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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Fragmentos Filosóficos, Libertários, e algo mais*

"(...) todos grandes descobridores no terreno do sublime (...) com misteriosos acessos a tudo que seduz, atrai compele, transtorna, inimigos natos da lógica e da linha reta, cobiçosos do que seja estranho, exótico, enorme, torto, contraditório" "(...) Todos os deuses até aqui não foram demônios rebatizados e santificados ?" "Todo mundo elevado requer que se tenha nascido para ele; ou melhor, que se tenha sido cultivado para ele: direito à filosofia - no sentido mais amplo - obtêm-se apenas em virtude da ascendência, os ancestrais, o sangue decide também aqui. Muitas gerações devem ter trabalhado na gênese do filósofo; cada uma de suas virtudes deve ter sido adquirida, cultivada, transmitida, incorporada, e não apenas o passo e curso ousado, leve e delicado de seus pensamentos, mas sobretudo a disposição para grandes responsabilidades, a elevação de olhares que dominam (...)" "(...) Será o maior aquele que puder ser o mais solitário, o

Essência e Acidentes*

Não é raro encontrar quem descredencie a filosofia como capaz de auxiliar em questões do cotidiano. Há quem postule que as “fórmulas abstratas e universais” dos livros de filosofia não resolvem problemas de cunho prático. Considerada mais uma abordagem filosófica, a filosofia clínica sofre pelos preconceitos de quem sequer se deteve por um tempo em sua análise. Diante disso, podemos levantar alguns aspectos que valem a pena serem pensados.   Aristóteles e Platão, além de suas divergências, chegavam num acordo acerca do “objeto” de conhecimento: o mundo sensível é constituído pelo devir. O Estagirita apontou para um processo de abstração do sensível que, a partir da suspensão dos acidentes, tornava-se possível pensar a essência. Assim, ficou possível pensar o homem para além dos homens particulares em suas diversas diferenças. Seu mestre formulou as Ideias como instância na qual se encontravam as formas puras das coisas concretas que, por sua vez, são imagens imperfeitas da conc

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"Cada conclusão faz parar o pensamento. Como nos livros de Agatha Christie: resolvido o crime, nada sobra em que pensar. E não adianta ler o livro de novo. Quando o pensamento aparece assassinado, pode-se ter a certeza de que o criminoso foi uma conclusão" "Recorda Valéry: 'Que somos nós sem o socorro daquilo que não existe?'" "(...) A verdade é underground, clandestina, subversiva (...)" "Os poetas buscam as palavras que moram no silêncio" "Palavras de ordem não toleram as brumas, pois é lá que moram os sonhos. Luminosidade total para tornar impossível sonhar. Pois os sonhos são testemunhos de que a alma se recusa a se tornar um pássaro engaiolado" "(..) Tinha de ser uma palavra mágica, pois ela tinha de ter o poder de trazer à existência aquilo que não existia" "(...) Somos a Virgem engravidada pela Palavra que vem com o Vento (...) Os poetas têm estado repetindo isso o tempo todo. N

A pretexto de jardins***

                                                   Existe uma fonte extraordinária em que a obra de arte decaída se encontra. Nela é visível o apelo silencioso das raridades. Nalgumas pode se notar a exuberância dos contornos, em outras a raiz mergulha na terra em busca de proteção. Ainda àquelas a lançar sementes na brisa passageira. Quando muito próximo pode significar conviver com os espinhos uma da outra. Os sinais descrevem nuances de uma estória em que antes e agora se integram, fazendo a pétala renascer, se alternando nas estações. Sua essência plural realiza uma poesia sem palavras nesses espelhos da natureza. Existem jardins com uma história de descuidos, maltratados uma vida inteira. Ao vivenciar alguma forma de atenção, carinho, perseguem o subsolo de si mesmos. Nesse sentido, desacostumados à luz do sol, num movimento de quase semente, se refugiam nas sombras conhecidas, cercam-se de muros, paredes de difícil acesso. O dom da jardinagem conhece a lingua

Fragmentos Poéticos, Filosóficos, e algo mais*

"Quintana foi um urbano auto-exilado, fora dos padrões tradicionais. Vivia na cidade, gostava dela, amava-a. No fundo, porém, não se interessava por ela. Queria uma cidade de outros tempos, arcaica, feita de lampiões, de solares, da cacimbas em pátios e de goiabeiras junto aos galinheiros (...) urbano à sua moda, inclassificável (...) um dos indivíduos mais cosmopolitas que viveram em Porto Alegre" "(...) um poeta particularmente puro como Mario Quintana custou a ser entendido. A maioria das pessoas pensava que ele vivia no mundo da lua. Na realidade, Quintana vivia no mundo da rua, donde extraía a matéria de seus poemas" "Quintana nasceu numa cidade interiorana, dessas que crescem mais em direção à memória do que em direção ao futuro" "O complexo mundo emocional do poeta, mundo submarino, exige escafandros, para que se possam identificar, lá no fundo, na luminosidade esmeraldina de suas águas, os botos cor-de-rosa. Quintana (...) um

Entre bruxas e princesas*

Você já teve contato com bruxas? Tive vários. Algumas usaram a vassoura pra varrer e logo em seguida partiram, outras voaram comigo por muito tempo. Algumas purificaram minha alma, outras lançaram feitiços, outras me encantaram. Talvez você não acredite em bruxas, mas que “las hay, hay”. Antigamente eram queimadas vivas, hoje a era das fogueiras acabou, e as netas daquelas que sobreviveram estão mais vivas que nunca, espalhadas por todos os cantos, queimando todas as regras. Numa pesquisa aparentemente inocente, pediram a vários homens que fizessem uma escolha delicada. Suas companheiras seriam doze horas por dia   bruxas e nas outras doze horas, princesas. Metade do dia elas teriam pele enrugada, cabelos desalinhados, mau cheiro, verrugas no nariz, falta de dentes, comportamento estranho, marcas de nascença, cicatrizes e tudo mais que caracterizasse uma bruxa clássica. Na outra metade teriam pele sedosa, cabelos lindos, bem tratados, corpos esculturais, olhos da cor azul p

Fragmentos Filosóficos Clínicos, Reflexivos, e algo mais***

"Neste capítulo, tentarei demonstrar que atualmente a noção de doença mental é usada principalmente para obscurecer e invalidar, por meio de explicações, os problemas das relações pessoais e sociais; e que a noção de bruxaria foi usada do mesmo modo no final da Idade Média" "(...) a visão de que as chamadas doenças mentais são mais idiomas do que doenças não foi ainda adequadamente articulada, nem suas implicações totalmente apreciadas" "(...) A eterna frustração dos psiquiatras e psicoterapeutas vem, portanto, do simples fato de que em geral eles tentam ensinar novas línguas a pessoas que não têm o menor interesse em aprendê-las" "O simbolismo representativo presta-se à expressão dos problemas ditos psiquiátricos, porque eles dizem respeito a dificuldades que são, por sua própria natureza, experiências humanas concretas. Os seres humanos não sofrem de complexo de Édipo, frustração sexual ou ódio reprimido, como abstrações; eles sofre

Envelhecer*

“Quando eu fico, como hoje, mexendo nesses velhos cartões-postais, percebo que de repente tudo se misturou, se confundiu.”                                                                             Danilo Kiš A extensão dos meus propósitos por linhas que escrevo a vida, meu nome. É por acrescentar que faço o viver sem deixar de ler o todo do meu nome, escrevo meu tempo.  É como se eu tivesse saído do minimalismo da juventude, e nesse tempo ter aprendido a usar todo o meu corpo em nome por extenso para filosofar sobre o umbigo. O meu nome não esquece a vida, alia o Nada ao Tudo, deixa para trás a dor e reinventa as cores. Compõe a música imaginária em todas as letras para escrever no muro o nome do nome.  Meu nome não teme o fim, rompe a linha da vida, avança para além do pequeno lugar rumo ao desconhecido. Meu nome é um viajante que precisa soletrar para compreender sua língua amolada em nomes marcados no fio metal do tempo. *Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes Filós

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"Não há nada tão enganador, e por isso mesmo tão atraente, quanto uma superfície calma" "Em trabalhos ficcionais, uma imaginação demasiado fértil se liberta do autor, e literalmente voando o conduz a regiões de beleza inexprimível que suas faculdades mal podem apreender, que ofusca seus sentidos e desafia toda descrição; suas composições serão sem dúvida alguma belas, mas de uma beleza obscura e fantástica de autor visionário" "A poesia, mesmo sob a sua forma mais fantástica, é sempre uma revolta contra o artifício, uma revolta, em certo sentido, contra a realidade. Ela fala do que parece irreal e fantástico (...)"  "(...) É fácil explicar essas críticas quando discutem um gênio poderoso e original, pois a aparição de um gênio sempre funciona como sinal de alarme para que todos os interesses corruptos e consolidados unam forças em defesa da antiga ordem" "Há certos poetas que, além da capacidade para revelar-nos algum as

Notas sobre a formação em Filosofia Clínica*

Como a Filosofia Clínica é uma área que ajuda no autoconhecimento e na compreensão do ser humano de modo geral e em sua complexidade, profissionais de outras áreas aproveitam o que aprendem com esse curso para lidar melhor com as questões pessoais e com sua relação com o ambiente, os colegas e os clientes de suas respectivas profissões. Além disso, há propostas bem direcionadas para o trabalho em empresas que têm dado frutos (SC e RS) e está em constante progresso, houve experiências em hospitais psiquiátricos com bons resultados (MG, RS, PI), houve pesquisas para a contribuição na área da educação (SP) entre outras. É uma pequena parte de formados em Filosofia Clínica que atende como terapeuta. A maior parte a usa para aperfeiçoamento pessoal e profissional. Por isso, há médicos, advogados, empresários, professores, artistas plásticos, dentistas entre outros que usam o que aprendem na filosofia clínica para suas áreas de atuação. É bom ressaltar também que assim como p

Fragmentos Filosóficos, Libertários, e algo mais*

"A loucura é a revolução permanente na vida de uma pessoa" "Razão e desrazão são ambas maneiras de conhecer. A loucura é uma maneira de conhecer, outro modo de exploração empírica dos mundos tanto interior como exterior. A razão para a exclusão e invalidação da loucura não é puramente médica, nem estritamente social. É, como tentarei demonstrar, política" "Não-psiquiatria significa que o comportamento profundamente perturbador, incompreensível e louco deve ser contido, incorporado na sociedade global e nela disseminado como uma fonte subversiva de criatividade, espontaneidade, não doença" "A violência da psiquiatria só pode ser compreendida com base no seu dogma fundamental: se não compreende o que outro ser humano está a fazer, diagnostique-o!. Nunca deixará de encontrar vítimas coniventes que farão o jogo. Mas começamos agora a cansar-nos desse jogo" "O novo fator revolucionário é que as pessoas começam a fazer amor em

Anotações, Reflexões, Percepções de um Filósofo Clínico*

Vejo muitos - inclusive professores! - atribuindo ao Paulo Freire a responsabilidade pelo estado lastimável da educação no Brasil. Para problemas incrivelmente difíceis, a mente simplória costuma encontrar causas milagrosamente fáceis - e espetacularmente equivocadas. * * * Não foi ontem que o Lima Barreto ridicularizou a cultura bacharelesca brasileira: "Triste Fim de Policarpo Quaresma" é de 1915. O Richard Feynman, Nobel de Física, desnudou a farsa do modelo pedagógico brasileiro quase vinte anos antes da "Pedagogia do Oprimido", que é de 1968. Amigos, a educação no nosso país é ruim demais há muito, muito tempo. O Paulo Freire não pode ser responsabilizado por problemas que existiam décadas antes da sua obra. * * * Uma das causas da miséria da educação brasileira é a miséria da cultura da elite nacional. O brasileiro é apaixonado pelos sinais exteriores de status, inclusive no plano intelectual. O objetivo da educação, entre nós, nunca

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"A palavra poética jamais é completamente deste mundo : sempre nos leva mais além, a outras terras, a outros céus a outras verdades" "(...) O poema é linguagem - e linguagem antes de ser submetida à mutilação da prosa ou da conversação -, mas é também mais alguma coisa. E esse algo mais é inexplicável pela linguagem, embora só possa ser alcançado por ela. Nascido da palavra, o poema desemboca em algo que a transpassa" "O poema nos faz recordar o que esquecemos: o que somos realmente" "(...) Irredutível, elusiva, indefinível, imprevisível e constantemente presente em nossas vidas, a alteridade se confunde com a religião, a poesia, o amor e outras experiências afins. Surge com o próprio homem, de modo que pode dizer-se que se o homem se fez homem por obra do trabalho, teve consciência de si graças à percepção de sua radical alteridade" "(...) Seus signos não são uma linguagem: são os sinais que marcam as fronteiras, sempre

Rasuras a Foto Inesquecível***

O processo de reinvenção pessoal está vinculado à superação dos obstáculos de travessia. As etapas de antes ou depois costumam exigir menos. A interseção entre ideia e atitude será testada e pode não bastar. A escolha e ensaio dos procedimentos, além de um robusto autoconhecimento, podem ser decisivos para concretizar buscas. Um freio eficaz é a revisita ao velho álbum de fotografias. A escolha dos conselheiros, a idealização do que já passou. Olhar para trás, seguidamente e sem perspectiva, agenda retrocessos, estanca transbordamentos, aprecia a sensação de protagonista em uma estória que não lhe pertence mais. A pessoa refém dessa lógica, ao querer matar a saudade, mata a vida passando. Sim, existem pessoas que vivem bem onde estão. Não se sentem ameaçadas com a transformação ao seu redor. Existencialmente pacificadas, testemunham a movimentação alheia com certa tranquilidade.  Outra armadilha de transição é a impressão de que os outros acompanham sua mudança. Ao tra

Fragmentos Filosóficos, Antropológicos, e algo mais*

"Para retornar a oposição modernidade/pós-modernidade, podemos dizer que, na primeira, a história se desenrola, enquanto que na segunda o acontecimento advém. Ele se intromete. Ele força e violenta. Daí o aspecto brutal, inesperado, sempre surpreendente que não deixa de ter"  "Acrescentarei que o redobramento é a marca simbólica do plural. Por isso, cada um torna-se um outro. Comunga com o outro e com a alteridade em geral" "(...) nenhum problema é definitivamente resolvido, mas que encontramos, pontual e empiricamente, respostas aproximadas, pequenas verdades provisórias, postas em prática no cotidiano, sem que se acorde um estatuto universal, oralmente válido em todo lugar, em todo tempo, e para cada um" "Há aqui uma antinomia de valores que merece ser pensada: a morosidade do instituído, a alegria do instituinte. Antinomia que se manifesta, cada vez mais, com toda clareza, em particular nas voracidades festivas, no culto ao corpo,

Despir-se de si*

Não fazer do mundo uma extensão de minhas interpretações. Este é um imperativo intrínseco à Filosofia Clinica. Não vamos encontrar isso nos cadernos de estudos nem nas aulas. Isso é um aprendizado da prática. Compreender a Filosofia Clinica na prática é admirar o mundo, as pessoas, as coisas, as situações, sem querer dar a nossa solução ou interpretação para tudo. A Filosofia Clinica nos ensina como as pessoas podem nos falar de si mesmas. Sem interpretá-las, nós aprendemos delas sobre elas. Reconhecemos diretamente da fonte. Interpretações são secundárias. Afinal é melhor ler uma obra do que o comentador dela. Entrar no universo significativo do outro é abandonar, por momentos, meu próprio universo, ainda que em parte. A recíproca de inversão, ato de ir ao mundo significativo do outro, é um exercício nem sempre tão fácil. As significações são tantas, e algumas podem nos confrontar com valores e modos de viver totalmente opostos aos nossos. Do mesmo modo outro risco

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"(...) Para realizar essa obra, Machado de Assis não se valeu unicamente dos elementos que tirou de si mesmo, mas sobretudo daquilo que encontrou em outros mestres; sua habilidade consistiu em assimilar as lições alheias, sem prejuízo de sua autenticidade pessoal" "Contou Júlio César Machado, num velho folhetim de jornal que, em visita ao Visconde de Castilho, deste ouviu a observação de que tudo se acha nos livros. Pouco depois, deu por falta de seus óculos. Procura nos livros - disse-lhe risonhamente o Visconde. Asim fez o jornalista. E a verdade é que os encontrou dentro de um livro onde os havia esquecido"  "De Assis Chateaubriand poderemos dizer que não foi um homem na singularidade de seu feitio, mas sim uma multidão, com a multiplicidade de suas expressões humanas. Jornalista, homem de letras, professor, homem de empresa, advogado, político, diplomata, agricultor, crítico de arte, fazendeiro, comerciante, tudo isso ele foi no transbordamento

2020 - Recomeço ou continuação?*

David era um menino que não sabia direito a origem de seu nome. Seu pai dizia que era uma homenagem ao grande mágico americano David Copperfield, a mãe replicava alegando que deu o nome pensando no rei David, o grande sábio de Israel. Seja como for, eram duas grandes personalidades inspiradoras para sua vida. Aos cinco anos de idade, como presente de aniversário, foi levado a Las Vegas para assistir ao show de mágicas de seu suposto influenciador nominal. Ficou encantado. Ao final, mais uma surpresa, tirou fotos, abraçou e foi presenteado com a varinha mágica do próprio David Copperfield. No outro dia, ainda no quarto do hotel, chorava copiosamente. Havia sido enganado pelo ídolo. A varinha presenteada não fazia mágica alguma. Era falsa. Frustrado, magoado e indignado com seu xará, enfiou a varinha num saco e prometeu que seria um mágico muito melhor que seu homônimo.   Aos 18 anos, David teve a primeira desilusão amorosa. Não sabia mais o que fazer para reconquistar a

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*

"(...) Mas, quando se trata de obras que gostamos de rever ou de reler, a desordem é sempre uma outra ordem, um novo sistema de equivalência exige essa subversão, não qualquer uma, e é em nome de uma relação mais verdadeira entre as coisas que seus laços ordinários são desatados. Um poeta tem por tarefa, definitivamente, traduzir essas palavras, essa voz, esse acento cujo eco cada coisa ou cada circunstância lhe envia" "(...) precisamos considerar a fala antes de ser pronunciada, sobre o fundo do silêncio que a precede, que não cessa de acompanhá-la, e sem o qual ele nada diria; mais ainda, precisamos ser sensíveis aos fios de silêncio com que é tramado o tecido da fala" "Talvez se veja melhor de que maneira a linguagem significa se a considerarmos no momento em que ela inventa um meio de expressão" "De que maneira compreender esse momento fecundo da língua, que transforma um acaso em razão e, de um modo de falar que desaparecia, faz

Fenomenologia das imagens***

                          “As sílabas recolhidas pelos lábios — belo silencioso círculo — ajudam a estrela rastejante em seu centro.”                                                                        Paul Celan Os sentimentos andam ao lado de nossa vontade. Nossos desejos não são alterações meteorológicas e sim psíquicas. São funções de nossas percepções e sonhos. Um cruzar de ideias que percorrem o tempo de nossa existência. Esse cruzar complexo, onde mora o único valor, o que pode nos manter vivos todas às manhãs quando acordamos. É o acordar do “trajeto antropológico” sob as imagens que circulam nosso Ser esse tempo todo. Sonoridade na dor, na despedida e nas chegadas das imagens. O encontro do vivido com o que buscamos mais adiante do olhar. Meus sentimentos começaram antes do século XX findar. Bem antes, quando ainda sentia poder encontrar através das imagens todas as linguagens que fossem o expressar do cotidiano. O cotidiano lançou seus dados Mallarmaico

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