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Mostrando postagens de julho, 2020

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*

"O pensamento só é interessante quando é perigoso. Perigoso para a opinião consagrada e ronronante que serve de fundamento a todos esses 'pareceres de especialistas' em que se refestela o poder (...) São cada vez mais numerosos os que nada têm a dizer e o dizem em voz alta (...)" "(...) Essa voz do outro, inimiga dos tabeliões, dos chefes de escritório, dos sargentos de toda espécie. Importante que saibamos nos opor ao finório jargão da moralidade bem pensante (...)" "Num momento em que predomina o nomadismo existencial, a divagação intelectual deve oferecer resposta, como num eco. Antes a pergunta que a solução. A precaução, supostamente (se supondo) científica, deve dar lugar à audácia das ideias (...)" "(...) as apresentações vitalistas se empenham em descrever os frêmitos, as efervescências, o fervilhar de uma cultura em perpétua gestação (...)" "(...) Já que Dionísio é, como sabemos, um deus com cem nomes. Não poderia haver melh

Instrução em Filosofia Clínica*

A Filosofia Clínica é um tema amplo a ponto de seu próprio sistematizador, Lúcio Packter, falar que mesmo uma enciclopédia seria um meio limitado para abarcá-lo. Tal tarefa, dizia ele, ficaria a cargo das gerações vindouras de estudiosos desta nova abordagem terapêutica. Em razão desta amplitude, tudo o que se disser sobre a Filosofia Clínica tocará apenas em breves partes do todo que a constitui. Dito isto, pretendo apontar orientações de estudos para os iniciantes a fim de que, ao exercer o trabalho de consultório ou usar seus princípios para as mais diversas áreas profissionais, tenham meios de obter resultados consistentes. Essas orientações não são imposições. Como trabalhamos com a questão da singularidade, cada aspecto apresentado deve ser acolhido, adaptado ou até recusado à medida que encontrar ou não consonâncias em sua Estrutura de Pensamento. A primeira orientação diz respeito ao domínio teórico da abordagem. Embora a prática seja mais complexa do que a exposição didáti

Paraíso Perdido***

"Nota do prefácio I: 'A melhor opinião que alguém pode emitir acerca do Paraíso Perdido - como, aliás, de todas as grandes obras literárias, - é ler e reler o próprio poema, e não perder tempo a ler o que outros escreveram a seu respeito (...)" "Nota do prefácio II: Milton anuncia o tema da sua obra, nos três primeiros versos: ' Do homem primeiro canta, empírea Musa, A rebeldia - e o fruto, que, vedado, Com seu mortal sabor nos trouxe ao mundo'  Satã (...) insinua que Deus pretende manter a Raça Humana à margem da Omnipotência Divina; Satã diz-lhe que Deus, ao interditar-lhes que provassem a Maçã, promulgara um veto arbitrário destinado a mantê-los sujeitos à sua vontade (...)'" "Nota do prefácio III: '(...) É o próprio Satã que relata as supostas afrontas que recebeu de Deus (...) O seu caráter está sintetizado no pensamento que confessa, de que: é melhor reinar no inferno do que ser vassalo no Céu'"  "(...) Eis a região, o so

Reflexões de um Filósofo Clínico*

O meu filho me perguntou qual é o objetivo da vida. Levei uns minutos para lhe responder; foi o Aristóteles quem me soprou a resposta. Disse ao meu filho que o objetivo da vida é descobrir o que melhor fazemos aqui no mundo, e fazer isso cada vez melhor. Fazendo o que fazemos melhor, podemos ocupar o nosso lugar na ordem da existência - o que nos harmoniza com o Cosmos e nos conduz pela estrada da eudaimonia. * * * O critério dos ganhos financeiros não pode ser a medida do sucesso de ninguém. Todos conhecemos pessoas milionárias que levam uma vida miserável. Somente consigo julgar o sucesso de uma pessoa a partir do critério da auto-realização - isto é: a pessoa bem-sucedida é aquela que encontra a realização da sua existência no trabalho que se propõe a fazer, seja intelectual, artístico, técnico ou prático. O dinheiro? É importante para a sobrevivência, nada mais. * * * É por isso que eu já procuro descobrir as aptidões do João. Assim, posso incentivá-lo, de diferen

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*

"(...) Só ficava satisfeito quando conseguia harmonizar os perfumes e as cores dos ramos de flores e mesmo das plantas de jardim. Disponho os cheiros que quero, as pétalas, assim como um escritor dispõe as palavras segundo o significado e o som (...) É poesia então ? O que mais poderiam ser as flores ? Se Deus quisesse escrever um poema, não seria com delfínios e dálias ? "(...) Tanto ela como Peter possuíam a elegância natural que parece pedir para ser fotografada, para transcender o tempo - que evidenciava possibilidades realizadas (...)" "(...) Conheço Nápoles um pouco - ele respondeu - Estive lá uma vez. Abarrotada de gente. Pessoas demais vivendo perto demais umas das outras para o meu gosto. Talvez seja a impossibilidade de dispor de vastos espaços abertos o que torna as pessoas tão duras. As pessoas precisam poder se perder para serem felizes (...)" "(...) Mapas... Por que ele lhe daria mapas ? (...) Talvez para lhe mostrar que havia um mundo além d

O Viajante de Amanhãs*

"O filósofo é uma das maneiras pela qual se manifesta a oficina da natureza - o filósofo e o artista falam dos segredos da atividade da natureza"                                                           Friedrich Nietzsche O espírito aventureiro impróprio à cristalização do saber se refaz nas escaramuças de um território movido a movimento. Seu viés de intimidade precursora se alimenta das ruas, estradas, subúrbios desmerecidos. É incomum que sejam facilmente compartilháveis, esses eventos anteriores ao gesso conceitual.  A irregularidade narrativa como propósito sem propósito se reveste de uma quase poesia, para tentar dizer algo sobre os eventos irreconciliáveis com a ótica dos limites bem definidos. Essa lógica de singularidade flutuante se aplica às coisas irreconhecíveis ao vocabulário sabido.  Seu desprezo pelas fronteiras, objetivadas pelos acordos e leis, é capaz de antecipar amanhãs no agora irrecusável. Num caráter de existência marginal entre o

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

" (...) Todo estado mental é irredutível: o mero fato de nomeá-lo - de classificá-lo - implica um falseamento (...) "(...) Dezenove anos tinha vivido como quem sonha: olhava sem ver, ouvia sem ouvir, esquecia-se de tudo, de quase tudo. Ao cair, perdeu o conhecimento; quando o recobrou, o presente era quase intolerável de tão rico e tão nítido, e assim também as memórias mais antigas e mais triviais (...)" "(...) Logo refletiu que a realidade não costuma coincidir com as previsões; com lógica perversa inferiu que prever um detalhe circunstancial é impedir que este aconteça (...)" "Hladik preconizava o verso porque ele impede que os espectadores se esqueçam da irrealidade, que é a condição da arte (...)" "Talvez Schopenhauer tenha razão: eu sou os outros, qualquer homem é todos os homens, Shakespeare é de algum modo o miserável John Vincent Moon" "(...) O Jardim das Veredas que se Bifurcam é uma imagem incompleta, mas não falsa, do univer

Reflexões e Poéticas da Singularidade*

Quem nunca sentiu dor enquanto o seu corpo crescia e tudo mudava estava distraído demais para perceber que estamos sempre em transformação. Aprender dói porque nos faz crescer e essa transformação nos lança rumo àquilo que ainda desconhecemos. E isso pode ser assustador mesmo quando é necessário prosseguir... A verdade é que não há outro caminho para quem deseja despertar consciência senão ousar rumo ao novo. Provavelmente possa ser esse o fenômeno que nos torne cada vez mais plenos, justos, livres e, por conseguinte, felizes. Parece mesmo que quanto mais nos autoconhecermos, mais conhecimento teremos agora. E curiosamente a recíproca é verdadeira, uma vez que um fenômeno provoca o outro e vice versa intensamente! Suspeito que por isso a solitude agrade tanto aos inquietos por dentro que se permitem transbordar na arte que nesse caso, é uma poesia singular, desinteressada e que ousa sem dó escolher não se adequar a nada já posto a priori como convenção; mesmo respeitando e

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais***

"(...) O mal da rã é que não está aparelhada para mudar de ideia. O mal da rã é que tem um espírito estreito, com uma só linha de pensamento" "(...) Estamos no lugar onde o material se torna espiritual (...)" "(...) o pai da endocrinologia John Jacob Abel,  depois de uma vida dedicada a esta questão, disse: 'Nós os seres humanos, somos farmácias ambulantes'. E não o disse por causa do material que introduzimos em nós, senão por causa do material que fabricamos internamente" "(...) os bacteriologistas pentearam o corpo: e não conseguiram encontrar germes que estivessem causando doenças mentais" "(...) o Dr. Breuer ficou pasmado ao verificar que, quanto mais ela falava, tanto melhor se sentia, até que finalmente tinha 'desabafado' completamente o efeito da ferida emocional que produzira o braço paralisado" "Jung disse que todos, mesmo as pessoas regularmente felizes, aparentemente bem ajustadas, com uma vida sexual sa

Paradoxo das Sincronias - Nunca se está sincronizado totalmente com o mundo*

“Mas sem a integração da crueldade pela vida, também não haveria vida.”                                              Edgar Morin                  Recolher a dor, deixar o tempo tomar conta do instante vivido, deixar de ir ao encontro do que anos atrás se fazia presente, quando a memória podia ser a guardiã. Nesta viagem de agora não estar nem no início e já temer o fim abrupto do mal que surge no horizonte: estrondos e explosões. O tempo que não foge do corpo, está colado nas paredes da alma, invisível é parte de todo o universo.  Um breve esquecimento, o tempo que te salva é o mesmo que passa sem retorno programado. É como ter o controle da memória sem mesmo saber o caminho certo por onde ela anda esse tempo todo. Reprogramar a vida, autoanálise, pensar que os encontros sempre foram parte importante da formação da pequena história de cada corpo. Aqui estou. Reflito sobre a capacidade de encarar a vida sem perder os fios que ligam a memória ao tempo. Se o passado é feito de porta

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais***

"(...) Em primeiro lugar, não há diagnose psiquiátrica; portanto, não se dá o primeiro passo para a invalidação das pessoas. Em termos socialmente eficazes, o verdadeiro significado da diagnose é o de transpassar com uma espada o coração da gnose. É como que o assassinato da possibilidade de se conhecer uma pessoa, perpetrado ao se deslocar a realidade dessa pessoa para o limbo da pseudo-objetividade social (...)" "(...) Rotular alguém de 'esquizofrênico', 'paranóico', 'psicopata', 'pervertido sexual', 'viciado', 'alcoólatra', é como disparar mísseis carregados de bombas contra uma cidade qualquer (...) O fato de não se recorrer, nessas comunidades, à falsa categorização das pessoas é pré-condicionado pela des-hierarquização do grupo (...)" "(...) A saída para esta situação me parece ser a conscientização de que, talvez, para libertar os outros, o melhor que temos a fazer é libertar-nos a nós mesmos (

Dúvidas sobre a Filosofia Clínica*

O que é a filosofia clínica? É uma abordagem terapêutica criada pelo médico e filósofo gaúcho Lúcio Packter que a desenvolveu ao longo dos anos 1980 e iniciou a formação no Instituto Packter em meados dos anos 1990. Packter partiu de vinte e cinco séculos de conhecimentos filosóficos sobre a alma humana e a estruturou como um método de abordagem terapêutica.   Como funciona a filosofia clínica? Ela parte da história de vida e do contexto de seus partilhantes, nome dado a quem procura os serviços do filósofo clínico. A partir da historicidade, o filósofo clínico compreende o modo de ser (Estrutura de Pensamento) e agir (Submodos) do partilhante para encontrar meios de solucionar ou aliviar os conflitos existenciais de diversos âmbitos e naturezas, mapeados ao longo do processo terapêutico. Qual é o diferencial da filosofia clínica? A filosofia clínica trabalha com o pressuposto da singularidade. Assim, cada pessoa, vista de modo único, não é diagnosticada de acordo com a “no

Fragmentos Filosóficos, Delirantes, e algo mais*

"Descrevendo o lógos como um zôon , Platão segue alguns retóricos e sofistas que, antes dele, opuseram à rigidez cadavérica da escritura a fala viva, regulando-se infalivelmente sobre as necessidades da situação atual, as expectativas e a demanda dos interlocutores presentes, farejando os lugares onde ela deve se produzir, fingindo curvar-se no momento em que ela se apresenta ao mesmo tempo persuasiva e constrangedora. O lógos , ser vivo e animado, é também um organismo engendrado (...)" "(...) Todas as traduções nas línguas herdeiras guardiãs da metafísica ocidental têm, pois, sobre o phármakon um efeito de análise que o destrói violentamente, o reduz a um dos seus elementos simples ao interpretá-lo, paradoxalmente, a partir do posterior que ele tornou possível. Uma tal tradução interpretativa é, pois, tão violenta quanto importante: ela destrói o phármakon , mas ao mesmo tempo se proíbe atingi-lo e o deixa impenetrado em sua reserva (...)" "(...

Versões Extraordinárias*

Dentre os sentidos mais aguçados na interação do sujeito com seu ambiente destaca-se a extensão sobrenatural do olhar. Nele as figuras do inesperado se alternam numa dança incrível. Muitas vezes, imobiliza o corpo inteiro para maior nitidez aos fantásticos roteiros. Na busca por descrever ecos da imensidão desconhecida, não consegue perceber a inexistência de vocabulário para compartilhar essas vivências. Assim, na visão dos outros, isso tudo pode significar desatino.    No esboço dos inéditos discursos, ainda existe uma simbologia invisível a olho nu. Com medo de ser desmerecido socialmente, tenta referir coisas sem nenhuma novidade, para se integrar ao mundo normal. Ainda assim, os significados de maior intimidade, apreciam as tentativas de tradução. O visar delirante transgride fronteiras na vastidão do seu entorno. Cria dialetos de versão própria e percorre regiões desconhecidas. Aventura-se por onde ninguém mais poderá chegar, sem seu auxílio. Ao vislumbrar o rasc

Fragmentos Fiosóficos, Devaneios, e algo mais*

"Os escritores ampliam as possibilidades do idioma, levam-no ao limite, buscando sempre uma expressão mais imediata, mais próxima do fato em si que sentem e querem manifestar, quer dizer, uma expressão não-estética, não-literária, não-idiomática. O escritor é o inimigo potencial - e hoje já atual - do idioma. O gramático sabe disso e portanto está sempre vigilante, denunciando tropelias e transgressões, aterrado diante desse deslocamento paulatino de um mecanismo que ele concebe, ordena e fixa como uma perfeita, infalível máquina de enunciação" "Há um estado de intuição para o qual a realidade, seja ela qual for, só pode ser formulada poeticamente, dentro de modos poemáticos, narrativos, dramáticos: e isso porque a realidade, seja ela qual for, só se revela poeticamente (...)"  "(...) há uma realidade apreensível exclusivamente por vias poéticas; compartilha no século uma angústia coletiva do homem diante do problema do seu lugar no cosmos; angústia existencial

Instrução em Filosofia Clínica*

A Filosofia Clínica é um tema amplo a ponto de seu próprio sistematizador, Lúcio Packter, falar que mesmo uma enciclopédia seria um meio limitado para abarcá-lo. Tal tarefa, dizia ele, ficaria a cargo das gerações vindouras de estudiosos desta nova abordagem terapêutica. Em razão desta amplitude, tudo o que se disser sobre a Filosofia Clínica tocará apenas em breves partes do todo que a constitui. Dito isto, pretendo apontar orientações de estudos para os iniciantes a fim de que, ao exercer o trabalho de consultório ou usar seus princípios para as mais diversas áreas profissionais, tenham meios de obter resultados consistentes. Essas orientações não são imposições. Como trabalhamos com a questão da singularidade, cada aspecto apresentado deve ser acolhido, adaptado ou até recusado à medida que encontrar ou não consonâncias em sua Estrutura de Pensamento. A primeira orientação diz respeito ao domínio teórico da abordagem. Embora a prática seja mais complexa do que a exposição di

Fragmentos Filosóficos, Devaneios, e algo mais*

"(...) Para determinar com precisão o caráter específico de toda e qualquer forma do espírito, faz-se necessário, antes de tudo, medi-la pelos seus próprios padrões. Os critérios segundo os quais ela é avaliada e que norteiam a apreciação de suas produções não lhe devem ser impostos de fora, sendo, ao invés, indispensável que derivemos esses critérios das próprias leis básicas que determinam as suas formações (...)" "(...) Neste sentido, cada forma nova representa uma nova 'construção' do mundo, que se realiza de acordo com padrões específicos, válidos apenas para ela" "A diversidade das línguas não concerne aos sons e signos, e sim às concepções de mundo que lhes são inerentes. Nesta concepção encontram-se, para Humboldt, o fundamento e a finalidade suprema de todo e qualquer estudo da linguagem" "Desde cedo o estudo da linguagem constituiu para Wilhelm von Humboldt o cerne de todo o seu interesse e de todas as suas metas intelectuais; já em

Invisíveis*

O que há com aqueles companheiros que esperam calmos e silenciosos ali na plataforma, tão calmos e silenciosos que colidem com a multidão em sua própria imobilidade”                                                                    Ralph Ellison (Homem invisível)   Não engane os vivos, a prova de amor mais bela, a oculta vem para depois do medo, o invisível luta o que pinta, quem escreve morrerá nunca. A música que toca, o texto na tela não é como marca imposta no corpo. Somos milhões pelo mundo, nunca morremos, desaparecemos, cherie . Aos poucos, nos unimos no fundo, profundezas da dor, então, estamos vivos novamente. Continuamos dançando, pintando, o canto nunca silenciará. Somos criaturas invisíveis, somos vozes e corpos que renascem da dor. Somos a mistura da arte com a vida que é ofuscada, da voz que é aterrorizada, vozes surgem de todos os lados do mundo, a invisibilidade é a poética da resistência. A liberdade está dentro dos olhos tristes, da negritude, da brancura e d

Fragmentos Filosóficos, Literários, e algo mais*

"(...) Uma saída é algo que se inventa. E cada um, inventando sua própria saída, inventa-se a si mesmo. O homem é para ser inventado a cada dia" "Digo inventou e não descobriu porque, quando um objeto está absolutamente escondido, é preciso inventá-lo por inteiro para poder descobri-lo" "(...) uns e outros afirmam que a literatura tem por objeto um determinado além inefável, que se pode apenas sugerir, e que ela é, por essência, a realização imaginária do irrealizável" "É que a literatura, salvo no caso de um êxito suspeito, não dava sustento a ninguém na época em que começaram a escrever (...) ela só pode ser uma ocupação 'marginal', ainda que acabe se tornando o principal interesse de quem a exerce" "(...) a burguesia bem sabe que o escritor secretamente tomou seu partido: tem necessidade dela para justificar sua estética de oposição e de ressentimento; é dela que recebe os bens que consome; no fundo, deseja

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