos influenciaram seu tempo, enquanto outros só repercutiram posteriormente. Encontrar os limites internos nas obras dos filósofos é relevante para que, ao formularmos nosso próprio pensamento, os evitemos. Mas, a "refutação" por si mesma não mudará a relevância, para o bem ou para o mal, do filósofo para a história e a cultura. Além do mais, todo filósofo que merece este título tem algo a nos ensinar. (...) Há diversos modos de estudar filosofia. Muitos até conseguem avançar bem como "autodidatas". Mas, se há possibilidade de cursar uma graduação em uma boa instituição, você só tem a ganhar. Uma das minhas professoras enfatizava que a graduação serve para nos proporcionar uma noção geral da filosofia -- sua história e as teses dos filósofos -- que, por sua vez, é a base para posteriores e necessários aprofundamentos. Além disso, há o benefício de ter professores que

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Procedimento inovador, raro, sustentado contra uma prática majoritária (a da significação), o sentido obtuso surge, fatalmente, como um luxo, uma despesa sem retorno; esse luxo ainda não faz parte da política de hoje, mas já faz parte da política do amanhã" "(...) o sentido óbvio é temático: existe um tema, o sentido obtuso aparece e desaparece, é seu único movimento; esse jogo de presença/ausência desintegra o personagem, reduzido a um simples conjunto de facetas (...)" "É evidente que o sentido obtuso é a própria contra narrativa; disseminado, reversível, preso à sua própria duração, pode apenas inaugurar outro corte, diferente daquele dos planos, sequências e sintagmas: um corte desconhecido, antilógico e, no entanto, 'verdadeiro'" "Sentidos obtusos existem, não em todo lugar (o significante é coisa rara, representação de futuro), mas em algum lugar (...) em uma certa maneira de ler a vida" "Há em cada pessoa

Felicidade singular*

Quando recebemos carinho O coração sorri de alegria. Basta tão pouco Fazer o outro feliz. A felicidade do outro Nos toca e entusiasma. Apaixonamos pelo amor. Incrível isto! Tudo sem esperar, Acontece e pronto, Acende a alma. Quando damos carinho O céu brilha com as estrelas, A lua acende de ternura, O vento baila Dançando as folhas. Tudo fica colorido Sem julgamentos, Sem criticas, Silêncios preenchem Espaços infinitos. Delícia pura! Tão pouco precisamos Para trocar afetos! Só estar presente. Mais nada. Presente por inteiro No aceitar o outro Em sua singularidade. Nada esperar, Nada cobrar, Apenas estar. Vamos tomar um cafezinho? Ou chá? E nos amar? Precisamos apenas esvaziar Para o outro entrar. Seja bem vindo! *Dra Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritora. Filosofa Clínica. Livre Pensadora. Juiz de Fora/MG

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) a poesia, se é alguma coisa, é revelação da 'essencial heterogeneidade do ser', erotismo, outridade (...)" "Valéry comparou a prosa com a caminhada e a poesia com a dança (...) a prosa é um desfile, uma verdadeira teoria de ideias ou fatos. A figura geométrica que simboliza a prosa é a linha: reta, sinuosa, espiral, ziguezagueante, mas sempre para a frente e com uma meta precisa. Daí que os arquétipos da prosa sejam o discurso e o relato, a especulação e a história. O poema, pelo contrário, se oferece como um círculo ou uma esfera: algo que se fecha sobre si mesmo, universo autossuficiente cujo final é também um princípio que volta, se repete e se recria" "Sim, a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa carga metafórica disposta a explodir no momento em que se toque na mola secreta, mas a força criadora da palavra reside no homem que a pronuncia" "Nos lábios de crianças, loucos, sábios, cretinos, apaixonados ou s

A Diferença, o Outro*

O contraste entre o livro e o homem, entre o que é preconcebido e o que é dado pela natureza, entre a tangibilidade do livro e a incompreensibilidade do ser humano [...]                                                                        Elias Canetti Eu não escrevo para leitores, escrevo porque leio o escrito do Outro. Ler o necessário é alimento, também, ler o que se consome na interpretação e o que se perde simplesmente no consumo diário. O cotidiano mata o leitor com tantos tiros possíveis que nem o mais sagaz testemunha consegue vivenciar essa perda sem se tornar agressivo. A agressividade remete-me à leitura. Ler é ouvir a linguagem em sua simplicidade de signos. Não existe contradição neste pensamento. Não existe negação ao leitor, apenas decepção. Caso tenha sido a leitura perdida pelo lado mais significativo, a linguagem que não encontra espaço, este é um problema interno da ordem do esquecimento: o texto morrerá na última linha. Pouco importa. Existe um c

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"(...) este mundo que não sou eu, e ao qual me apego tão intensamente como a mim mesmo, não passa, em certo sentido, do prolongamento de meu corpo; tenho razões para dizer que eu sou o mundo" "(...) a este saber que eu sou, o mundo não pode apresentar-se a não ser oferecendo-lhe um sentido, a não ser sob a forma de pensamento do mundo. O segredo do mundo que procuramos é preciso, necessariamente, que esteja contido em meu contato com ele. De tudo o que vivo, enquanto o vivo, tenho diante de mim o sentido, sem o que não o viveria e não posso procurar nenhuma luz concernente ao mundo a não ser interrogando, explicando minha frequentação do mundo, com preendendo-a de dentro" "(...) De sorte que o vidente, estando preso no que vê, continua a ver-se a si mesmo: há um narcisismo fundamental de toda visão" "A abertura para o mundo supõe que o mundo seja e permaneça horizonte, não porque minha visão o faça recuar além dela mesma, mas porque,

Mandar embora ou deixar ir*

Para muitas relações, o fim é inevitável. Existem encontros com prazo de validade – combinado ou não. Funcionaram para um verão, para um projeto, para um momento da vida. É o cliente que rompeu o contrato, um amigo na infância que mudou de cidade ou colégio, uma paixão arrebatadora que não deve evoluir, um amigo que se isolou... Como lidar com esta fase de necessária despedida, se o coração ainda pulsa e deseja a conexão? Há quem prefira cortes bruscos, ancorados na razão. São pessoas que aprenderam ao longo de suas vidas que dói menos “mandar embora”. Ao menor sinal de que é chegada a hora de se afastar, disparam um comando interno, se posicionam radicalmente, deixam de fazer contato e prejudicam qualquer aproximação - com a situação, com os sentimentos, com lembranças e até mesmo com as pessoas envolvidas ou que possam reavivar a experiência daquele encontro. Há até quem crie em suas mentes quadros negativos, para facilitar o afastamento: “nem era tão bom”, “não vai fazer fal

Comunicado oficial

Bom dia!  Devido a censura, exclusão, bloqueio de várias publicações do prof. Hélio Strassburger, nas páginas da Casa da Filosofia Clínica, e em seu espaço pessoal, de parte do facebook, na noite de ontem, resolvemos denunciar essa violência! Os textos filosóficos tratam de questões de natureza filosófico-clínica, publicados em páginas com integrantes, amigos, colegas, profissionais, simpatizantes dos nossos espaços. Infelizmente, é relativamente fácil denunciar e bloquear (anonimamente) contas no facebook, inclusive sem direito de defesa do principal interessado, ou seja, o autor/autora dos escritos. Assim, viemos compartilhar publicamente, nossa inconformidade com tal violência! De uma obra em um de seus textos - Discursos de transgressão -, o qual consta na íntegra, logo abaixo, nessa página.  Interessante notar o quanto estamos vulneráveis ao controle e direcionamento de informações pelas chamadas ' redes sociais ', as quais são monitoradas ideolo

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"É difícil aprender o que é um filósofo, porque isso não se pode ensinar" "(...) tudo o que ergue o indivíduo acima do rebanho infunde temor ao próximo é doravante apelidado de mau ; a mentalidade modesta, equânime, submissa, igualitária, a mediocridade dos desejos obtêm fama e honra morais" "Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos" "É preciso livrar-se do mau gosto de querer estar de acordo com muitos" "(...) as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os sutis e, em resumo, as coisas raras para os raros" "É inevitável e justo que nossas mais altas intuições pareçam bobagens, em algumas circunstâncias delitos, quando chegam indevidamente aos ouvidos daqueles que não são feitos e predestinados para elas"  "Todo homem seleto procura instintivamente seu castelo e seu retiro, onde esteja salvo do grande

Travessa de bytes*

Tudo fica no inicio razoes elementares são liçoês nesta travessa de bytes onde navega o sosego são augas passadas não muito distantes nos ontes do silêncio. Tudo esta calmo nas asas do vento a chuva ouve o meu canto paro de remover o pranto onde durme o pesadelo Eu gostaría de ser uma folha de grama que me leve a um centro qualquer do multiverso. Onde   única rede seja a palabra a lingua das borboletas mentras o coração corre livre até encontrar o misterioso azul morrendo no abrigo de mil sóis. II Olha para mim não me vês? são a sombra que luta pela visão da vida sem olhos, detenho o meu olhar sem maus, percorro as fibras do seu ser.   Mas tudo é muito distante esvaziar-me no espaço ser um simples conteúdo consumido, esquecido em cada dia que passa, de pressa.   Voltei à materia ao corpus que desenhei que me faz mortalmente vivo quando as regras do código esquecem o algoritmo. *Profa Dra Arantx

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Em muitos casos psiquiátricos, o doente tem uma história que não é contada e que, em geral, ninguém conhece. Para mim, a verdadeira terapia só começa depois de examinada a história pessoal" "Percebi que é inútil falar aos outros sobre coisas que não sabem. Quem não compreende a injúria que inflige a seus semelhantes falando de coisas que ignoram é um ingênuo. Perdoa-se um tal descuido só ao prosador, ao jornalista, ao poeta. Compreendi que uma ideia nova, isto é, um aspecto inusitado das coisas só se afirma pelos fatos. os fatos abandonados nem por isso desaparecem; um belo dia ressurgem, revelados por alguém que compreende seu significado" "As leituras filosóficas haviam-me ensinado que no fundo de tudo havia a realidade da psique. Sem a alma, não havia saber nem conhecimento profundo" "(...) Cada caso exige uma terapia diferente. Quando um médico me diz que 'obedece' estritamente a este ou àquele 'método', duvido de

Discursos de transgressão*

                                               “Nascer com o mundo sem passar pelas palavras, eis efetivamente o que parece estar em jogo em todas as práticas tribais e em seus excessos”                                                             Michel Maffesoli A pluralidade subjetiva internada em uma só pessoa aprecia o caos para ensaiar releituras existenciais. Mesmo quando inadequado à estrutura dos vislumbres, segue a desvendar instantes em busca de algo para chamar de seu. Os paradoxos de transgressão apreciam a desleitura dos contextos que vão surgindo. Interrogar contraditório de longo alcance na interseção com a família e amigos. A distorção pode fazer transbordar, na superação dos medos e inseguranças um convívio novo com sua tribo. Ao desmerecer as regras do jogo cultural onde se encontra, atrai para si não apenas desconforto e críticas, mas reações de contrariedade e incompreensão. Em meio a isso tudo, a pessoa busca algum ponto de apoio para entender os

Lua adversa*

Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua… Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua…) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua… E, quando chega esse dia, o outro desapareceu… *Cecília Meireles

Reflexões e considerações filosóficas*

Amigos, o novo ministro da Educação diz querer acabar com o "marxismo" no sistema educacional brasileiro. Mas a educação brasileira segue um projeto marxista? Quando ouço alguém falar sobre o "marxismo" na nossa educação, invariavelmente aparece a referência a Paulo Freire. Ora, é duvidoso que o "método Paulo Freire" de alfabetização (que, essencialmente, propõe aproximar o aprendizado das letras às circunstâncias do aluno) seja particularmente marxista - ele serve perfeitamente também para a "educação para o trabalho", que de Marx não tem nada. E a denúncia paulofreiriana presente na "Pedagogia do Oprimido" (1968) contra a "educação bancária", que conduz o aluno ao hábito de desejar a opressão, é, antes de "esquerdista", libertária: não somente os marxistas, mas também os liberais clássicos (aqueles mais interessados nas liberdades políticas do que no dinheiro) e os anarquistas concordariam plena

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"O silêncio é o espaço onde as palavras nascem e começam a se mover" "Palavras de ordem não toleram as brumas, pois é lá que moram os sonhos. Luminosidade total para tornar impossível sonhar. Pois os sonhos são testemunhos de que a alma se recusa a se tornar um pássaro engaiolado" "Os olhos que só vêem o visível não podem ver as ausências que moram ali" "Que somos nós sem o socorro daquilo que não existe ?" "Vocês sabiam que as imagens têm o poder de possuir aqueles que as vêem ? Riobaldo, o herói de Grande sertão: veredas, diz que leva apenas um minuto para transformar um medroso num valentão. Basta pedir que ele faça cara de corajoso e malvado, justo neste instante, mostrar a ele sua cara refletida no espelho (...)" "(...) Tinha de ser uma palavra mágica, pois ela tinha de ter o poder de trazer à existência aquilo que não existia" "Os poetas têm estado repetindo isso o tempo todo. Não é de e

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