Na correria do dia a dia, quase
todo mundo já tentou controlar o tempo e sentiu em algum momento que não estava
cumprindo como gostaria todos os papéis existenciais, seja o de filha, mãe,
executiva, líder e tantos outros que assumimos ao longo da vida. Tudo isso
causa uma ansiedade em nós e a pandemia aguçou ainda mais esse sentimento, não
é mesmo?
Em uma época da minha vida eu
vivi isso, um atropelo existencial que refletiu forte em mim. Sei o quanto é
frustrante esse sentimento de que você se dedicou tanto no trabalho, mas no fim
do dia percebeu que só encheu esse pote e os demais papéis de sua vida ficaram
meio vazios. O que me ajudou a centralizar e enxergar tudo para me organizar
melhor foi a Filosofia Clínica.
Para quem não sabe, a Filosofia
Clínica tem uma abordagem terapêutica e usa os conhecimentos filosóficos na
prática. Um dos princípios fundamentais dela é a singularidade, em que cada
pessoa é única e tem sua EP (Estrutura de Pensamento). Esse método pode ser
aplicado tanto na vida pessoal, quanto na realidade corporativa.
O meu primeiro contato com essa
corrente de pensamento foi na A&M, com o filósofo clínico Beto Colombo,
apresentado pelo nosso Country Head, Marcelo Gomes, que também trouxe esse
conceito a todos os nossos líderes. O Beto foi (e ainda é) um mentor que me
ajudou a conhecer minha EP, dividir os meus papéis existenciais e criar um
roteiro para me organizar. Aprendi a vivenciar cada parte do meu dia, como por
exemplo, ter o momento do café da manhã com os filhos antes do trabalho e
voltar a pintar minhas aquarelas. Reaprendi a apreciar as coisas simples,
retomar gostos antigos e, certamente, essa decisão foi essencial para remover o
sentimento de frustração e pude lidar melhor com os dilemas pessoais e
profissionais.
Pude aprender e reconhecer também
que, assim como cada pessoa tem sua estrutura de pensamento, as empresas também
têm a sua. E quando os colaboradores entendem como é a “alma” da organização,
criamos uma empresa singular. Na A&M, usamos a Filosofia Clínica há alguns
anos e tomamos muitas decisões baseadas nessa abordagem. No processo de
recrutamento e seleção, por exemplo, esse conceito funciona muito bem. Fica
claro quando contratamos uma pessoa que “tem a ver com a alma” da empresa, pois
ela se adapta muito mais rápido.
Estou sempre aplicando esse
conceito em minha vida e na empresa. Recentemente, tive o prazer de conversar
sobre isso com o Beto no That’s All A&Mers – podcast interno da A&M
Brasil. Foi sensacional falar sobre a importância de cuidarmos das pessoas nas
organizações e lhes oferecer ferramentas que permitam ser melhores em todos os
papéis existenciais. Afinal, estamos numa longa jornada de vida e precisamos
aproveitar ao máximo os ensinamentos e vivências.
*Lilian Giorgi
HR Senior Director LATAM na
Alvarez & Marsal.
**Beto Colombo
Filósofo. Escritor. Empresário.
Filósofo Clínico. Coordenador da Pós-Graduação em Filosofia Clínica na UNESC
(Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina). Em 2019, por deliberação do
Conselho da Casa da Filosofia Clínica, recebeu a titulação de Doutor Honoris
Causa.
Criciúma/SC
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