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Mostrando postagens de novembro, 2019

Poética Clandestina*

"A alquimia do verbo é um delírio"               Arthur Rimbaud Uma profecia de caráter excepcional recai sobre alguns escolhidos, que parecem surgir de uma cepa rara, sujeitos a descrever a saga do personagem marginal. Estruturados para surgir como transgressão, desconstroem a certeza de uma só versão para todas as coisas.  A atitude inesperada de toda razão oferece uma perspectiva plural na forma de poesia, filosofia, arte, subversão estética ao mundo instituído. No caso da inquietude filosófica, antes de virar comentário ou técnica acadêmica, é a concepção do eu como outros, reapresentada na inspiração libertária dos movimentos da irreflexão.  Um cavalheiro andante em busca de sua tribo encontra Adão e Eva no paraíso da singularidade. A palavra realiza uma poética das ruas. Seu caráter de profanação reivindica um ritual de iniciados. Os enredos do mundo novo percorrem as dialéticas do imprevisível. Visionários incompreendidos possuem a rara aptidão de concede

Fragmentos Filosóficos, Clínicos, e algo mais*

"É particularmente notável que a instância do olhar-vídeo habite a visão dos terapeutas. Mesmo se estes não manipulem efetivamente uma câmera, adquirem o hábito de observar certas manifestações semióticas que escapam ao olhar comum" "(...) criam-se novas modalidades de subjetivação do mesmo modo que um artista plástico cria novas formas a partir da palheta de que dispõe" "A subjetividade, de fato, é plural, polifônica, para retomar uma expressão de Mikhail Bakhtine. E ela não conhece nenhuma instância dominante de determinação que guie as outras instâncias segundo uma causalidade unívoca" "Não se pode conceber resposta ao envenenamento da atmosfera e ao aquecimento do planeta (...) sem uma mutação das mentalidades, sem a promoção de uma nova arte de viver em sociedade" "Uma pessoa que, há semanas, me repetia sempre as mesmas coisas, executa algo na cena da análise que transforma todas as suas coordenadas, suas referência

Fiz cinquenta anos, e agora?*

A medicina diz que começamos a envelhecer a partir dos 30 anos de idade. Comigo não foi bem assim. Comecei a envelhecer quando meu filho nasceu. Por coincidência tinha justamente trinta anos. Achava que como pai tinha responsabilidade financeira e gastava todos meus dias trabalhando para sustentar a família. Chegava em casa tarde da noite, acabado de tanto cansaço, mal conseguindo aproveitar o calor de um lar. Voltei a ficar jovem quando nasceu meu neto.   Brincamos juntos todas as manhãs na pracinha do bairro e me renovo todo dia.     Comecei a envelhecer quando me preocupei em esconder os primeiros fios de cabelo branco. Rejuvenesci quando deixei os grisalhos crescerem natural e desalinhadamente por cima das orelhas. Sentia-me um velho trabalhando sem prazer, amargurado, reclamando e só pensando no dia da minha aposentadoria. Depois de aposentado, virei criança. Esta conversa de envelhecer depois dos trinta começava a cair por terra. Pensava que depois de ficar viúvo, a

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*

"Um texto só é um texto se ele oculta ao primeiro olhar, ao primeiro encontro, a lei de sua composição e a regra de seu jogo. Um texto permanece, aliás, sempre imperceptível. A lei e a regra não se abrigam no inacessível de um segredo, simplesmente elas nunca se entregam, no presente, a nada que se possa nomear rigorosamente uma percepção" "(...) Sócrates se põe a contar como os homens são levados para fora de si, ausentam-se de si mesmos, esquecem-se e morrem na volúpia do canto" "(...) Não muito mais adiante, Sócrates compara a uma droga ( phármakon ) os textos escritos que Fedro trouxe consigo. Esse phármakon , essa 'medicina', esse filtro, ao mesmo tempo remédio e veneno, já se introduz no corpo do discurso com toda sua ambivalência. Esse encanto, essa virtude de fascinação, essa potência de feitiço podem ser - alternada ou simultaneamente - benéficas e maléficas" "Descrevendo o lógos como um zôon, Platão segue alguns re

O que é Filosofia Clínica?*

A Filosofia Clínica foi criada pelo médico gaúcho, Lucio Packter que, insatisfeito com algumas abordagens terapêuticas, na década de 80, pôs-se a viajar pelo mundo em busca de novos métodos para conhecer e cuidar o ser humano em sua integralidade. Mesmo conhecendo a filosofia de aconselhamento na Europa e a filosofia prática, nos EUA, iniciou suas próprias pesquisas, resultando no que chamou de Filosofia Clínica. A Filosofia Clínica é uma abordagem terapêutica que visa trabalhar as questões existenciais do paciente que, em Filosofia Clínica, é chamado de partilhante, porque na dinâmica da clínica filosófica, o que existe é uma construção partilhada que se dá através da interseção (modo de relação) de ambos na busca por um conforto existencial.  É Filosofia porque parte da inspiração de seu método a partir da pesquisa dos filósofos ao longo da história do pensamento ocidental. E é Clínica porque pretende ser aplicada ao todo do homem, do sujeito que procura a terapia, na inte

Fragmentos Filosóficos, Poéticos, e algo mais*

"As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizíveis quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera"  "(...) O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?" "(...) Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente" "As obras de arte são de uma infinita solidão; nada as pode alcançar tão pouco quanto a crítica. Só o amor as pode compreender e manter e mos

Sem discípulos*

“Objeto é apenas o que pode ser ocupado e abandonado.”                  Peter Sloterdijk (Esfera I – Bolhas) Nenhum homem, nenhum momento, nem a flor do pensamento, meio olho e uma frota de navios imaginários a se perder na linha do tempo. De nunca mais poder retornar à terra segura, mesmo sendo o que ilumina as ideias, anda, por ora, a procurar o fantasma do passado, uma obsessão do demônio da igualdade nos poros biológicos predestinados a sobreviver ao sol. O novo tempo é a estranha forma de matar e limpar as ruas em nome de uma integridade tenebrosa. A moralidade se impõe como ordem dos néscios de alma que evocam a religião, a ciência e até a arte de matar o próximo. O homem deste século sabe tudo, até mesmo crê que é inferior a deus para matar em nome de um deus. Prefiro ver o rio caudaloso de ideias se perder em ruas, túneis profundos, em pedras que escondem os desconhecidos a morrer na ordem do exército de mosquitos que sugam o sangue da maioria que pondera. Na fuga, a

Fragmentos Filosóficos, Devaneios e algo mais*

"O espelho das águas ? É o único espelho que tem uma vida interior. Como estão próximos, numa água tranquila, a superfície e a profundidade! Profundidade e superfície encontram-se reconciliadas. Quanto mais profunda é a água, mais claro é o espelho A luz vem dos abismos. Profundidade e superfície pertencem uma a outra, e o devaneio das águas dormentes vai de uma à outra, interminavelmente. O sonhador sonha sua própria profundeza" "(...) o mundo vem respirar em mim, eu participo da boa respiração do mundo, estou mergulhado num mundo que respira" "As cosmogonias antigas não organizam pensamentos, são audácias de devaneios, e para devolver-lhes a vida é necessário reaprender a sonhar" "Quando um sonhador de devaneios afastou todas as preocupações que atravancavam a vida cotidiana, quando se apartou da inquietação que lhe advém da inquietação alheia, quando é realmente o autor de sua solidão, quando, enfim, pode contemplar, sem contar as

Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

Amigos, ao encontrar essa que talvez seja uma das mais tristes tirinhas do Calvin - neste caso, uma tirinha criada por um fã -, recordei-me vividamente de algo que passei há alguns anos como professor numa escola privada. (a tirinha está disponível no espaço facebook do Filósofo) * * * No último ano em que lecionei Filosofia no fundamental, para uma turma de oitavo ano (isto é: crianças de treze e catorze anos), havia um menino com olhos que faiscavam com o fogo da vida. Alegre, falante, brilhante. Ele não conseguia participar das aulas sentado. Por isso, na minha classe podia andar pela sala livremente - e foi em uma aula de Filosofia que descobriu que acalmava-se e recuperava o foco intelectual ao se deitar diante do quadro, justamente no espaço em que o professor usualmente caminha durante as explicações. Pois bem: durante uma aula, a coordenadora entrou na sala e viu o pequeno deitado ali. Imediatamente gritou com ele, que teria sido conduzido à direção se eu nã

Fragmentos Filosóficos, Literários e algo mais*

"(...) mostrar como é precário e sujeito a erros o conhecimento que o homem pode ter de outros homens e como, por isso mesmo, seu juízo moral é insuficiente e frequentemente equivocado" "Só estando eximido dos condicionamentos humanos de tempo e lugar é que se pode perceber a equivalência profunda e essencial entre tudo o que existe" "(...) O incompreensível - o infinito - nos rodeia, e no entanto existe" "O homem precisa de certezas. Pode encontrá-las na ciência ? Por certo que não, já que cada avanço científico mostra os erros e as lacunas em que a sociedade viveu até então (...) os limites da realidade são elásticos (...) a realidade cresce a cada dia, à mercê da ciência, no distante (graças ao telescópio) e no próximo (graças ao microscópio)" "Observar o mundo é descobrir abismos" "Nesse mundo, o homem nasce bom e a sociedade se encarrega de piorá-lo com suas instituições desumanas e sujeitas a erros&qu

O papel do filósofo clínico*

Uma pessoa do senso comum e até especialista em alguma área, como a de humanas e terapêuticas, pode pensar no papel do filósofo clínico de modo bem controverso. Em primeiro lugar por não conseguir compreender a junção de duas palavras opostas em seu sentido usual, uma vez que filosofia conota algo teórico, abstrato, enquanto clínico remete à prática, à cura do corpo e do psíquico. Poderíamos responder a essas questões demonstrando-as seu equívoco, apresentando o sentido correto do termo ao que corresponde. Isso seria fácil, pois filosofia clínica, em suma, aborda o referencial teórico inspirado na tradição filosófica e a clínica a essa aplicabilidade da riqueza filosófica no auxílio existencial das pessoas que procuram o profissional da filosofia clínica. Por outro lado, fazermos um percurso entre três grandes referenciais da filosofia clínica no país pode nos esclarecer alguns pontos e enriquecer nossa proposta de reflexão. Por isso, vamos nos remeter ao Will Goya, de Goiá

Fragmentos Filosóficos, Literários e algo mais*

"Ler a partir do lugar em que se escreveu não define o leitor ideal como aquele que lê melhor, mas como aquele que lê a partir de uma posição próxima à composição em si. Nabokov aponta isso com clareza: 'O bom leitor, o leitor admirável não se identifica com os personagens do livro, mas com o escritor que compôs o livro" "Quem lê a partir desse lugar segue um rastro no texto e, fiel a esse trajeto, considera as alternativas que a obra deixou de lado. (...) Mais que ler como se o texto tivesse um sentido oculto, tende-se a interpretar no sentido musical, a imaginar as possíveis variantes e modulações" "(...) Ler a partir daí significa ler como se o livro nunca tivesse acabado. Nenhum livro está, por mais bem-sucedido que pareça. O texto fechado e perfeito não existe: o acabamento, no sentido artesanal, faz com que se busquem os lugares de construção em seu avesso e se apresente o problema do sentido de outra maneira. Manuel Puig contava que toda

O viajante de amanhãs*

"O filósofo é uma das maneiras pela qual se manifesta a oficina da natureza - o filósofo e o artista falam dos segredos da atividade da natureza"                                                                     Friedrich Nietzsche O espírito aventureiro impróprio à cristalização do saber se faz nas escaramuças de um território movido a movimento. Seu viés de intimidade precursora se alimenta das ruas, estradas, subúrbios desmerecidos. É incomum que sejam facilmente compartilháveis, esses eventos anteriores ao gesso conceitual. A irregularidade narrativa como propósito sem propósito se reveste de uma quase poesia, para tentar dizer algo sobre os eventos irreconciliáveis com a ótica dos limites bem definidos. Essa lógica de singularidade flutuante se aplica às coisas irreconhecíveis ao vocabulário sabido.  Seu desprezo pelas fronteiras, objetivadas pelos acordos e leis, é capaz de antecipar amanhãs no agora irrecusável. Num caráter de existência marginal entre

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"Seu orgulho exigiu a ilusão da permanência. O nosso, pelo contrário, parece deleitar-se em provar que podemos tornar a pedra e o tijolo tão transitórios quanto nossos próprios desejos (...) Derrubamos e reconstruímos enquanto esperamos ser derrubados e reconstruídos. É um impulso provocador da criação e da fertilidade. A descoberta é estimulada e a invenção fica em alerta" "(...) A mente se torna uma lousa perpetuamente mutante na forma, nos sons e nos movimentos" "(...) não há qualquer embarcação de lazer nesse rio. Atraídos por uma irresistível corrente, chegam das tempestades e calmarias do mar, do seu silêncio e solidão, para o ponto de ancoragem que lhes é atribuído" "(...) e o velho mendigo, após jantar os restos de um saco de papel, espalha migalhas para os pardais" "Ali estão os poetas mortos ainda meditando, ainda ponderando, ainda questionando o significado da existência" "(...) os lábios estão c

Observador da sacada*

     “Adorava poder mostrar-lhe o filme, mas, por outro lado, sei que tem outras coisas na cabeça.”                                            Win Wenders sobre o Papa Francisco Ainda procura ver os rostos, nada pessoal, ele ainda busca enxergar todos em sua individuação, a captura do anonimato é a imagem oca, ele busca ver os olhos dos anônimos. As imagens confundem o centro, rasga os lados, alarga os braços, entorna o vinho sobre o mundo, Ele procura os olhos, ausculta o som do mundo, Ele vigia os sentidos, vê a face do desconhecido, os olhos na multidão é como o tempo que não tem dimensão única, interminável aos olhos a imagem-tempo. Ele ainda vê tudo como observador privilegiado, o mundo não muda, mãos que matam mudam. Ele busca o movimento da humanidade, a contínua ida ao desconhecido do Ser, procura o olhar que retorna em sua finitude. Ele é o observador do que se esgota, do tempo que permanece movente, percebe o transmutar e o que permanece intacto.

Fragmentos Filosóficos, Literários e algo mais*

"O mar, de ordinário, esconde seus golpes. Permanece de bom grado obscuro. A incomensurável sombra guarda tudo para si mesma. É muito raro que o mistério renuncie ao segredo. Existe, sem dúvida, monstro na catástrofe, mas em quantidade desconhecida. O mar é patente e secreto; esconde-se, não lhe interessa divulgar as suas ações"  "A madrugada tem grandeza misteriosa que se compõe de restos de sonho e começos de pensamento" "(...) O vento encontra-se repleto de semelhante mistério. Do mesmo modo o mar. Também este é complicado; sob os vagalhões de água, que se vêem, há os vagalhões de forças que se não vêem.  Compõe-se de tudo. De todas as misturas, o oceano é a mais indivisível e a mais profunda (...)" "Experimente-se conhecer esse caos, tão enorme que termina à superfície. É o recipiente universal reservatório para as fecundações, cadinho para as transformações" "A diversidade solúvel funde-se em sua unidade. Possui tan

As palavras e o horizonte existencial*

Primeiranistas de graduação em Filosofia às vezes "refutam o perspectivismo" com o seguinte joguete lógico que remete a uma contradição: "Não há fatos - somente interpretações. Isto é um fato." Ou, na notação da lógica proposicional, P^~P P, logo não-P. Isto é: a afirmação de que não há fatos, mas só interpretações, conduz a uma contradição e, por conseguinte, não pode ser verdadeira. A refutação parece persuasiva, não? * * * O diabo é que as palavras não são planas. Há profundidades hermenêuticas variáveis em cada uma delas. No caso que expus acima, a primeira palavra "fato" corresponde ao plano ôntico, enquanto a segunda corresponde ao plano ontológico. Uma coisa são os "fatos" ("não há fatos") que lemos em um jornal, que sabemos numa conversa, que usamos para tomar decisões na vida. Outra coisa, bem diferente, é uma afirmação metafísica universal a respeito do funcionamento da estrutura da realidade (&

Fragmentos filosóficos, literários e algo mais¨*

"(...) aquela compreensão do ser humano que nos possibilita reconhecer outra pessoa pelo tom da voz, pela maneira de segurar um objeto, até pelo timbre do seu silêncio ou a postura com que se coloca num determinado espaço; em suma, por toda essa maneira quase imperceptível mas peculiar de alguém existir" "O hábito de ler livros em que nenhuma palavra podia ser tirada de seu lugar sem alterar o significado oculto do texto, a avaliação prudente e atenta de cada frase em busca de seu sentido e até de seu duplo sentido, deram a seus olhos essa expressão particular" "(...) O que será isso? Sinto-o muitas vezes. Esse silêncio repentino como uma linguagem inaudível" "(...) Mais tarde seguiremos nossos próprios caminhos e nos tornaremos aquilo a que temos direito, pois não existe só uma sociedade" "E quando um ser humano se perdeu a si mesmo, renunciou a si, perdeu também aquela coisa especial, singular, para a qual a Natureza o

A escuta e o mundo*

As vezes contamos histórias para esquece-las enquanto quem ouve se comove e as leva consigo para partilha-las noutros lugares. Os desabafos podem nos deixar mais leves ao mesmo tempo em que complementa lacunas de quem já aprendeu a ouvir. A escuta pode libertar ao ponto de aprendermos a desapegar do que passou, deixando partir em paz o que não faz mais sentido. Pois, só é dolorosa qualquer partida quando ainda não se compreendeu que nada é para sempre, sobretudo, quando se trata do efêmero. Ou seja, se podemos tocar, lembrar ou sentir significa que é finito e que durará somente o suficiente para ecoar e seguir adiante se transformando. Por isso, as histórias sempre serão tão importantes seja para quem as esqueceu seja para quem as recebeu para aprender mais uma nova forma de enxergar o seu mundo ou de lidar com as próprias emoções. Enfim, as vezes a palavra é o nosso melhor remédio, outras vezes é o único. Musa! *Prof. Dr. Pablo Mendes Filósofo. Educador. Escritor. Fi

Fragmentos de filosofia, poesia e algo mais*

O Roteiro*** Não plantei trigo nem rosas: Plantei mudas de baladas Pelas tardes cor-de-rosa, Por marinhas madrugadas. Pesquei peixes coloridos Dos olhos do meu amor. E andei de tartaruga Pelas margens do sol-pôr. Esqueci dos meus chinelos Num tapete de veludo. E pus um gato angorá Em cima do sobretudo. Fiz um avião supersônico Com a manchete do jornal. E o vento levou a morte Para longe do meu quintal... Fiz tudo que foi possível Do tempo que me foi dado. Deixei a vida macia, Tornei meu dia encantado." *Luiz Guilherme do Prado Veppo Médico. Escritor. Poeta. Professor de Literatura. Santa Maria/RS (1932-1999) **Compilado da obra: "Prado Veppo - Obra Completa" Ed. UFSM

O primeiro passo para compreender a Filosofia Clínica*

O título ideal para um texto desse tipo sobre filosofia clínica, deveria ser Abordagem do que não é possível ser abordado: guia para um texto que não deveria ser escrito. Controverso, não? Mas, nas linhas seguintes, explicitaremos o porquê que um título assim seria justificável.   Para esclarecer nossa proposta, vamos nos remeter a Sócrates (469 a.C. – 399 a. C.) um ateniense que mudou o foco da filosofia Ocidental. Longe de nos determos em longas linhas acerca da história da filosofia, abordaremos apenas alguns traços desse pensador para servir ao fio condutor de nossa reflexão. Antes de Sócrates, havia pensadores denominados filósofos da natureza, ou seja, suas reflexões estavam voltadas para o todo, o cosmos, a ordem, a origem de tudo o que é. Depois desses pensadores, surge Sócrates inaugurando o pensamento mais antropológico. Ele não escreveu nada, tudo o que sabemos dele foi escrito por seus seguidores, como Platão, ou por opositores, como Aristófanes. Platão nos

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