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A filosofia clínica é uma das respostas?
Desde os anos de 1980 (alguns estudos apontam movimentos em décadas anteriores), estudiosos ao redor do mundo começaram a pensar a aplicação da filosofia em atendimentos de consultório. A filosofia clínica é uma dessas propostas. Além disso, ela é genuinamente brasileira, com fundamento e método próprio.
Assim como alguns outros sistematizadores de terapias, Lúcio Packter veio da medicina; mas, como estudioso das psicologias, da neurologia, da psiquiatria e, sobretudo, da filosofia, foi além das compreensões fisiológicas do ser humano.
Os estudos realizados por Packter o levaram a constituir o método da clínica filosófica. Trata-se de um método que nos leva a considerar a singularidade em suas consequências mais radicais: cada pessoa é única, assim como seu contexto, sua história, sua estrutura e seu modo de viver.
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Como assim? A filosofia clínica não tem padrões de procedimentos?
Em filosofia clínica, não há indicações padronizadas sobre o bem viver. Algo que é bom para uma pessoa, pode ser ruim para outra. Essa noção é radicalizada a ponto de constituir o procedimento de trabalho do filósofo clínico.
Há um método construído e atualizado a partir de atendimentos e pesquisas. Ele oferece meios para compreender o outro e proceder de modo personalizado, segundo a estrutura constituinte de quem procura os cuidados do terapeuta.
Essa compreensão está na história de vida da pessoa e seus contextos (historicidade e exames categoriais), nos elementos que a habitam (estrutura de pensamento) e em seu modo de proceder (submodos).
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Se cada pessoa é singular, como vou proceder ?
A proposta da singularidade gera inquietação em alguns formandos em filosofia clínica. A ideia de ver cada pessoa como única em suas características, vivências, constituições, história etc. tem uma consequência clara: a compreensão do que será trabalhado e os caminhos para tal também serão inéditos.
Não há fórmula de como proceder diante de determinados problemas. O método clínico filosófico é de outra ordem. Ele nos conduz a compreensão da pessoa, do partilhante, em sua singularidade.
A partir daí, o que se segue nessa construção compartilhada não
vira estatística ou modelo para repetir em situações futuras semelhantes. Se é
singular, as semelhanças são aparentes ou pontuais, assim como os assuntos a
serem trabalhados e os procedimentos realizados com essa finalidade.
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* Prof. Dr. Miguel Angelo
Caruzo
Filósofo. Escritor.
Filósofo Clínico.
Teresópolis/RJ
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