tag:blogger.com,1999:blog-44836166222851021242024-03-28T07:34:58.655-03:00Casa da Filosofia ClínicaCasa da Filosofia ClínicaUnknownnoreply@blogger.comBlogger3949125tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-89358056104292412282024-03-25T19:00:00.002-03:002024-03-25T19:00:00.139-03:00Revista da Casa da Filosofia Clínica Outono 2024 - Ed. 08 - Dicionário de Filosofia Clínica<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQGBTuldOUF12Xxe-N1khcRFxPrNR1wI9866Jw-5tNDO_LHN0EKd_8xgif9MRdsOXE7RoYdIRVzIf5PTjeD0magCB8NsN8pqtn4knq96yZcss1NOA5CE0tijSxXuoW3kNpkYWh6wr3ktlrkmiAqCS7RGe0s9TxpViLI8DTlNqT6BBH0Lpta2I1E_V6s1k/s2417/imagem-postagem-blog-revista-casa-filosofia-clinica-outono-2024-01.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2009" data-original-width="2417" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQGBTuldOUF12Xxe-N1khcRFxPrNR1wI9866Jw-5tNDO_LHN0EKd_8xgif9MRdsOXE7RoYdIRVzIf5PTjeD0magCB8NsN8pqtn4knq96yZcss1NOA5CE0tijSxXuoW3kNpkYWh6wr3ktlrkmiAqCS7RGe0s9TxpViLI8DTlNqT6BBH0Lpta2I1E_V6s1k/s320/imagem-postagem-blog-revista-casa-filosofia-clinica-outono-2024-01.png" width="320" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: center;">Revista da Casa da Filosofia Clínica Outono 2024</p><div style="text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1rUh1fxX4umgTgRGJ5hbMORxNRI9UAg7Q/view?usp=sharing" target="_blank">CLIQUE AQUI PARA LER</a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><div>Esta é uma edição especial, nela apresentamos o Dicionário de Filosofia Clínica, uma vez que como novo paradigma, os termos em Filosofia Clínica tem um sentido próprio. No entanto, aqui é importante lembrar, um desafio dessa natureza não é um trabalho acabado, mas sim em constante construção.</div><div>Essa publicação busca ser uma companhia aos estudantes, pesquisadores, profissionais, para esclarecer o significado dos termos agendados, os quais se inserem no contexto da especialização. </div><div><br /></div><div>Leia. Releia. Comente. Compartilhe. Faça o conhecimento circular.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5MnhmjtrcslpM2ZcBW-SvCEV_xlPzdPMYw7TP8ytvhE4biWwW7rrEy54GbBqKlSg349QfUA9k1mieSuifyIYWifDfi6fMUZzrDCV2VuOlybpBmImrVPZPWM6rANK9cRFf8nLkJvdvwqdn1ETcgW6wdI9XQG8Tgto5anrzlEX-g4RvBdOp_19eYIIzguU/s3307/revista-casa-da-filosofia-clinica-ed-especial-outono-2024-01.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3307" data-original-width="2363" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5MnhmjtrcslpM2ZcBW-SvCEV_xlPzdPMYw7TP8ytvhE4biWwW7rrEy54GbBqKlSg349QfUA9k1mieSuifyIYWifDfi6fMUZzrDCV2VuOlybpBmImrVPZPWM6rANK9cRFf8nLkJvdvwqdn1ETcgW6wdI9XQG8Tgto5anrzlEX-g4RvBdOp_19eYIIzguU/s320/revista-casa-da-filosofia-clinica-ed-especial-outono-2024-01.png" width="229" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1rUh1fxX4umgTgRGJ5hbMORxNRI9UAg7Q/view?usp=sharing" target="_blank">CLIQUE PARA LER</a></div><br /><div><br /></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-73494767225421763532024-03-24T07:53:00.002-03:002024-03-24T07:53:26.326-03:00Deslocamentos de autogenia e novo paradigma***<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9RDGk88_OAp5VgPk1YFUUMO_bfBzGe66E2fJvwblBmbaLcSb0GlVO61DiT9hNRkHnhHjhjUGKFOAUdTrZQ2zZK8GMeCpOHOqQ75o7g_zjqyoEdYGPVR_oD0RL1kWyhmCfmaGwEf3PWvdmEaJcdemAymUyyotF794E2u06OOWkPH7TxdauJbYbQWWwHzg/s1080/342381923_141488068892365_1447175511457080270_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9RDGk88_OAp5VgPk1YFUUMO_bfBzGe66E2fJvwblBmbaLcSb0GlVO61DiT9hNRkHnhHjhjUGKFOAUdTrZQ2zZK8GMeCpOHOqQ75o7g_zjqyoEdYGPVR_oD0RL1kWyhmCfmaGwEf3PWvdmEaJcdemAymUyyotF794E2u06OOWkPH7TxdauJbYbQWWwHzg/w248-h248/342381923_141488068892365_1447175511457080270_n.jpg" width="248" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">“Saber melhor sobre a historicidade
de cada pessoa, fazia tudo dançar mais feliz, leve.”</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um belo dia ela saiu de casa
determinada a ser algo mais, além de mãe. Seu amor insistia, agendava,
incentivava que ela tinha um talento para a arte. Buscou a filosofia clínica
para ensaiar-se. Na época os atendimentos aconteciam de modo presencial, na
Cidade Baixa, Porto Alegre. Em clínica ela entendeu que a paixão dominante
podia sair para dançar. Convidou a busca, a semiose e a expressividade e começaram
a experimentar. Uma dança aqui, outra ali, bem aos poucos porque o papel
existencial de mãe lhe tomava por inteiro, em uma dedicação admirável,
prisioneira, estruturante. Respeitamos seu tempo, “sempre tem o momento certo”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sim, ela dizia acreditar que
“sempre tem o momento certo para as coisas”. Uma axiologia a assimilar o tempo,
tomar fôlego, recuperar as forças perdidas nos agendamentos infortúnios das
relações familiares. Quando pequena lhe tiraram a tela e a tinta das mãos, foi
formando ali a artista que é. Seguimos cuidando de o que acha de si mesma. Com
a ajuda da paixão dominante e seus convidados, volta e meia saía para dançar.
Foi assim que começaram a aparecer delicados galhos, verdes folhas, coloridas
flores aquareladas, bichos, gente. Ela percebeu que saber melhor sobre a
historicidade de cada pessoa, fazia tudo dançar mais feliz, leve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Começou a retratar gentes,
sorrisos, olhares, detalhes da face em minúsculas e minuciosas capturas,
percepcionando e expressando com lápis e tintas, as cenas da vida em recíprocas
de inversão, submodo determinante para o ir e vir no fazer da artista desta
fase. Inicialmente em eventos doloridos nesse exercício, ajustando aqui e ali,
as emoções. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os medos foram des-cobertos e investigados
com dedicação, auxiliados por uma epistemologia analítica. Percorremos juntas
os meandros das emoções e seus desdobramentos, travamentos, bloqueios...acabou
fazendo amizade com elas. Em paralelo ensaiava as esteticidades seletivas.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sua reestruturação ocorreu em
tempo próprio, subjetivo. Sofreu os efeitos colaterais de seus remédios
internos, somatizou, mas amparada pelo acolhimento em clínica, seguiu em frente
para conhecer mais e melhor sua singularidade. Agora mãe e artista em uma
combinação potente. Os cuidados com a casa, com o filho, consigo mesma, com seu
amor e uma ou outra amizade verdadeira, a vó...a solidão da maternidade, a ascensão
de um governo fascista, a pandemia pelo Covid e suas mudanças, o desafio dos
afetos e redes de apoio, trataram de lapidar a alma e o fazer da artista em
meio a dor e prazer, descanso e insônia, mortes e vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Processo irreversível, autogenia
complexa, bonita, sólida, a reinventar-se sempre que necessário. Uma autogenia
a compor raridades. A mulher, nisso tudo, se fez mais ciente de si, do mundo,
de seus talentos, de suas relações, de seu poder. Por isso, é um ato
revolucionário, em muitos sentidos, poder exercer o que se é! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Agora quer mais...a autonomia
surge no momento em que a partilhante deixa a clínica para ensaiar-se em outros
lugares, desbravar territórios, mas também quando retorna ao consultório da
filósofa clínica para ajustes, atualizações e organização de sua estrutura de
pensamento e submodos, cuidando da vida que segue avante. Hélio Strassburger
ensina que os deslocamentos exercidos pelas pessoas partilhantes dentro do novo
paradigma da filosofia clínica costumam ter caráter libertário, sendo essa uma
das características resultantes de um método que pretende dar espaço, fazer
surgir e especialmente acolher a singularidade inevitável de cada sujeito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ademais, o reconhecimento e a
aceitação de si e de sua circunstância única recolocam a partilhante em um
local de sujeito de sua própria história e destinos, de seus feitos e des-feitos
em busca de dias melhores, mais significativos e de acordo com suas possibilidades,
seus limites e horizontes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um dos maiores riscos ao entrar
em um consultório pautado pelos métodos da tradição, é o encobrimento e em
certos casos o aprisionamento dessa bela singularidade, com o alienista tratando
de encerrá-la em algum diagnóstico e domá-la através da dependência medicamentosa,
muitas vezes uma vida inteira, para a alegria da indústria farmacêutica, que
junto com a armamentista e os bancos, lideram o ranking dos lucros e a façanha
capitalista na criação de grandes desigualdades sociais. Mais um motivo pelo
qual a filosofia clínica pode e até deve ser um ato de caráter libertário no
reconhecimento e validação das singularidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Autogenias como essa podem ser
freadas, “mortas” ou modificadas quando os sujeitos são destituídos da
oportunidade de compreenderem a si e de serem compreendidos nesses momentos de
travessia. Não há necessidade de aquele que cuida assumir um lugar de saber-poder
à priori diante daquele que é cuidado, ao contrário, a filosofia clínica vem
para dizer que o saber-poder está no próprio sujeito. Sem esse sujeito não há
clínica possível, portanto, a compreensão da singularidade acontece, para o
clínico e para o partilhante, no decorrer dos encontros, em um tempo e lugar
comum, constituídos pela qualidade da interseção aprendiz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Dionéia Gaiardo*<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofa Clínica. Escritora. Mãe
do Gael. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Passo Fundo/RS<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">**Texto originalmente publicado
na edição Primavera/23 na Revista da Casa da Filosofia Clínica. <o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-78195849321892914442024-03-22T07:47:00.001-03:002024-03-22T07:47:10.702-03:00Das minhas últimas leituras*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzRXB_75ZKBjIau-naCTXLM94k4IydBrq_G8t3LFu0s6kcQ171C9QtbZb9cIiHXpezCVab62LV0n9gwpCHrO5rx_GcSGTQfMr-ujbIk5q-yq43KPI7QOjQy9n4xMbMatIqnfwPeEQy89JkOtuXvji7xdm11q8W2oL5I77_VZh_CxHHNmndz8HQyqELZp8/s640/ana%20rita.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzRXB_75ZKBjIau-naCTXLM94k4IydBrq_G8t3LFu0s6kcQ171C9QtbZb9cIiHXpezCVab62LV0n9gwpCHrO5rx_GcSGTQfMr-ujbIk5q-yq43KPI7QOjQy9n4xMbMatIqnfwPeEQy89JkOtuXvji7xdm11q8W2oL5I77_VZh_CxHHNmndz8HQyqELZp8/w260-h260/ana%20rita.jpg" width="260" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O DESAPARECIMENTO DOS RITUAIS /
Uma topologia do presente (Byung-Chul Han / Editora Vozes) - Apresenta os
rituais como técnicas simbólicas de encasamento: transformam o estar-no-mundo
em um estar-em-casa; os rituais estabilizam o mundo, o deixam mais confiável.
Trabalha dimensões como tempo, lugar e circunstância a partir do sentido e
significado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Daí a crítica de um amálgama de
emocionalização e esteticizacão à serviço da mercancia: para potencializar
consumo e produção, o estético é colonizado pelo econômico; hoje não consumimos
só as coisas, mas também as emoções nelas contidas. Ao consumir emoção não nos
relacionamos mais com a coisa em si, mas com a gente mesmo, ganha a relação
narcísica em detrimento da relação com o mundo e com o outro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os próprios valores servem como
objetos de consumo individual, como características distintivas, contabilizados
na conta do ego. Defende rituais também como práxis simbólica, reúnem pessoas
produzindo aliança, totalidade, comunidade de ressonância capaz de um acorde
comum. A crise social atual é de ressonância. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Daí a aversão e repulsão vendidas
e difundidas ao ritual em geral, que passou a palavra escabrosa, aversão a
forma. Rituais não se prestam a interioridade narcísica, a libido do eu neles
não encontra lugar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FILOSOFIA CLÍNICA / Anotações e
reflexões de um consultório (Hélio Strassburger / Editora Sulina) - Capturou
minha atenção tanto pela poética contida na exposição quanto pela envergadura
ao nos apresentar o novo paradigma, com aportes de expressões humanas outras,
utilizadas como meio de aproximação e revisão dos próprios conceitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A Filosofia Clínica como
metaterapia requer metalinguagem, em construção. A narrativa não reduz, amplia.
O arcabouço teórico, constantemente vivificado e revisitado pela prática,
permite o respirar dos conceitos que se entrelaçam em dançante coreografia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Da articulação dos movimentos
dessa construção compartilhada emerge a subjetividade em sua melhor condição.
Como leitores podemos não só observar o baile como bailar junto, ora na pele de
filósofo clínico, ora na pele de partilhante. Isso quando não se conduz uma
clínica em paralelo, não no intuito de eliminar o ineditismo da cena, próprio
do existir, mas para abraçar facetas outras da multiplicidade que somos nós e
que é o viver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Ana Rita De Calazans Perine. </span></b><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofa Clínica, Pesquisadora, Educadora, Mobilizadora Social e Empresarial.
Cofundadora do Instituto ORIOR. Formação em Ciências Jurídicas e Sociais,
Filosofia Prática e Filosofia Clínica (IMFIC / Instituto Packter – ANFIC / Casa
da Filosofia Clínica). Trinta anos dedicados a pesquisas, aplicação e difusão
de ciências humanas e afins. Atua na área de Desenvolvimento Humano e
Transformação Cultural, fortalecendo partilhas e redes transdisciplinares de
aprendizado. www.orior.com.br/ana-rita</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Canela/RS</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-39055786593363319882024-03-20T08:00:00.006-03:002024-03-20T08:00:50.906-03:00Certo ou errado? *<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiNANFqOd2BIslepfikGJfuj21vX2D1MUqY3HC1Ll1n3pYJC5sKFMahPxjCTxs3IjGpRlDF8Vs262oRe3Dm8iT7U6IQNDnIr-owV_IK0SRMrXAkbV16eFZVE_OHjONL-6pMKkS3hOvsrAIOKZ3fBt0ZvpOFdss_rjlkWSP_qtFpcK_BO6oZgOm7xAFo7k/s231/12347845_10206810683859498_6016646344401706358_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="231" data-original-width="231" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiNANFqOd2BIslepfikGJfuj21vX2D1MUqY3HC1Ll1n3pYJC5sKFMahPxjCTxs3IjGpRlDF8Vs262oRe3Dm8iT7U6IQNDnIr-owV_IK0SRMrXAkbV16eFZVE_OHjONL-6pMKkS3hOvsrAIOKZ3fBt0ZvpOFdss_rjlkWSP_qtFpcK_BO6oZgOm7xAFo7k/s1600/12347845_10206810683859498_6016646344401706358_n.jpg" width="231" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Será que podemos universalizar
que tudo é relativo? Foi difícil eu aprender que generalizar me fazia reduzir
os fenômenos. Na multiplicidade e vastidão existencial precisei compreender que
as singularidades marcam as diferenças. Por mais que prestasse atenção, volta e
meia, eu me pegava escrevendo e falando: - Tudo!</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Vício comum em delimitar o mundo
como certo ou errado. Existe a relatividade da singularidade assim como o
existe o universal. Para o pré-socrático Parmênides tudo É, para Heráclito
existe o Vir a Ser em contínua mutação. A essência É, a existência muda
continuamente. Compreendo que as coisas podem ser e não ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por que desta reflexão?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ao reduzir os fenômenos à “tudo”
posso julgar, criticar, como se houvesse um certo e errado universal. Hoje sei
que as coisas podem ser certas ou erradas para mim. O mundo é representação
minha. Eu vejo e interpreto o mundo de acordo com minhas experiências,
agendamentos, aprendizagens, cultura…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aprendi que parar, refletir, para
mim, me humaniza, me faz olhar o outro como diferente de mim e que o outro me
ensina quem ele é. Ao invés de julgar e criticar o outro, ele se torna meu
mestre e me torno eterna aprendiz. Saio da caixa e me permito experimentar
novas possibilidades. Modifico meu olhar e minha vida se enriquece.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Deixei de lado o “tudo” e vou
agora vivendo a existência em seu movimento surpreendente. Tem valido a pena!
Experimente também!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Dra Rosangela Rossi<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Psicoterapeuta. Escritora. Palestrante.
Artista Plástica. Filósofa Clínica<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Juiz de Fora/MG<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-23010639370198761912024-03-18T07:39:00.004-03:002024-03-18T07:39:41.731-03:00A ordem do discurso*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOQDc0gvge2BZY7EvGffFLeK-HB7gT1rCunZ6UslScq99iRBFEWG0PRVXRK3L4L4hSoGXdZG1b4JudlcIyhLDVMIbBXNPUOEyixyzhwhuoB06PLpTj6vyMpc-uuc9zlQ9OVWJ9E_xwb1PgDLDu94efNhyphenhyphen0x1haojXHolfgHmGx3wUfpqZuZfS5ws-2pHk/s200/482742_524975820878657_1315247659_n%20(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="150" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOQDc0gvge2BZY7EvGffFLeK-HB7gT1rCunZ6UslScq99iRBFEWG0PRVXRK3L4L4hSoGXdZG1b4JudlcIyhLDVMIbBXNPUOEyixyzhwhuoB06PLpTj6vyMpc-uuc9zlQ9OVWJ9E_xwb1PgDLDu94efNhyphenhyphen0x1haojXHolfgHmGx3wUfpqZuZfS5ws-2pHk/w211-h281/482742_524975820878657_1315247659_n%20(1).jpg" width="211" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;">Eu deitado na rede. Que o médico
disse para pescar todos os sentidos profundos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Rogério de Almeida</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A labuta de Paul-Michel Foucault,
filósofo, que nasceu em Poitiers, na França, na década de 20, tem influenciado
o pensamento em muitos campos da teoria social, principalmente da educação. Um
dos principais desafios foucaultianos é a visão de que verdade e poder estão
mutuamente interligados, através de práticas contextualmente específicas, que
por sua vez, estão intimamente intrincadas à produção do discurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No magnífico texto, A Ordem do
Discurso, Foucault ao se pronunciar, percebe uma voz sem nome, e com isso
permite ser arrebatado pela palavra. Com sólidos conhecimentos acerca das
diversas manifestações de poder através do discurso, Foucault nos leva a
compreender as idéias básicas de sua linha filosófica sobre saber, poder e
sujeito, bem como a descobrir o poder das palavras no discurso do indivíduo,
que ora o exclui, reprime, ora o torna dono do saber do poder, como muito bem
se define nos procedimentos externos ou internos de controle e delimitação do
discurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desse modo, Foucault arrazoa a seguinte
Hipótese: em todas as sociedades a produção de discursos é regulada,
selecionada, organizada e redistribuída; caracterizando, portanto, o poder da
palavra e os eventuais perigos decorrentes dela. O discurso é controlado,
selecionado, organizado e redistribuído por certo número de procedimentos, que
servem para conjurar seus poderes e perigos e dominar seu acontecimento
aleatório, esquivar sua pesada e temível realidade, quais sejam: os
procedimentos exteriores de controle e delimitação do discurso, procedimentos
internos de controle e delimitação do discurso e imposição de regras aos
sujeitos do discurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Dessa forma, esses discursos
pretendem ditar ao indivíduo o papel que ele precisa desempenhar na sociedade.
Percebe-se um alerta de Foucault, levantando alternativas sobre a visão desse
indivíduo que reina no mundo, e que o discurso coercivo e universal,
posiciona-o numa trilha, que funciona como o caminho da verdade, ou seja, o
caminho que deve ser seguido e que interessa ao poder.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os procedimentos exteriores
usados em nossa sociedade são: o de exclusão (a palavra proibida, a segregação
da loucura e a vontade de verdade), na qual, a palavra proibida sofre uma
interdição (tabu do objeto, ritual da circunstância e direito privilegiado ou
exclusivo do sujeito que fala). O lugar onde a interdição torna-se mais
evidente, é sem dúvida, no discurso da política<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e da sexualidade. É como se esse lugar, distante de ser esse elemento
translúcido ou neutro, onde a sexualidade desarma-se e a política amansa-se,
fosse um atemorizante poder. Percebe-se aí, o desejo de poder sobre o discurso;
este, além de exprimir o desejo, é também seu alvo, representando um poder, que
ansiamos abarcar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O segundo princípio de exclusão é
o da oposição razão e loucura. O discurso do louco, ora é visto como sem
importância, sem fundamento, não tendo verdade alguma, e em outras ocasiões,
impõe-se como verdade oculta, vislumbrando aquilo que a sapiência alheia não é
capaz de perceber. Observa-se na contemporaneidade, que a fala do supostamente
louco, ao contrário de ser nula, é estudada, buscando-se nela um sentido. Para
Foucault, inúmeras vezes chegamos a surpreendê-la, naquilo que nós mesmos
proferimos, ou seja: no distúrbio minúsculo, por onde aquilo que dizemos nos
escapa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O terceiro sistema de exclusão é
a oposição verdadeiro e falso, que é assinalada por uma série de contingências
históricas, sendo amparadas pelo sistema de instituições, impondo-as, de certa
maneira, sobre pressão. A vontade de verdade é reforçada e reconduzida por um
conjunto de práticas como: a pedagogia, os sistemas dos livros das bibliotecas,
as sociedades de sábios e os laboratórios da atualidade. Desse modo, essa
vontade exerce sobre o discurso uma espécie de coação, com poderes de coerção,
através dos quais, atribuímos ao discurso sua validade ou falsidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Existem também os procedimentos
internos, visto que são os discursos mesmos que exercem seu próprio controle,
funcionando no nível de classificação, ordenação e distribuição, submetendo à
outra dimensão do discurso: a do acontecimento e do acaso. O comentário é um
destes procedimentos, através do qual os discursos são proferidos, assim
permanecem e estão ainda por ser tal; a exemplo temos os textos jurídicos,
religiosos, literários e científicos. Em suma, a função do comentário é a de
pronunciar o que estava articulado no texto primeiro, dizendo pela primeira
vez, aquilo que já havia sido dito e, estresir incansavelmente o que, não havia
jamais sido dito. O novo não está no que é dito, e sim no acontecimento à sua
volta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O segundo procedimento interno
sabido é o autor, entendido como princípio de agrupamento do discurso, unidade
e origem de suas significâncias, como foco de seu nexo, introduzindo desse
modo, a linguagem fictícia do mundo real. O autor profere Foucault, limita o
acaso através da relação entre uma identidade, que tem a forma da
individualidade e do eu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Disciplina é o terceiro princípio
de limitação do discurso. As disciplinas são constituídas por um conjunto de
proposições, que se dirigem a um plano de objetos determinados, estando em
constante avanço. Podemos pensar em um jogo de regras, definições, técnicas e
instrumentos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Para que uma proposição pertença
a uma disciplina, é necessário que ela atenda certas exigências, para
certificar se é verdadeira. A disciplina limita o discurso, devido à suas
exigências, que se relacionam a determinada época. Igualmente, na contemporaneidade,
um indivíduo pode proferir a verdade, mas não estar contextualizado no que é
considerado verdadeiro, no discurso de sua época. Assim sendo, a disciplina
conjura o acaso da aparição do discurso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O terceiro grupo de controle do
discurso, estabelecido por Foucault, é a restrição, que determina as condições
de funcionamento, impondo regras aos indivíduos que pronunciam, restringindo
seu acesso a partir de certas exigências que qualificam o sujeito a fazê-lo ou
não.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Troca e comunicação são formas
restritivas, na medida em que o ritual qualifica e define o que devem possuir
os pronunciantes; definindo os gestos, comportamentos e circunstâncias, entre
outros signos que fazem parte de um discurso, garantindo a eficácia das
palavras e os efeitos sobre aqueles aos quais se dirigem as demarcações de seu
denodo de coerção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Outra forma de restrição é o
segredo que está presente na ordem do discurso verossímil, assim como na ordem
do discurso publicado e isento de qualquer ritual; a estes chamamos sociedades
de discurso, pois de certa maneira o produzem conservando-o em um espaço
restrito. Podemos citar como arquétipo desta sociedade exclusivista, o segredo
técnico ou científico, e as formas de difusão e de circulação do discurso
médico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As doutrinas religiosas,
políticas e filosóficas, representam uma terceira forma de ressalva. Contudo,
ao revés da sociedade de discurso, o conjunto de princípios de uma doutrina são
divulgados e partilhados por diversos indivíduos. O que a torna excludente é o
fato dela inquirir o sujeito que fala, através e a partir do enunciado. Quando
o que é transmitido não corresponde ao grupo de verdades da doutrina, o
indivíduo é incriminado de heresia, sendo excluído da classe a qual pertence.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A educação representa outra forma
de apropriação social do discurso. Mesmo sendo um direito, ao qual
teoricamente, todo indivíduo tem acesso, esta se torna restrita em sua
distribuição; no que impede as linhas que estão marcadas pela distância,
oposições e lutas sociais; esta é uma maneira política de manter e modificar as
apropriações do discurso, através dos saberes e poderes que trazem consigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Considerando os pontos abordados
por Foucault em A Ordem do Discurso, percebe-se a importância de uma leitura
mais consciente e reflexiva do mesmo, principalmente para os educadores, que de
certa forma, estão autorizados a falar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sabendo-se analisar as relações
de poder-saber veiculadas na sociedade, é possível identificar as
características e práticas particulares que têm efeitos perigosos, dominadores
ou negativos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ter um olhar original para as
engrenagens das instituições educacionais, argüir a verdade dos discursos -
inclusive os próprios – pode abrir possibilidades de transformação na prática
educativa. Rematando e retomando o início do discurso, Foucault diz: “... É
preciso continuar, é preciso pronunciar palavras enquanto as há, é preciso
dizê-las até que elas me encontrem, até que elas me digam – estranho castigo,
estranha falta, é preciso continuar, talvez já tenha acontecido, talvez já
tenham dito talvez me tenham levado ao limiar de minha história, diante da
porta que se abre sobre minha história, eu me surpreenderia se ela se abrisse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Mariah de Olivieri<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofa, Mestre em Filosofia, Artista
Plástica, Especialista em Filosofia Clínica na Casa da Filosofia Clínica.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Porto Alegre/RS<o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-82694252790264222642024-03-16T07:36:00.004-03:002024-03-16T07:36:43.154-03:00A biblioteca e os livros*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW2dG8o1cVeg6BknB4MnA6zyIb9p2kXcbFkoQFY2obSYNxgW5uttXuzorRxSZtQ0hui2O-e0Rx2bLmu6MN6FzbJ2hrxSgG7lspaT0YgggJPGckwv0LnWC4ul3gFt41uls_kNKYGr0cbnxpj3HsLh_rq3Ar1smMktB4HspCFcnOFYiaFCZsqIZBOfh87jk/s960/Gustavo%20Bertoche.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="959" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW2dG8o1cVeg6BknB4MnA6zyIb9p2kXcbFkoQFY2obSYNxgW5uttXuzorRxSZtQ0hui2O-e0Rx2bLmu6MN6FzbJ2hrxSgG7lspaT0YgggJPGckwv0LnWC4ul3gFt41uls_kNKYGr0cbnxpj3HsLh_rq3Ar1smMktB4HspCFcnOFYiaFCZsqIZBOfh87jk/w256-h256/Gustavo%20Bertoche.jpg" width="256" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Uma biblioteca não é simplesmente
um lugar em que podemos ler livros.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Cada biblioteca é uma praça de
resistência. É uma das últimas instituições em que qualquer pessoa pode entrar
e ter livre acesso a bens de alto valor econômico sem que ninguém queira
cobrar-lhe alguma coisa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em "Fahrenheit 451",
Ray Bradbury descreve uma distopia em que os livros são proibidos. Lá as telas,
a televisão, o entretenimento interativo tomam todo o lugar da cultura
literária. Conseqüentemente a população se torna mansa e estúpida - e passa a
odiar os livros como se fossem “armas carregadas”:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">"Nada mais simples e fácil
de explicar! Com a escola formando mais corredores, saltadores, remendadores,
agarradores, detetives, aviadores e nadadores em lugar de examinadores,
críticos, conhecedores e criadores imaginativos, a palavra 'intelectual', é
claro, tornou-se o palavrão que merecia ser. Sempre se teme o que não é
familiar. Por certo você se lembra do menino de sua sala na escola que era
excepcionalmente 'brilhante', era quem sempre recitava e dava respostas
enquanto os outros ficavam sentados com cara de cretinos, odiando-o. E não era
esse sabichão que vocês pegavam para cristo depois da aula? Claro que era.
Todos devemos ser iguais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem todos nasceram livres e
iguais, como diz a Constituição, mas todos se 'fizeram' iguais. Cada homem é a
imagem de seu semelhante e, com isso, todos ficam contentes, pois não há
nenhuma montanha que os diminua, contra a qual se avaliar. Isso mesmo! Um livro
é uma arma carregada na casa vizinha. Queime-o. Descarregue a arma. Façamos uma
brecha no espírito do homem. Quem sabe quem poderia ser alvo do homem que lê?
Eu? Eu não tenho estômago para eles, nem por um minuto." (R. Bradbury.
Fahrenheit 451. Trad. Cid Knipel. São Paulo: Mediafashion, 2016. Pp. 59-60)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De fato: os livros têm um
potencial de agressão. Eles agridem o autoritarismo, o sadismo, a ignorância;
eles agridem a credulidade e a resignação das pessoas. Os livros nos conduzem a
uma altitude de onde podemos ver o panorama com maior clareza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um leitor de livros é um
indivíduo perigoso: ele inevitavelmente desconfia do poder político, do poder
econômico, da imprensa, de gurus – e é capaz de exercitar a humanidade quando
tudo em volta desumaniza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No romance de Bradbury as
pessoas, proibidas de ter livros, decoram as suas obras favoritas – elas
tornam-se livros, numa tentativa desesperada de salvar a cultura literária,
isto é: de salvar a humanidade no ser humano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nós não precisamos recorrer a
esse artifício extremo. Ainda temos bibliotecas. Ainda temos livros. É preciso,
todavia, defendê-los da ameaça de nosso tempo – que, em lugar da fogueira, é a
ignorância orgulhosa de si, a ignorância que defende o direito de permanecer
ignorante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Prof. Dr. Gustavo Bertoche<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofo. Mestre e Doutor em
Filosofia. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação da
Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa”.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Teresópolis/RJ</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-49585765846857793592024-03-14T09:57:00.002-03:002024-03-14T09:58:46.848-03:00A matemática simbólica e a singularidade*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlrAJplKjAPhFfhRAsUXJdj3J1AmQVlRPM68nbr9V2iPjj-Vi-_0BNGJaW4YMpXeq6lMDxG5toYY8g4erS75PvzR01IwKM7sjywNNPjN_GTTaaM4xNQxIwUzT468tqGGkyd-s6lsDbmXS-d5cViOs-hULs-9d8zAdNZ3N0kuOh28zoYyy659DTaY02mVk/s1440/46499205_995749310615477_7286547382148268032_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlrAJplKjAPhFfhRAsUXJdj3J1AmQVlRPM68nbr9V2iPjj-Vi-_0BNGJaW4YMpXeq6lMDxG5toYY8g4erS75PvzR01IwKM7sjywNNPjN_GTTaaM4xNQxIwUzT468tqGGkyd-s6lsDbmXS-d5cViOs-hULs-9d8zAdNZ3N0kuOh28zoYyy659DTaY02mVk/w245-h245/46499205_995749310615477_7286547382148268032_o.jpg" width="245" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A novidade da filosofia clínica é
a afirmação da singularidade. Cada partilhante é critério de si, a partir de
sua historicidade, fornecendo parâmetros à realização dos procedimentos
clínicos ao terapeuta. Mas, alguns desdobramentos dessa abordagem terapêutica
são questionáveis. Refiro-me a questões relativas à matemática simbólica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Para refletirmos, uso a filosofia clínica como o método para melhor explicá-la, corrigi-la e desenvolvê-la. As linhas seguintes demandam concisão. Considero a filosofia clínica capaz de compreender formulações complexas ao analisar suas composições estruturais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">No início da “Filosofia Clínica: propedêutica”, Lúcio Packter destinou as primeiras linhas para explicar o contexto histórico que permeou sua vida no período no qual iniciava suas pesquisas para a sistematização daquilo que mais tarde receberia o nome de filosofia clínica. A categoria circunstância descrita pelo autor nos ajuda a suspeitar que como o mundo parece é um tópico determinante em sua estrutura de pensamento.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A poética presente em como Lúcio fala da filosofia clínica mostra o quanto o vice-conceito permeia seu modo de ser. Trata-se, possivelmente, da manifestação da sensibilidade que o tornou aberto às demandas existenciais dos partilhantes. Sua formação musical, as leituras filosóficas e literárias e as experiências de vida desde a infância cunharam um gênio cuja contribuição foi uma nova forma de terapia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Durante as pesquisas, Packter estabelece diálogos entre os atendimentos e as leituras sobretudo das obras dos filósofos. Ele relata ter de abrir mão de teorias por não servirem à prática. Suas preferências teóricas são suspensas em prol da escuta do partilhante. Eis um critério fundamental para pensarmos a filosofia clínica e as investigações de aprofundamento: servir ao consultório suspendendo até nossas preferências.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Quando Lúcio iniciou suas investigações, havia passado pela formação em medicina. A graduação em filosofia ocorreu quando resolveu divulgar o resultado de suas pesquisas, isto é, quando a filosofia clínica estava sistematizada. Sua peculiar visão e leitura da filosofia é feita como uma metafilosofia, ou seja, ele a lê como filósofo clínico desde o início de suas pesquisas. Por isso, nos anos 1990, quando escreveu que poderia haver pareceres distintos no consultório por filósofos clínicos com preferências por determinadas escolas de pensamento, sua referência são leituras de filosofia a seu modo e não como realizadas na academia. Além disso, provavelmente não percebia a consistência e autonomia da filosofia clínica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Em outras palavras, a filosofia clínica é, por si, um sistema. Não se encontra a filosofia clínica nos autores lidos por Lúcio. A leitura desses pensadores foi feita por um filósofo clínico desde antes da sistematização. Por isso, alguns continuadores do projeto de Packter, ao tentar contribuir para a reflexão sobre a clínica filosófica, desdobram teorias inférteis. Eles leem segundo os critérios acadêmicos e não segundo a necessidade da prática.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A matemática simbólica surge como promessa, um estudo posterior (avançado?) à apresentação das três bases da filosofia clínica: exames categoriais, estrutura de pensamento e submodos. Logo vieram as autogenias verticais, horizontais, transversais, as sinonímias, as pós-autogenias e outros apelos simbólicos. No primeiro momento, os padrões autogênicos apontam para uma dimensão abrangente do partilhante. Porém, ainda pode ser considerada abarcando as três bases. Deste modo, continua a ser uma perspectiva compreendida a partir do partilhante. Este permanece sendo o critério do trabalho terapêutico.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Aos poucos, outro termo equívoco surge: “bases categoriais”. Os exames categoriais, antes preenchidos segundo o relato do partilhante, começa a ser exposto e refletido (a priori) pelo filósofo clínico. Então, a escuta mescla com como o mundo parece. Pois, se cada pessoa tem uma representação de mundo, quando o filósofo diz qual é a base categorial de seu partilhante, e mais, de sua época, o tópico do terapeuta torna-se o critério.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Junto às bases categoriais, são apresentados elementos como as autogenias horizontais e as verticais. Se consideramos tais autogenias respectivamente (1) segundo critérios de modificações dentro de um mesmo padrão autogênico e (2) enquanto modificação nas categorias, na estrutura de pensamento ou até dos submodos, conforme apresentei em meu livro, estaríamos respeitando a proposta revolucionária dos anos 1990. Mas, entraram critérios como as densidades.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Com isso, as características de época – bases categoriais – situam quais as densidades comuns em nossa (segundo quem?) época, em períodos anteriores, em novas épocas e, nesse contexto, quais são as pessoas mais mecânicas ou mais e menos densas, em quais patamares existenciais se encontram etc. Sócrates, Jesus e Buda, por exemplo, tornam-se “modelos” de menor densidade, mais etéreos, menos lógicos racionais, mais intuitivos e conceituais. Se a intenção com tais nomenclaturas não é a de construir parâmetros externos – as tipologias –, os vice-conceitos com seus termos equívocos passaram essas ideias para inúmeros filósofos clínicos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A filosofia clínica é maior do que Packter suspeitou. Sua constituição pode denunciar as contradições e as inconsistências teóricas e práticas de seus filósofos – sem exceção. A matemática simbólica pode contribuir ao manter-se parte do método, resguardando o caráter emancipatório do princípio da singularidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Filósofo. Escritor. Professor. Mestre e Doutor em Filosofia pela UFJF-Universidade Federal de Juiz de Fora/MG. Autor da obra: "Introdução à Filosofia Clínica". Ed. Vozes/RJ. 2021. Em 2019, por indicação do conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de "Doutor Honoris Causa".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">**Texto publicado originalmente na edição Verão da Revista da Casa da Filosofia Clínica.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Bibliografia:<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">CARUZO, Miguel Angelo. Introdução à filosofia clínica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">FERNANDES, Cláudio et. all. (Org). Filosofia Clínica: Tópicos. São Paulo: Ed. Própria, 2021.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">GOYA, Will. A escuta e o silêncio: lições do diálogo na filosofia clínica. Listening and silence: lessons from dialog in clinical philosophy. trad. Clare Charity; revisão Fernanda Moura e Thais Campos. 2ª edição revista e ampliada. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">PACKTER, Lúcio. Caderno A. Porto Alegre: Instituto Packter, s.d.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">PACKTER, Lúcio. Filosofia Clínica: propedêutica. Porto Alegre: AGE, 1997.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">STRASSBURGER, Hélio. Filosofia clínica: anotações e reflexões de um consultório. Porto Alegre: Sulina, 2021.</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-29775272857108986002024-03-12T07:45:00.004-03:002024-03-12T15:25:17.915-03:00Sobre os deslizes das margens*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMsXF_dec3XjJEDQ3yOzCui9EOpZB2N9oq9Bn2U0GMynKzQaiiiyJ-3ydmDNkblKADfcU8kSthDta2lOuWFSghvKH8yFYCd6E6JTr1MMTikvuRItnGCnrfnnANKFDGbno5-8t7mmFD55ZLOcczkijziYPasv2uEep4qb_zTEE0HYCpo4qGlz8qlhzbuHU/s960/19251303_1339881876131520_1541339002_n.jpg" style="clear: left; display: inline; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMsXF_dec3XjJEDQ3yOzCui9EOpZB2N9oq9Bn2U0GMynKzQaiiiyJ-3ydmDNkblKADfcU8kSthDta2lOuWFSghvKH8yFYCd6E6JTr1MMTikvuRItnGCnrfnnANKFDGbno5-8t7mmFD55ZLOcczkijziYPasv2uEep4qb_zTEE0HYCpo4qGlz8qlhzbuHU/w217-h289/19251303_1339881876131520_1541339002_n.jpg" width="217" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Um cotidiano inacreditável
compartilha suas origens na contradição com o mundo normal. Seu viés, ao
surpreender a lógica dos princípios de verdade, descreve um saber estrangeiro.
Sua expressividade insinua uma pluralidade estética.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Sua dialética existencial se apresenta nas escolhas, atitudes, alternância de papéis existenciais. Pressentindo seus deslocamentos e a linguagem por onde se diz, pode-se acolher e traduzir a pátria exilada em si mesma. Sua irrealização aprecia reescrever para além de uma vida acumulando raízes. Ao espírito de rebanho, normalizado pela drogaria psiquiátrica, ser singular é doença.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Nesse imenso território de dúvidas, inseguranças, um sujeito ameaça surgir. Seu deslize pessoal, ao mencionar os labirintos da subjetividade, amplia o fenômeno humano desconsiderado. Esse rascunho permanece invisível ao olhar cotidiano. Manuscritos precursores em tratativas de libertação. Sua lógica delirante esboça uma poética da singularidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Com o vislumbre desses instantes de desconstrução, os velhos endereços prescrevem suas técnicas de resistência, manutenção, domesticação. Ao desfocar essa intimidade, o sujeito, por algum tempo, pode ficar à deriva, até reencontrar-se numa nova conformação existencial.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">As novas verdades podem surgir como vertigem, crise, estranhamento, desajustando o mundo de onde partiram. Em muitos casos, com autorização e cumplicidade da família, o alienista prescreve a correção aos desajustes.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Para os princípios de verdade, o que poderia ser uma relação de ensaio e libertação se traduz em alguma fôrma de loucura. A psiquiatria e a neurociência, sem outros recursos à disposição, ao definir os ensaios pessoais como patologias, oferecem seus remédios, propõe sua cura. Seu olhar, recheado de boas intenções, ao sustentar as tipologias, reverencia o deus farmácia, um dos donos do rebanho!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Uma conjugação da introspecção com a alteridade pode fazer reconhecível esse saber estrangeiro. Metafísica de um aqui-agora a conter múltiplas mensagens. Um devaneio discursivo aprendiz da imaginação criativa. Interseção por onde as margens deslizam para conhecer novas águas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Hélio Strassburger in "<u>A palavra fora de si - Anotações de Filosofia Clínica e Linguagem"</u>. Pág. 121. Ed. Multifoco/RJ. 2017.</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-81146464242353587292024-03-10T09:02:00.001-03:002024-03-10T09:02:07.793-03:00Tempo*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRLrrwzhcCrQWREa9KIQJ5wX0wix_-wJp4_syOK3wtAbsyEaKo-VDPSX9mj_lu-HNs0IIq6zrZi9lC2G4qRUY2NjVBhESF_RDzbl3WHzL33s11H-NbjsT1HKahQ9pTGYpukeJmmZlxq2gyThyphenhyphen-HOUUGwKnI3BrWj_qwflT-8Onl9UN54zPolcp7AHMAX0/s1440/Luis%20Gomes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRLrrwzhcCrQWREa9KIQJ5wX0wix_-wJp4_syOK3wtAbsyEaKo-VDPSX9mj_lu-HNs0IIq6zrZi9lC2G4qRUY2NjVBhESF_RDzbl3WHzL33s11H-NbjsT1HKahQ9pTGYpukeJmmZlxq2gyThyphenhyphen-HOUUGwKnI3BrWj_qwflT-8Onl9UN54zPolcp7AHMAX0/w256-h256/Luis%20Gomes.jpg" width="256" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;">“... de receber do tempo o sonho
mais profundo.”</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e. e. cummings <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Deslocamento existencial. O
caminho entre a juventude e a leitura, passando pela dor constante do tempo
perdido, do amor, da guerra, da morte, o falso-dorso, entre páginas marcadas
por cintilante tinta, o esquecido entre as estantes, livro empoeirado, leitura
retomada, a lentidão do passo, o caminhar até a cozinha, o ir até a piscina,
nadar para salvar a alma do cansaço, uma dose de esperança, coração, a mão e
braços em movimento constante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O aprendizado da vida, retilíneo
de uma margem a outro lado do rio, olhar em viagem constante, o remédio em
dose, a pressão arterial em sinfonia com violinos, abatimentos ocultos, o corpo
em sincronia com o tempo de viver, o acordar antes que o tempo se apresse, o
café ao sol, a fruta seca à janela, o pássaro que canta na palmeira. O primeiro
dia da semana, o copo de vinho depois do expediente, a leitura final no começo
da noite. A eterna solidão deste lugar sem futuro. Um país que envelhece os
sonhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Prof. Dr. Luis Antonio Paim
Gomes<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofo. Mestre em Filosofia. Doutor em Comunicação. Editor. Escritor. Livre
Pensador.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Porto Alegre/RS</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-65377716039729181172024-03-05T07:28:00.003-03:002024-03-05T07:31:08.052-03:00Ouvir e compreender*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyifdfN0RaFbOvjd6gplCjq3rubBL2A-adiLYdUdQ-hZJ32x7MjeBzbfemvJIIWH6JilaiVeMtULIYfrQTdfICd0vCULEi_G3HCiQXXhRkaD6kXEItJzr5mQ9UiR6BjQfH7f_yqWzDgo2RgFplp-I5Ix67SopD4Y7Q1d6MhoJdS0jBwkkUMWYS4t6fJcU/s241/13043462_1054273554610708_175726217455708777_n%20(1).jpg" style="clear: left; display: inline; font-weight: bold; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="241" data-original-width="241" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyifdfN0RaFbOvjd6gplCjq3rubBL2A-adiLYdUdQ-hZJ32x7MjeBzbfemvJIIWH6JilaiVeMtULIYfrQTdfICd0vCULEi_G3HCiQXXhRkaD6kXEItJzr5mQ9UiR6BjQfH7f_yqWzDgo2RgFplp-I5Ix67SopD4Y7Q1d6MhoJdS0jBwkkUMWYS4t6fJcU/s1600/13043462_1054273554610708_175726217455708777_n%20(1).jpg" width="241" /></a></p><p><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Encontros e desencontros*</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Nós somos todos linhas tortas porque nos encontramos. Nós somos quase todo feitos de encontros e de desencontros também; somos um conglomerado de fragmentos de você.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Sim, nós somos linhas tortas porque linhas retas jamais se encontram mesmo sendo curvas infinitas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">E certamente, escrever certo por linhas tortas parece cada vez mais ser o melhor caminho. Pois muito do que eu sou agora deve-se em grande medida as contribuições dos encontros e dos desencontros que compuseram e impactaram a minha vida tão somente porque a minha vida toda foi feita de histórias repletas de fatos que transcenderam e muito a lógica comum e cotidiana imposta pelos mais superficiais e céticos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A verdade é que quando se toma consciência de tudo que os encontros e os desencontros nos causaram fica difícil não nutrir paz e uma gratidão gigante e crescente por tudo que nos fora doado nessa jornada existencial sempre tão significativa, desafiadora e dignificante. Musa!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">_______________________<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Autoconhecimento e liberdade*<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Se conhecer faz toda a diferença, pois é isso que nos permite não mais nos demorarmos tanto onde persistir é uma tarefa em vão. E curiosamente, é o fenômeno do autoconhecimento que nos dá poder e lucidez suficientes para deixar passar algumas circunstâncias ou recomeçar sempre que estivermos num caminho ruim ou que já não faz mais sentido, sobretudo, porque o seu lugar já é no passado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Somente o autoconhecimento nos liberta e nos ensina a dizer não quando é preciso doa a quem doer comova a quem comover. É pelo autoconhecimento que descobrimos a fundo o valor de compreender que tudo que nos tira a paz não merece durar ao nosso lado mais do que o tempo mínimo e inevitável.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Enfim, se conhecer é fundamental demais porque é isso que melhor nos faz conhecer tão bem qualquer pessoa e sair tranquilamente de mãos dadas na direção de tudo que realmente importa, desde se ausentar em paz de um restaurante quando o menu não nos agrada até mesmo escolher conscientemente partir, tolerar ou se manter em silêncio quando outros ainda não são capazes de nos entender. Musa!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">__________________<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Ouvir e compreender*<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Não deveria ser tão comum haver tantas pessoas confundindo radicalmente ouvir com julgar. Ouvir é tão terapêutico, é tão regenerativo, é tão necessário, é tão libertador e é sempre uma grande fonte de aprendizado e fortalecimento recíproco. Já julgar é mais fácil, é mais vil, mais instintivo e é ao mesmo tempo a própria precariedade da auto-observação e do autoconhecimento se manifestando e infectando tudo a que consegue tocar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Julgar é a falência do ser cristão ou a decadência de qualquer ser humano. E curiosamente quem já caiu por inteiro nessa armadilha da vaidade e do egocentrismo a cada dia mais potencializa o seu veneno e o seu desejo de punir e condenar a todos e a tudo aquilo que não condiz com os seus caprichos e com a sua hipocrisia. Entretanto, talvez não haja melhor radiografia do caráter de uma pessoa que senão observar se ela é capaz de ouvir ou apenas de julgar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Quem tem a grandeza de ouvir tem o poder da compaixão, da solidariedade, da tolerância e do respeito as diferenças. Quem tem a fraqueza grande de julgar tem bem grande a covardia da violência principalmente sob aqueles que não podem se defender.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Mas, por outro lado, é surpreendente convir que quase sempre é nos mais feridos que percebemos as maiores aptidões para curar os outros.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Portanto, provavelmente nisso tudo haja uma oportunidade concreta de compreender que esse dom presente em tantos feridos e injustiçados só se justifica mesmo é para nos ensinar que devemos sim é cuidar do que nos prejudica visando a superação, enquanto cultivamos o que nos favorece buscando a sua multiplicação para dividirmos e somarmos. Musa!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Prof. Dr. Pablo Mendes<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Filósofo. Educador. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de "Doutor Honoris Causa". <o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Uberlândia/MG</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-432309757784032512024-03-03T07:33:00.001-03:002024-03-03T07:33:30.374-03:00Algumas considerações sobre terapias***<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeoYsaYEkYJqOZcBt7kV91Yi-Wx8OKVUsqbyvOOiME4yPnmVufXlS1OwvF-VKz7GDQnCviRKTRORSRT_JgVYazIXpxj2_vpMYaCIL__t5_qL1aj6mEYnlwfwxW20mUKYChyGpWTG6skap81y4dt8H9_oWXF9S3TA30H-8ui1E_jjpGRqfYoK0jXU_QGFg/s250/filosofia_clinica_2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="191" data-original-width="250" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeoYsaYEkYJqOZcBt7kV91Yi-Wx8OKVUsqbyvOOiME4yPnmVufXlS1OwvF-VKz7GDQnCviRKTRORSRT_JgVYazIXpxj2_vpMYaCIL__t5_qL1aj6mEYnlwfwxW20mUKYChyGpWTG6skap81y4dt8H9_oWXF9S3TA30H-8ui1E_jjpGRqfYoK0jXU_QGFg/s1600/filosofia_clinica_2.jpg" width="250" /></a></p><p><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">A revista SUPERINTERESSANTE, edição 254, trouxe como matéria de capa: Terapia Funciona?</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Dei um longo depoimento, depois troquei alguns e-mails com a jornalista responsável pela matéria, onde aparece uma citação minha e algumas linhas esperançosas sobre o meu trabalho.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Segundo a jornalista Denize Guedes, que assina a matéria, as neuroimagens de pesquisas, como a realizada na Universidade de Leeds, Inglaterra, apontam para um parecer: talvez “a psicoterapia não funcione pelo motivo que os terapeutas apontam”. O que faria com que a psicoterapia funcionasse na opinião de muitos especialistas é o efeito placebo, a convicção da pessoa de estar sendo auxiliada, da sugestão, da vontade da pessoa em sair do conflito.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Existe algum endereçamento na Filosofia Clínica sobre isso?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Primeiro, algumas vezes a psicoterapia funciona pelos motivos nomeados pelos terapeutas. Exemplo: às vezes impulsos reprimidos, o trabalho direto com os conflitos, a identificação de crenças entortadas faz com que a pessoa lide de outra maneira com o que a atormentava.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Segundo, às vezes de fato o efeito placebo viceja. Neste caso, é freqüente que o carisma do terapeuta e determinados vetores de sugestão possam tornar diferentes as questões subjetivas da pessoa.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Terceiro, não é raro que a vontade da pessoa impere de tal modo que a técnica utilizada e o carisma do terapeuta lhe são indiferentes. Ela busca mudar, consegue mudar elementos problemáticos, mesmo que a terapia seja ainda mais um empecilho em sua luta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Quarto, provavelmente se considerarmos uma pessoa que procure Psicodrama, Análise Transacional, Gestalt, Terapia Cognitiva, Filosofia Clínica tendo como foco a depressão não é desarrazoado supormos que semelhanças surgirão. Assim como há muitos modos de se chegar à Amazonia, há muitas maneiras de se debelar algo que se considere nocivo feito uma depressão, desde a medicação até a tiros. Se a questão se restringir unicamente a debelar algo tido como um mal, a depressão, podemos então aventar caminhos mais eficazes do que a terapia. Neste caso, a terapia se tornaria dos mais longos, onerosos, difíceis e discutíveis caminhos. Por que a utilizaríamos?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Quinto, outros cuidados se impõem. Uma indagação: não seria freqüente que uma terapia se torne pior do que a “doença” que se propôs a combater? Pode combater uma depressão que legitimamente foi um dos meios possíveis e, pela maneira como a pessoa está estruturada, um meio recomendável, para lidar com um nó existencial que exasperava a existência da pessoa. Ao combater a depressão, um fenômeno que amparava e respondia a demandas últimas da pessoa, a terapia tornou-se o mal. Assim sendo, a pessoa deveria ser medicada com a terapia, deveria cuidadosamente afastar a terapia de sua vida.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Sexto, a propriedade e a natureza das pesquisas. Como os estudiosos em Filosofia sabem, a Epistemologia mostra determinados vícios do conhecimento. Uma pesquisa que aponte para onde a matéria da revista citada olha, tal pesquisa pode facilmente levar a interpretações nas quais tudo parece próximo de ser igual: as terapias seriam todas iguais quanto aos resultados. Falso, claro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Como eu poderia dizer, por exemplo, que uma disciplina como a Filosofia Clínica, que não busca a cura (porque inexiste nela os critérios de patologia X normalidade), que não se ocupa do bem-estar, equilíbrio, hedonismos existenciais, que não usa tipologias, procedimentos clínicos a priori chegaria a resultados semelhantes a uma disciplina que tem como objetivo a cura, o bem-estar, a adequação do homem à sociedade? Talvez pudesse dizer quando existisse coincidências nos resultados. Talvez.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Sétimo, quando uma necessidade de ajuda não se faz acompanhar de ajuda psicoterápica. Muitas vezes o tempo e as contingências existenciais colocam em outras bases os dilemas; outras vezes, os próprios dilemas se tornam parte da construção e são essenciais para o que se segue, semelhante a dor e as contrações de um parto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Lúcio Packter<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">**Pensador da Filosofia Clínica. Até o início dos anos 1990, quando da abertura do Instituto Packter em Porto Alegre/RS, não se sabia de nenhuma iniciativa prática da filosofia como clínica. Ainda hoje, o que se tem: aconselhamentos, coaching, cafés filosóficos..., todas bem-vindas, ainda que - radicalmente - distantes da abordagem metodológica inaugurada quando de seu regresso de Edimburgo (início dos anos 1990). Em 2019, por recomendação do Conselho e Direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de "<i>Doutor Honoris Causa</i>".</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-34942281784782345772024-03-01T07:32:00.003-03:002024-03-01T07:32:14.594-03:00Antipsiquiatria e filosofia clínica***<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVvC5-wUc43Jz2BEr5Z1yjMewxE42VuZBld-EluvGb8FM1fCJchG3qpeise_Ybb3z05TMhyphenhyphennwvJUQOM2vhJZ7oAz9jEAMujKMjYX4uCVWqbItYsX6lXJ8iSCxGL9I-23Pc2FO2k4QkTd0uxlFIpENYiQx_Ab8fQp5uHAf1do-PRr0oqtht_5kXEzd6hXY/s279/17200999_10209965725312963_4630440105842483613_n%20(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="276" height="279" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVvC5-wUc43Jz2BEr5Z1yjMewxE42VuZBld-EluvGb8FM1fCJchG3qpeise_Ybb3z05TMhyphenhyphennwvJUQOM2vhJZ7oAz9jEAMujKMjYX4uCVWqbItYsX6lXJ8iSCxGL9I-23Pc2FO2k4QkTd0uxlFIpENYiQx_Ab8fQp5uHAf1do-PRr0oqtht_5kXEzd6hXY/s1600/17200999_10209965725312963_4630440105842483613_n%20(1).jpg" width="276" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">A psiquiatria biológica não é
medicina, não é científica, seus medicamentos não são tratamentos e seu livro
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM em inglês) não
diag-nostica nenhuma doença mental. Mas se tudo isso for uma verdade, o que tem
a ver com a filosofia clínica?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sem entrar na questão ideológica
que há por trás da psiquiatria biológica - a construção de conceitos de
“doenças mentais, o jogo do lucro que promove, favorece e impulsiona a
indústria farmacêutica e o grupo de elite dos criadores da medicalização da
vida, a reengenharia social através dos poderes institucionais da própria psiquiatria
e das instituições que a apoiam etc. - ela é o oposto contraditório da filosofia
clínica na questão de como se percebe o fenômeno humano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em primeiro lugar, a psiquiatria
biológica usa do verniz da medicina e da ciência como formas de “investigar” o
comportamento humano. Digo “verniz” porque não passa disso, pois, psiquiatria biológica
não é medicina nem ciência. Mas, vestida desta capa de
pseudo-medicina-científica, ela recebe o fenômeno humano não em bases existenciais,
históricas, sociais, intersubjetivas, mas como um cirurgião que se aproxima de
um coração que está falhando. Mas se eu for mais exato, nem a medicina mesma se
aproxima de um coração assim, pois interessa a ela todo o histórico biológico e
de práticas do corpo que tem essa pessoa portadora deste coração. Portanto, a
psiquiatria biológica já não age como seu modelo principal, o médico da
medicina objetiva. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ao considerar o humano como se
fosse um “objeto” científico, ela se afasta de qualquer tipo de terapia que
compreende o ser humano em suas bases existenciais em toda sua complexidade na trama
de seu mundo e de suas representações sobre ele, sobre si e sobre os outros. A
filosofia clínica vai além e tem em conta cada indivíduo como singular e não
somente no sentido de sua história e contexto, mas em sua estrutura de pensamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No momento em que se chega ao
conceito de singular, não há mais como usar a metodologia da psiquiatria biológica,
que também imita do modelo médico: os diagnósticos. Mas o que é um diagnóstico?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De forma muito geral e comum,
diagnosticar é quando através de poucos elementos tentamos definir a
característica geral do todo por poucos elementos. Quase todos fazemos isso,
por exemplo, quando temos contato com algumas pessoas de uma cultura diferente
da nossa e já definimos toda a cultura por essa “amostragem”. Ou quando uma
professora ou professor define a criança por alguns eventos dela que lhe
chamaram atenção. Ou quando vemos algumas características de um comportamento e
já “deduzimos” as causas dele e, por isso, já “sabemos” como será essa pessoa
no futuro. Ou quando um psicólogo define o “perfil” de uma pessoa através de
alguns elementos de sua resposta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Normalmente digo que diagnosticar
é uma forma de “atalho cognitivo”. Não temos a competência da análise, ou pode
ser que custe muito tempo e esforço, ou que não tenhamos todos os dados
relevantes da situação, ou queremos poupar tempo ou tudo isso junto mais o fato
de que queremos “saber”, queremos uma direção, um rumo que nos dê um caminho
para nossa ação. Então, precisamos “diagnosticar”. Os parcos elementos dos
quais nos baseamos para interpretar o todo a partir destas partes, na medicina,
se chamam de “sintomas”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Então, um conjunto de “sintomas”
estabelece um “quadro” que define o todo pelas partes. Em casos onde os dados
são objetivos, reais - como a biologia, a física, a arqueologia - e ainda se
tem um bom histórico de informações antes, pode-se tentar fazer uma indução - e
não dedução - do que aparece, e assim fazer prognósticos. Mas e quando não há
dados objetivos, reais? Quando os dados são de fonte subjetiva - a
representação, a memória, as emoções, as verdades pessoais de cada um -, como
fazer para “diagnosticar”? Se formos coerentes e honestos, vamos chegar à
conclusão que não há como diagnosticar o singular. E comportamentos são frutos
de “causas” subjetivas, de interpretações pessoais de cada um à respeito de si
e de seu mundo. Então, como a psiquiatria biológica diagnostica comportamentos?
Por mais que comportamentos humanos possam ser muito parecidos uns com os
outros em determinadas situações, isso ainda não chega ao âmago do singular, de
como é isso para “esta” pessoa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não tem o menor sentido a
filosofia clínica, que lida com o singular, aceitar um diagnóstico ou trabalhar
com alguma forma de diagnóstico. Todo diagnóstico tem a pretensão de ser ou
particular – para algum grupo de pessoas - ou universal - para todas as pessoas.
Diagnóstico “singular” é uma contradição em termos. Quando percebemos o
singular de cada um, isso não é um diagnóstico, mas uma apreensão daquilo que é
irrepetível fora desta estrutura de pensamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filosofia clínica e psiquiatria
biológica são pontos opostos no mundo das terapias, a última tentando fazer do
humano um objeto científico através de um verniz médico-científico e a primeira
acolhendo e respeitando o singular em cada um.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Prof. Dr. Fernando Fontoura<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofo. Mestre e Doutor em
Filosofia. Escritor. Palestrante. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do
conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor
Honoris Causa”.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Málaga/Espanha. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">**Texto publicado na edição de
verão/2023 da Revista Casa da Filosofia Clínica.</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-55481386359895929022024-02-28T07:59:00.001-03:002024-02-28T07:59:44.961-03:00Percepções e reflexões em Filosofia Clínica**<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZrRt3o2t_o1T5xy9MT3_FltwWiDr8dazHivuw_Ek1-vvLWd7jwsHIfpuaS1jsqyXgGExXgz-B2yYMhS5js6KmOmDonXZY8NfYzt63heFoK1jVB4GlgakEtkDnPk0eUwZ-fFFiVTpRCtrmJCtWP3ZA6ifpICDU1ZHl0KOsjaEWxCmj4cwcARdx7FtbwFU/s960/33027121_2122779597736475_5590877891207364608_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="953" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZrRt3o2t_o1T5xy9MT3_FltwWiDr8dazHivuw_Ek1-vvLWd7jwsHIfpuaS1jsqyXgGExXgz-B2yYMhS5js6KmOmDonXZY8NfYzt63heFoK1jVB4GlgakEtkDnPk0eUwZ-fFFiVTpRCtrmJCtWP3ZA6ifpICDU1ZHl0KOsjaEWxCmj4cwcARdx7FtbwFU/w268-h270/33027121_2122779597736475_5590877891207364608_n.jpg" width="268" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A Filosofia Clínica tem um jeito
próprio de pensar, diferente. Traz para a terapia o olhar, os modos de
compreensão e de entendimento das tradições filosóficas ocidentais. A sua
originalidade é colocar como central a ideia de singularidade, que cada pessoa
é diferente de cada uma das outras.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Não há uma noção de ser humano a priori, pré-estabelecida. Cada um virá do seu modo e será recebido com o que lhe é próprio, em suas tonalidades afetivas, com aquilo que tem feito em sua história, nas circunstâncias de sua vida. Com sua loucura, suas maneiras de lidar com o mundo, com a existência, com os outros, consigo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Não trabalha com a noção de doença, nem com tipologias psicopatológicas. O que não quer dizer que não reconheça e trate dos fenômenos da depressão ou de comportamentos tidos como bipolares. Ansiedade, angústias, tédio e tantas outras formas de viver, de sofrer, fazem parte daquilo que se cuida em Filosofia Clínica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Cada vida pode ser vista como um fluxo de emoções, afetos e pensamentos. Às vezes contraditórios e muito diferentes entre si. Em cada um de nós em sua variância singular e com uma multiplicidade infinita entre as pessoas. Os movimentos às vezes são intensos, as mudanças imprevisíveis, com constância e tempos e modos de permanência muito diferentes. A Filosofia Clínica se aproxima para cuidar. Um cuidado com muito cuidado. A partir do que é próprio a essa pessoa, à sua maneira, no seu ritmo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A relação se dá entre 2 pessoas, que estão aí, em papéis distintos. Uma traz o assunto, algo a tratar, a outra se dispõe à escuta. Duas vidas se cruzam com uma marca própria, um sentido. Ou vários. Mas quem é que os define? Quase sempre quem a vem procurar. Ela é a artesã de seu destino. A questão da singularidade é de respeito pela outra pessoa, é ética.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A Filosofia Clínica se faz aí, entre.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Dr. Claudio Fernandes<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Filósofo. Escritor. Filósofo Clínico. Coordenador do Recanto da Filosofia Clínica. Em 2019, por decisão do Conselho da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “<i>Doutor Honoris Causa</i>”.<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">São Paulo/SP</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-2475687287858197542024-02-26T08:41:00.003-03:002024-02-26T08:45:12.607-03:00Um olhar para a singularidade***<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinSh61ihyphenhyphenBFwH3y2Bf1bpaZd6YqEv8T0a1Er-BN-ZuRpl-1GTcgnJ-3Dv-QXECL5XSnYSYdq6srKkRI49pG2XfT2aExni55DQuJjuxNLcEJeuUOxHwNWxF3rkIFzCdt_FGmVkeNSoiilrWF8ZrLLhKoUwF-j_5l8k6b5QA9VlxxosY8NTWff7UT9-kZgQ/s446/321058_404269529649077_454897836_n.jpg" style="clear: left; display: inline; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="446" data-original-width="446" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinSh61ihyphenhyphenBFwH3y2Bf1bpaZd6YqEv8T0a1Er-BN-ZuRpl-1GTcgnJ-3Dv-QXECL5XSnYSYdq6srKkRI49pG2XfT2aExni55DQuJjuxNLcEJeuUOxHwNWxF3rkIFzCdt_FGmVkeNSoiilrWF8ZrLLhKoUwF-j_5l8k6b5QA9VlxxosY8NTWff7UT9-kZgQ/s320/321058_404269529649077_454897836_n.jpg" width="320" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Pensar a singularidade é um
exercício de ver que “A vida insinua-se de um jeito único na subjetividade de
cada pessoa, lugar privilegiado para decifrar os enigmas da natureza (...)”, os
enigmas de sua própria natureza, da natureza das coisas e do mundo. Aí, no
fenômeno da singularidade, há espaço para o “exótico aparecimento”, quem sabe
por esses caminhos possamos acessar alguma identidade, alguma integridade sobre
quem somos, um pouco mais leves das bagagens impostas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Há quem busque comparações e
generalizações ao longo da vida, há quem se adapte bem a esse modo de ser e ver
as coisas, de ler o mundo através de termos gerais. Há quem se sinta completa
ou parcialmente preso por essas tipologias, classificações e diagnósticos e, no
entanto, careça de um outro tipo de olhar, o singular, ainda ofuscado,
escondido em algum recanto seu ou do mundo, e sabe que algo em si fica sem
espaço para transbordar diante de uma sociedade viciada em padrões, muitas
vezes camuflados em discursos sobre valorizar a diversidade ou afirmações como
“devemos ser diferentes”. Não devemos ser diferentes, já o somos e sempre
seremos. Por mais que possamos compartilhar, ainda assim, as circunstâncias e
significações são únicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Se não nos damos conta disso, o
risco é nos tornarmos reféns da produção do igual imposta pelos padrões de
normatividade que gera também a necessidade de sermos diferentes. E “essa vida”
que nos joga de um lado a outro, que nos suprime em padrões convencionados/impostos
é a mesma que nos obriga a sermos diferentes para que possamos, enfim, sermos
reconhecidos. Antes ser um desconhecido na multidão, mas que conhece, ao menos
um pouco, a si mesmo. Antes perceber que a produção do igual e do diferente
está a serviço de mercados extremamente lucrativos. O mercado humano, da mente
humana, do corpo humano...</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Nesse sentido, a Filosofia Clínica evidencia que “As
coisas podem adquirir propriedades diversas no vislumbre das singularidades”.
Assim, a carência, o que nos falta me parece que é justamente o exercício da
singularidade. O olhar extraordinário, surpreso, suspenso, desacomodado,
incerto, investigativo, descontente, absurdo, instigante, mágico, ingênuo, a
admiração como diria Gerd Bornheim: “Na admiração, verifica-se um simpatizar,
no sentido etimológico da palavra, um sentir unido ao real como uma presença
(...) longe de impor-lhe o que quer que seja, o deixa ser em toda a sua
dimensão, como plenitude de presença.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Referências:<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">BORNHEIM, Gerd A. <u>Introdução
ao filosofar: o pensamento filosófico em bases existenciais. </u>9. ed. São
Paulo: Globo, 1998. p. 39.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">STRASSBURGER, Hélio. <u>Pérolas
imperfeitas: apontamentos sobre as lógicas do improvável.</u> Porto Alegre:
Sulina, 2012. p.55.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">STRASSBURGER, Hélio. <u>Filosofia
Clínica: poéticas da singularidade</u>. Rio de Janeiro: E-papers, 2007. p.19.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">*Dionéia Gaiardo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Filósofa. Administradora de
Empresas. Escritora. Filósofa Clínica. Mãe do Gael. <o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Passo Fundo/RS<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">**Texto publicado na edição
piloto da Revista da Casa da Filosofia Clínica. Disponível no blog da Casa. <o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-71883044506926252632024-02-24T08:58:00.001-03:002024-02-24T09:00:20.243-03:00Anotações e reflexões de um filósofo clínico*<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpUcYL3uzgVVmHKT8A-deMxjEpv-FWhVqbvtxH-t4o_lRQ_xLel1ppIdtAUb17WY6X4wJGIPjOFvN2gP8wTscbg3aHGSjaYkLdYlWjvHUptjNgjNONNeMj8tjh3HhXdeq4mOjZ9oIiPnKlxeg9WCwmmN7RE1OcTqIwshi4n6AILvVfReB8aUUFmfY9JxY/s1440/46499205_995749310615477_7286547382148268032_o.jpg" style="clear: left; display: inline; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpUcYL3uzgVVmHKT8A-deMxjEpv-FWhVqbvtxH-t4o_lRQ_xLel1ppIdtAUb17WY6X4wJGIPjOFvN2gP8wTscbg3aHGSjaYkLdYlWjvHUptjNgjNONNeMj8tjh3HhXdeq4mOjZ9oIiPnKlxeg9WCwmmN7RE1OcTqIwshi4n6AILvVfReB8aUUFmfY9JxY/w276-h276/46499205_995749310615477_7286547382148268032_o.jpg" width="276" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Gosto da ideia apresentada pelo
filósofo espanhol Julian Marías segundo a qual cada filósofo acerta na medida
em que discorre sobre o que vê e, consequentemente, erra quando tenta falar
sobre o que não alcançou. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Assim, é possível dizer que, sob
certo aspecto, todo filósofo tem uma contribuição para o pensamento. Desse
modo, seria inútil pensar a filosofia do “nós contra eles”, reduzindo tudo a
uma dicotomia quase maniqueísta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Pode-se tecer críticas aos erros
de uma obra, mas deve-se abrir os olhos para acolher acertos nela apresentados.
Pressupor sinceridade na busca de anos de pensamento de um autor exposto em
seus textos pode ser um bom ponto de partida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Além disso, julgar a vida de quem
pensou para mensurar a validade de seu pensamento é um critério sofismático,
nada filosófico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">***************<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">A filosofia não está desvinculada
de sua história. Por isso, é imprescindível o contexto filosófico no qual a
obra de um autor está inserida. Os filósofos dialogam com sua tradição até
mesmo quando a intenção é negá-la. O filósofo diz o que vê, mas usa um
vocabulário com sentido enriquecido por vários pensadores ou reconstrói seu
significado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Além disso, lida com questões
próprias de seu tempo, de seu contexto, de suas inquietações pessoais. Um
filósofo não diz "algo direcionado para mim" (algo presente com
frequência nas obras de autoajuda), ele apresenta suas ideias, teses ou conclusões.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Ao ler uma obra de filosofia, não
se contente em destacar "o que chama a sua atenção" ou "o que
parece fazer sentido para você", pois isso apenas reafirmaria o que você
pensa e "sabe"; busque entender o que o autor disse, inclusive
identificando a unidade presente em seu texto: tema, problema, hipóteses,
argumentos etc. Assim, você não concluirá a leitura do mesmo jeito que começou,
pois seus horizontes terão se ampliado.<b><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Filósofo. Mestre e Doutor em
Filosofia. Escritor. Professor. Filósofo Clínico. Autor da obra: "<u>Introdução à Filosofia Clínica</u>". Editora Vozes/Petrópolis/RJ. 2021. Em 2019, por indicação do
conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor
Honoris Causa”.<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Teresópolis/RJ<o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-17387726724406397522024-02-23T08:02:00.003-03:002024-02-23T08:02:50.428-03:00Criticidade e Literatura***<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY-GEewT_dmw51ZEM-cODQ1f_J1vQ-f-ZzmyJYlbj9Qd5hTZXXHue4k9EL5iaFjVGdVTCDX9ZCvDxqGRpnGVk_icW7eVNXO8VZ7zo9TLNDWlZthFm4x6KrXzNifMroKfHB1JixKCDBZuVHEwf2sC8Qfk4Os86txLQfHE6MN8147ALle1aihnaoCpK8yWw/s640/ana%20rita.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY-GEewT_dmw51ZEM-cODQ1f_J1vQ-f-ZzmyJYlbj9Qd5hTZXXHue4k9EL5iaFjVGdVTCDX9ZCvDxqGRpnGVk_icW7eVNXO8VZ7zo9TLNDWlZthFm4x6KrXzNifMroKfHB1JixKCDBZuVHEwf2sC8Qfk4Os86txLQfHE6MN8147ALle1aihnaoCpK8yWw/w296-h296/ana%20rita.jpg" width="296" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem a gripe que me pegou de jeito
esses dias abalou a vontade de dividir com vocês um pouco da relíquia que tenho
em mãos... Ganhei de um amigo recente, o jornalista e escritor Celso Viola, um
dos editores da Revista, a Edição 1, Maio de 2012, da ALEF, Revista de
Literatura Ibero-americana, que traz esse nome em homenagem ao escritor
argentino Jorge Luis Borges.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já no Editorial (ALEF ao leitor), deixa claro a que veio: para aproximar produtores culturais, de línguas e culturas diversas, irmanados pela resistência ao predomínio monetário, cultural e ideológico.</span><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Minha alegria não poderia ser maior ao saber que foi gestada em minha cidade natal, Gramado / RS.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mesmo enfermo, o pensamento crítico ainda vive e no que depender de mim e de outros tantos que tenho encontrado pelo caminho, seguirá pulsando...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Tem um artigo interessantíssimo sobre as bases do modernismo em Portugal, que faz integrar dois brasileiros à Geração Orpheu, citados pelo próprio Fernando Pessoa: o gaúcho Eduardo Guimarães e o carioca Ronald de Carvalho. Mas o que quero deixar aqui é um texto de Flávio Lopes da Silva, premiado escritor português da cidade de Barcelos, que diz escrever para não estar calado, para não perder a fome, para viajar sem ter que ir...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Enquanto estiver a escrever um poema não me chamem para a mesa<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me perguntem se amanhã vai estar bom tempo<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não questionem a minha existência<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me convidem<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me convidem para orgias<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me digam que a morte vem a correr com uma louca<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não façam de conta que estou a morrer pela minha mão.</span></i><i><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Enquanto escrevo um poema sou outro<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Outro que eu desconheço nem lembro nem palpito<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O meu sangue é burguês e gosta de inventar tornados<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">O meu coração é um esquizofrénicozinho<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Porque a vida, meus senhores,<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A vida é um escândalo e a morte é pornográfica!<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Enquanto estiver a escrever um poema não me falem em tísicas fulanas<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me matem mais do que já estou<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me excitem o perónio<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me congratulem com santinhos para a cabeceira<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Ignorem que estou a desistir<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">A ser fatal em cada movimento.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não vêem que estou a dar à luz um relógio de sala?<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me ponham espelhos côncavos na frente<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Nem navios a afundar<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Preciso de concentração para morrer.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Para te encontrar escrevo e pinto bússolas<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Engulo todo o ar possível até atingir o voo<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">E contorno as lâminas da incerteza.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Para te encontrar cerco-me de loucuras, fantasio-me<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Com os cabelos de um santo e nego explicar<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Por que enjoam as flores.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Para te encontrar carrego o tear dos dias,<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Construo chãos em cima de chãos<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">E descubro uma ideia de ti<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Em cada grito, em cada rebanho de suor.</span></i><i><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">(Flávio Lopes da Silva)</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;">*Ana Rita de Calazans Perine. Filósofa Clínica, Pesquisadora, Educadora, Mobilizadora Social e Empresarial. Cofundadora do Instituto ORIOR. Formação em Ciências Jurídicas e Sociais, Filosofia Prática e Filosofia Clínica (IMFIC / Instituto Packter – ANFIC / Casa da Filosofia Clínica). Trinta anos dedicados a pesquisas, aplicação e difusão de ciências humanas e afins. Atua na área de Desenvolvimento Humano e Transformação Cultural, fortalecendo partilhas e redes transdisciplinares de aprendizado. www.orior.com.br/ana-rita</span></b><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><b>**Nota: Também disponível nas principais plataformas de áudio, pelo canal FILOSOFIA CLÍNICA – Diálogos Transversais.</b></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-11685539739199220402024-02-21T08:54:00.002-03:002024-02-21T08:54:13.002-03:00O caminho do meio*<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDp6snKCzCE_PtnLSNj5zNrBIXwwksTmu2rmzjS3cIaLGznnYxC2eRAvBNafR5ATr27g24o7cOYzj4c4jSq57fh4ARMnL7ZH2Gm0UtrHdOBwlWsROQXirgD6zHu7J-OBrfJ2ITM_Y6TjMjlRH0kENxOKhAtFfgyCsF8QkZxc13AdyCEyjisaxQ8Owzmvw/s249/27973237_10211298930891135_8619071624541418737_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="249" data-original-width="181" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDp6snKCzCE_PtnLSNj5zNrBIXwwksTmu2rmzjS3cIaLGznnYxC2eRAvBNafR5ATr27g24o7cOYzj4c4jSq57fh4ARMnL7ZH2Gm0UtrHdOBwlWsROQXirgD6zHu7J-OBrfJ2ITM_Y6TjMjlRH0kENxOKhAtFfgyCsF8QkZxc13AdyCEyjisaxQ8Owzmvw/s1600/27973237_10211298930891135_8619071624541418737_n.jpg" width="181" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Só o meu é o caminho do meio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Já que só a mim me vejo ali.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem a direita, ou a esquerda, ou
ao alto, ou abaixo, outrem vejo eu...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O caminho do meio é ermo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem o tabaco de Buko, nem o
legado de Buda.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É caminho que não se trilha<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">trilha que não se abriu...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">nem os bebês cor de rosa<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">nem as rosas do tango cálido!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Melancólico até é e não...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Já que aporta minha alegria
caduca </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">de quem está cabeluda de saber </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">que não se tem mais a se tirar do
mundo, </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">por ninguém que esteja vivo,
pisando sobre o planeta...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É solitário, mas não é só - ou o
contrário, sei lá...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Tem a sombra amiga e perigosa das
minhas convicções nada inflexíveis, </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">no entanto fartas de conhecer que
não há grande margem pra mudar segundo se pensa </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">dos outros lados onde transitam
os demasiado crédulos, que se dão ao desfrute da demasiada ilusão!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O verdadeiro caminho do meio, não
aporta o equilíbrio dos buscadores, nem a descompensação dos viciados...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Distingue-se diametralmente desse
outro de que tanto falam os compassivos, no uso da mesma expressão...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E ainda mais daquele que leva ao
abismo como a um troféu, na penumbra virulenta dos literatos malditos...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O meu caminho, que é deveras o
único do meio, mas mesmo por isso, nunca exatamente no estrito meio, não tem
gurus, equilíbrio, distúrbios sérios, ou decadência romantizada...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Apenas uma parca temperança,
inerente ao caminhar só, e se saber parte do solo massageado pelos próprios
passos descalços!!!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ele não oferece álcool, drogas,
tabaco, nem prasada vegana com água de mina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Não se caminha nele, sensual, a
meia luz...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Tampouco na treva ou no sol
amigo.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nele incidem-se luzes em ângulos
indecifráveis e também isso, não se escreve ou tem a menor relevância... Algo
corriqueiro perceptível a ideias menos retóricas!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nele, não caminho abaixo da linha
da miséria, nem no meio, nem acima, ou nas alturas.... Apenas no que o dia
oferta ou não, quando extraio dele o sumo com certo cuidado pelo espaço de
minhas criações ou desideias. E mesmo em respeito ao peito do dia - menos para
que não lhe mame tudo, do que para que reste bonança pra mais uns passos de
vida!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sim, tem atalhos e clareiras para
lidar com as tipicidades dos caminhos dos outros...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Pra berrar, meditar de lilás,
dançar como serpente, gargalhar vulgarmente, lutar causa perdida...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Só que na hora de retomar a
trilha, não é nada, nem disso, nem daquilo...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É apenas a potência de ser lá o
que seja ou decida - pontualmente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesse caminho nada tenho, só que
nem chego a ser quem não possui coisa alguma. Carrego e largo pela estrada,
matéria de outros tempos, lembranças dos agoras e vazios cheios de tempo
algum... Num valor financeiro total, tão módico, quanto ininferível!</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No meu caminho só - o único onde
outros não transitam, nunca vi deixar de ser velho ou criança... Como nunca vi
ser cafona como um adolescente, ou insosso como um adulto...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Como sei que é do meio?</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Primeiro porque não existe meio
efetivamente - só isso já trás ideia de meio, né, algo não efetivo? Depois,
porque os caminhos dos outros distribuem-se em quase igual quantidade à
direita, a esquerda, acima e abaixo do meu...</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E as demais estradas seguem com
seus guetos, causas, drogas, receitas, guias, máximas, classes, equilíbrio,
loucura.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Acho até bonito de fora, assim
como na hora da visita...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas a música do meu caminho-vida,
gosto mesmo é de dançar só.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><b>*Jullie Vague<o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><b>Escritora. Poetisa. Pesquisadora
e roteirista na empresa Cine culte français. Agitadora e inovadora cultural na
empresa Mova-se (Movimento Artístico de Subversão e Estética). Terapeuta
multidisciplinar com base em Filosofia Clínica. Instrutora de canto, vocal, creative coach e terapeuta vocal. Musicista.</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><b>Curitiba/PR</b></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-2127965275212197262024-02-19T07:42:00.000-03:002024-02-19T07:42:03.973-03:00Poéticas do Indizível*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlz41Exz0gnTf2ud7ktROuCfYGYBLlg4wYh0dZXCAsojCJPKh97mAI6uEJeNm72pa96e96ohMKG4m8pXxGUydW5plxzCDpCxgHzs8i6lFE2b-gCbHSrElDKV07WOzu6zf-wCw67iXZvxeroR7XmraYMc0y03YywL7mFCgtSM16jY6Zf0l7H4BFv1MRy3g/s3284/unnamed%20(21).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="3284" data-original-width="2865" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlz41Exz0gnTf2ud7ktROuCfYGYBLlg4wYh0dZXCAsojCJPKh97mAI6uEJeNm72pa96e96ohMKG4m8pXxGUydW5plxzCDpCxgHzs8i6lFE2b-gCbHSrElDKV07WOzu6zf-wCw67iXZvxeroR7XmraYMc0y03YywL7mFCgtSM16jY6Zf0l7H4BFv1MRy3g/w246-h282/unnamed%20(21).jpg" width="246" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;">“(...) Graças as sombras, a
região intermediária que separa o homem e o mundo é uma região plena, de uma
plenitude de densidade ligeira. Essa região intermediária amortece a dialética
do ser e do não ser".</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Gaston Bachelard<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Uma crença muito antiga aprecia
atualizar-se desse enigmático hoje que um dia foi amanhã. Poderia ser o
pretérito imperfeito de uma busca ou aquele quase nada onde tudo acontece.
Atualização de um dialeto nem sempre dizível, a se alimentar nas fontes inenarráveis,
nos paradoxos, nas desleituras criativas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Seu visar inédito sugere desvãos
ao mundo que se queria definitivo. Costuma ser abrigo do acaso na versão do
avesso das coisas. Ao referir o encantamento das pequenas devoções, parece
traduzir esse texto interminável, por onde a vida escoa seus segredos. Realiza
um esboço sobre as tentativas de decifrar um mundo que é mistério por natureza.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A característica de ser
imprevisível seria insuportável, não fosse a poesia ressignificada em lógica
delirante. No submundo dos outros é possível reconhecer parte do nosso, isso
pode acontecer no elogio, censura, crítica. Essa contradição parece fundamentar
uma distância aproximada de cara metade. Assim, ódio e paixão podem se
reconhecer no mesmo objeto de desejo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O transbordamento discursivo
relata a vida num desses lugares onde os sonhos acontecem. A recriação estética
imprecisa sua matéria-prima nas gavetas desmerecidas, na via marginal, no
rastro dos rituais exóticos. Ao primeiro olhar, a inexatidão dos rascunhos
aponta manuscritos ilegíveis. Há que se conviver em meio às brumas para
aprender sua dialética, a trama significativa de um existir absurdo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Talvez os papéis existenciais de
cada um se ofereçam na percepção de consciência alterada, oferecendo vislumbres
sobre os fenômenos ao seu redor, como ousadia retórica a testar o limite das
palavras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nesse universo subjetivo,
inconformado com a definição refém de si mesma, ao deixar entrever sua fonte de
originais, alimenta-se nas ressonâncias dos ensaios irrefletidos. As poéticas
do indizível se associam em código próprio. Para desvendar sua arquitetura
irreal, reivindicam uma interseção nem sempre cabível à verdade dos consensos.
Ao se colocar numa ótica de devaneio e invenção, sua decifração percorre os
instantes de um discurso que silencia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Hélio Strassburger in “<u>A
palavra fora de si – Anotações de Filosofia Clínica e Linguagem”</u>. Ed.
Multifoco. RJ. 2017. Pág. 21. <o:p></o:p></span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-46608899212719381312024-02-15T08:06:00.002-03:002024-02-15T08:06:32.917-03:00Polifilosofia, Lógica do terceiro incluso e Filosofia Clínica***<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWhknwqViZuxaJT_om95PTOCN4FwdCJm5koxXE6x69Fge1O58vJkCb_cSz7YEDospbKOB92mdwjSFsc96syUaL9m_yQrkjbTcIagC9IGriO-vwMvZrBktwXZBsqWJ_Q7zQiTdVELbPDBFwBKCOTOrWwvvIfd-oUquJfxddaOg4p8fuAay-CQiCSTO5YWQ/s960/Gustavo%20Bertoche.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="959" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWhknwqViZuxaJT_om95PTOCN4FwdCJm5koxXE6x69Fge1O58vJkCb_cSz7YEDospbKOB92mdwjSFsc96syUaL9m_yQrkjbTcIagC9IGriO-vwMvZrBktwXZBsqWJ_Q7zQiTdVELbPDBFwBKCOTOrWwvvIfd-oUquJfxddaOg4p8fuAay-CQiCSTO5YWQ/w289-h289/Gustavo%20Bertoche.jpg" width="289" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A Filosofia Clínica é uma
filosofia vazia de filosofia: é uma filosofia negativa, é uma não-filosofia,
porque é total acolhimento. Ela nada impõe: ela recebe e acolhe as outras
filosofias, inclusive as incompatíveis e contraditórias. A sua lógica geral somente
pode ser uma lógica na qual as contradições sejam bem-vindas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Bachelard sugere que nenhuma filosofia corresponde à totalidade do mundo: seria necessária a criação de uma polifilosofia, de uma filosofia aberta de segunda ordem, na qual todas as filosofias – mesmo as filosofias contraditórias, mesmo as filosofias incompatíveis – tivessem um lugar. Essa polifilosofia é, propriamente, uma filosofia vazia de filosofia; ela é pura forma, é uma filosofia de segunda ordem, uma metafilosofia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Essa filosofia de segunda ordem, essa filosofia polifilosófica, evidentemente não pode existir segundo as normas da lógica clássica. Afinal, a lógica clássica não suporta as contradições e as incompatibilidades. Ela exige uma lógica do terceiro incluso, uma lógica como a que formula Lupasco: uma lógica em que, ao lado das proposições verdadeiras e falsas, haja lugar para aquelas que não sejam nem verdadeiras, nem falsas, e de outras que sejam ao mesmo tempo verdadeiras e falsas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">O conceito de polifilosofia e a lógica do terceiro incluso permitem-nos pensar a radicalidade filosófica da Filosofia Clínica. Ela é uma polifilosofia no sentido bachelardiano: vazia de determinações próprias, ela é pura abertura, ela é pura interseção, na qual a lógica de Lupasco é perfeitamente adequada para ordenar um sistema de acolhimento de filosofias dissimilares.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">A lógica regente das lógicas singulares que compõem uma Estrutura de Pensamento é uma lógica como a do terceiro incluso – que nada rejeita, que tudo aproxima, que reúne o que de outro modo estaria insoluvelmente apartado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">No panorama da História da Filosofia, a Filosofia pode ser pensada como uma meta-filosofia, como um programa que recebe, integra e relaciona todas as filosofias possíveis, por mais díspares e incompatíveis que elas sejam, numa disposição aberta de mundo que reflete uma Estrutura de Pensamento. A Filosofia Clínica pode ser concebida, enfim, como uma certa ordenação da Estrutura de Pensamento, uma estrutura que acolhe delicada e gentilmente todos os modos de pensamento e de vida, e que arranja as suas contradições de modo que elas se configurem não como aniquiladoras, mas como dialeticamente constitutivas, como criadoras da própria singularidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Prof. Dr. Gustavo Bertoche<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Filósofo. Mestre e Doutor em Filosofia. Escritor. Musicista. Educador. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de "Doutor Honoris Causa". <o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Teresópolis/RJ</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Texto publicado na edição de inverno/2022. Revista da Casa da Filosofia Clínica.</span></b></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-55562851995542404512024-02-13T07:20:00.005-03:002024-02-13T07:22:43.724-03:00El viajero de los mañanas***<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfowduKj95H9r6iPFN1_zu1gJDRmVidejzFLHjDTl2ZJupZp6OY2n6qVyjMAdMWybkeCSc0OdZorRJut6BL6OlwCsiSlLJ_XaJY-OTM1RWg64X0ofuxg8x-tozk1m66Kc4DQ85uAq1sn26Z0Lj7TqzWADwOdzd8MLFsFtrYB4voOs3sQ-HOo3bpWBddQ4/s256/218957421_4191270464254281_1221185535520169372_n%20(1).jpg" style="clear: left; display: inline; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="256" data-original-width="256" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfowduKj95H9r6iPFN1_zu1gJDRmVidejzFLHjDTl2ZJupZp6OY2n6qVyjMAdMWybkeCSc0OdZorRJut6BL6OlwCsiSlLJ_XaJY-OTM1RWg64X0ofuxg8x-tozk1m66Kc4DQ85uAq1sn26Z0Lj7TqzWADwOdzd8MLFsFtrYB4voOs3sQ-HOo3bpWBddQ4/s1600/218957421_4191270464254281_1221185535520169372_n%20(1).jpg" width="256" /></a></p><p><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px; text-align: justify;">“</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt; line-height: 14.2667px; text-align: justify;">El filósofo es una de las formas en que se manifiesta el taller de la naturaleza: El filósofo y el artista hablan de los secretos de la actividad de la naturaleza”.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10pt; line-height: 14.2667px;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Friedrich Nietzsche<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">El espíritu aventurero inadecuado para la cristalización del conocimiento, se rehace en las escaramuzas de un territorio movido por el movimiento. Su sesgo de intimidad precursora se alimenta de las calles, carreteras, suburbios inmerecidos. Es inusual que se puedan compartir fácilmente estos eventos antes del enlucido conceptual. La irregularidad narrativa como propósito sin propósito adquiere casi poesía, para intentar decir algo sobre hechos irreconciliables desde la perspectiva de límites bien definidos. Esta lógica de singularidades fluctuantes se aplica a cosas irreconocibles en el vocabulario conocido.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Su desprecio por las fronteras, objetivado por acuerdos y leyes, es capaz de anticipar mañanas en el ahora irrefutable. En un carácter de existencia marginal entre lo cotidiano y el espejismo de las distancias, parece querer estructurarse en la dialéctica del azar. Se instituye una especie de no lugar en una percepción visionaria de las cosas y eventos que te rodean. Los refugios existenciales descritos en la provisionalidad de los apodos buscan denunciar la multiplicación de los exiliados, donde es posible apreciar el proyecto personal en nuevas direcciones.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">En un hoy desprovisto de un punto final, en la quimera de estos errantes de un quizás, es posible vislumbrar los mañanas inauditos. Debido a esta característica indefinición en los anuncios, la subjetividad, incapaz de vivir siempre lo mismo, se despliega debido a los movimientos sin precedentes. Por estas expresividades aún sin objetivación, surgen deconstrucciones, reconstrucciones, búsquedas. Contenido sin un discurso legible que decir. La aptitud para la mezcla parece establecer una intersección con las nuevas verdades, recién llegadas de un lugar desconocido en la propia estructura. Se establece así una correspondencia, donde la diversidad se anuncia como fuente de originalidad. Un aventurero para contrarrestar las insinuaciones de que la vida pasa en un solo lugar. Viajero precursor para especializarse en conocimientos itinerantes.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">En este extraño cotidiano que nunca deja de llegar, se instituye algo indefinible o enmarcado apresuradamente, por los intereses en clasificar su sesgo publicitario. En una lógica así dispuesta, la única garantía es que no hay garantías. No es tan sencillo reconocer la extraordinaria materia prima en este devenir existencial. A menudo se presenta como una amenaza porque es extraño. Su erudición nómada aparece en poéticas de contradicción con el mundo conocido. Para quienes creían haberlo visto todo, la vislumbre de esta perspectiva, por sí sola, ya puede compartir autogenias.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Es interesante notar su renacimiento como superación de sus cenizas. Una especie mixta de Fénix, Hermes, Dionisio en un alma cuya característica es la percepción inquieta de estos momentos ante tí. Su instinto cambiante se alimenta de las impermanencias y redescubre, desde ese territorio, las formas de descubrir los mañanas. La epistemología de estos caminos valora la crisis y el caos como movimiento precursor, acogiendo el espíritu de una nueva alma que está llegando. Su estética de lo incompleto sigue entre líneas de incertidumbre, quizás ahí radique el miedo y la inseguridad del mundo normal, que teme perder territorios que ya han sido conquistados.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Una prueba de esta integración personal provisional, en estos caminos de redescubrimiento, es la concesión de un lenguaje propio. Para saber más, es preciso salir de la zona de confort, realizando una reciprocidad con los temas marginales de la propia estructura. Desarrollar fluidez en los distintos idiomas posibles en la misma persona.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Hélio Strassburger en: “<u>A Palavra Fora de Si – Anotações de Filosofia Clínica e Linguagem”</u>. Editora Multifoco/RJ/Brasil. 2017. Pág. 42. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;"><b>**Traducción al español: Profa. Dra. Arantxa Serantes</b></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-63971719776138265572024-02-11T07:37:00.001-03:002024-02-11T07:37:10.120-03:00Alerta: Ruídos na Transmissão*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ5SHArXYr0uH_FZPlOFU52jPE5GwcV03u6hApxmUquRmXqeySkcDEw0xD_kgfMS-6j0d-LcC0r96voqeraKUNCcdcG_S-RqRM4XHqzT1WYVMbiZawUdeN9ozGjqKilBX3rwJlkC6BkMhxu2v6z_IqqPX-o4lh3fdvqckF-ILylKOtBx-an9GxzYWtJqU/s960/23559758_10213198894520848_6102513565162352673_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="645" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ5SHArXYr0uH_FZPlOFU52jPE5GwcV03u6hApxmUquRmXqeySkcDEw0xD_kgfMS-6j0d-LcC0r96voqeraKUNCcdcG_S-RqRM4XHqzT1WYVMbiZawUdeN9ozGjqKilBX3rwJlkC6BkMhxu2v6z_IqqPX-o4lh3fdvqckF-ILylKOtBx-an9GxzYWtJqU/s320/23559758_10213198894520848_6102513565162352673_n.jpg" width="215" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Na tentativa da comunicação
verbal, nem sempre o que um fala é o que o outro escuta, e o mesmo pode ocorrer
na forma escrita, quando o que se apresenta pode ser lido e entendido de
maneiras diferentes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A origem desta falta de sintonia
pode partir tanto de quem envia como de quem recebe a mensagem, pois uma série
de interferências internas e externas estão em jogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem sempre é fácil exprimir em
palavras pensamentos e emoções, ou, em outros termos, é difícil transmitir com
clareza um sentimento ou uma emoção, e talvez o motivo desta dificuldade seja a
própria emoção, mas isto é um outro assunto...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se por um lado existe a
dificuldade em transmitir, receber também tem suas peculiaridades. Pessoas
escutam, leem, veem e depois interpretam a mensagem de acordo com suas visões
de mundo. Distorções também podem acontecer por desatenção, expectativa e
ansiedade em assimilar de imediato o conteúdo da mensagem recebida. Um velho
ditado popular já dizia “cada um escuta o que quer ouvir”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Arthur Schopenhauer, filósofo
alemão, dizia que o mundo não é mais do que “representação”, tendo de um lado o
objeto constituído a partir de espaço e tempo e de outro a consciência
subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria. O objeto, a coisa em
si, passaria a ser representada por símbolos, ideias, valores, utilidade, de
acordo com as visões de mundo de quem os estivesse utilizando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Desacertos, brigas,
mal-entendidos, quebras de contrato, divórcios podem vir a acontecer por
descompasso no relacionamento, na comunicação ou em ambos. A literalidade das
palavras poderia ser uma tentativa válida de sintonia na comunicação?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O ser humano é essencialmente
verbal, utiliza palavras tanto para explicar como também para enganar, iludir,
persuadir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A linguagem verbal pode utilizar
meios complementares, tais como gestos e expressões corporais, (“o corpo
fala”), sem falar em recursos da própria palavra, trazidos pelas diferentes
culturas, tais como gírias, metáforas, simbologias, etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Experimente literalizar a
explicação de um pensamento ou sentimento sem o uso de metáforas, simbologias e
você terá ideia da dificuldade. Todos esses recursos utilizados podem ser
eficientes para prender a atenção do receptor, mas não necessariamente ao
conteúdo da mensagem. Podem inclusive, ter efeito contrário ao desejado,
desviando a atenção e dificultando o processo de compreensão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mesmo quando do uso de uma
mentira, isto nem sempre é um sinal de hipocrisia, pois às vezes acredita-se
tão firmemente na versão ou visão criada, que a mentira está sendo contada
inicialmente para o próprio criador e a palavra emitida já sai distorcida da
realidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há que se considerar que palavras
nem sempre acompanham a velocidade do pensamento, e a diversidade humana
representada por vivências, crenças, expectativas, bagagem cultural torna o
processo de comunicação eficaz uma missão praticamente impossível. Assim,
palavras, emitidas ou recebidas em plena literalidade, não seriam confiáveis e
seriam incompletas em seu significado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Talvez uma alternativa menos
sujeita a falhas fosse prestar mais atenção aos atos, ao comportamento do que
as palavras e promessas. Confúcio já dizia: “Atue antes de falar, e, portanto,
fale de acordo com seus atos”. A distância entre o que as pessoas dizem e fazem
muitas vezes não é percebida nem por quem fala nem por quem ouve.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quando alguém nos dá a entender
determinada situação, dizendo as palavras que queríamos ouvir, nossa reação
natural é encaixar as palavras em nossa visão de mundo e acreditar no que
ouvimos, muitas vezes ignorando o comportamento e funcionamento incoerente do
prometido. Nossa escolha foi prestar atenção somente no que nos interessa e nos
iludir com as palavras, ignorando o objeto, a situação ou a conduta de quem
promete.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sob esta ótica, a palavra seria
uma forma de manipular a representação de mundo das pessoas. Uma ferramenta
poderosa, que dependendo do uso, pode criar, levantar ou destruir visões de
mundo. E esta ferramenta pode ser ou vem sendo utilizada por políticos,
publicitários, professores, artistas, terapeutas e formadores de opinião muitas
vezes de maneira irresponsável, sem medida de suas consequências. Uma palavra
mal interpretada, uma virgula fora do lugar, uma informação recebida sem
reflexão, podem destruir pessoas, relacionamentos e até mesmo países.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Passemos a um exemplo prático: ao
se anunciar um shampoo como o melhor para cabelos crespos, o que significa a
palavra melhor? Qual a sua dimensão? Um político ao prometer um melhor
tratamento a saúde pública, um terapeuta ao dizer que assim será melhor a seu
paciente, um parceiro ao prometer melhor empenho, um professor ao indicar o
melhor livro, estão pensando e transmitindo o quê? E o que foi captado pelo
interlocutor terá alguma relação com o que foi pensado ou dito? Tudo depende de
valores, elementos essencialmente subjetivos, que podem divergir completamente
na concepção dos interlocutores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Cuidado com as palavras. Palavras
são anões. Exemplos são gigantes. Um verdadeiro intelectual não é medido pelo
que lê, escreve ou fala, e sim por uma vida comprometida com suas ideias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O critério de escolha de um
político, terapeuta, companheiro, produto ou serviço ao se basear em palavras,
titulações ou estética pode ser falho e gerar desilusões. A observância do
comportamento, comprometimento e coerência entre o falar e o fazer são condutas
mais apropriadas tanto para quem fala como para quem ouve, não esquecendo de
que o silêncio pode falar mais do que mil palavras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Ildo Meyer<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Médico. Escritor. Palestrante.
Mágico. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do conselho e direção da Casa
da Filosofia Clínica, recebeu o título de “<i>Doutor Honoris Causa</i>”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Porto Alegre/RS<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-8485973106564932572024-02-09T07:50:00.001-03:002024-02-09T07:50:05.924-03:00Obsessão do mar oceano*<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_vI8JJAiKo_asei6acktU4ag5VKvEc3iNMRhSx8-nqVRCgYWGvKOV56U1lpVyyqm9Ih_noBNC2UV41EnLAAnlbl2xXtrshiuzzZEuC4FM4zYUSDrbyDEh1dD3wyvuKz5An_wAYF4bHPbtSlQ7zW3YA_oHEWRKs4LRXYhN6t4v3FOn6b6oOGVpQCh1i2U/s580/mario-quintana.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="363" data-original-width="580" height="184" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_vI8JJAiKo_asei6acktU4ag5VKvEc3iNMRhSx8-nqVRCgYWGvKOV56U1lpVyyqm9Ih_noBNC2UV41EnLAAnlbl2xXtrshiuzzZEuC4FM4zYUSDrbyDEh1dD3wyvuKz5An_wAYF4bHPbtSlQ7zW3YA_oHEWRKs4LRXYhN6t4v3FOn6b6oOGVpQCh1i2U/w295-h184/mario-quintana.jpg" width="295" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Vou andando feliz pelas ruas sem
nome...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Que vento bom sopra do Mar
Oceano!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Meu amor eu nem sei como se
chama,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nem sei se é muito longe o Mar
Oceano...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas há vasos cobertos de
conchinhas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sobre as mesas... e moças nas
janelas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Com brincos e pulseiras de
coral...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Búzios calçando portas...
caravelas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sonhando imóveis sobre velhos
pianos...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nisto,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na vitrina do bric o teu sorriso,
Antínous,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E eu me lembrei do pobre
imperador Adriano,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De su'alma perdida e vaga na
neblina...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas como sopra o vento sobre o
Mar Oceano!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se eu morresse amanhã, só
deixaria, só,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Uma caixa de música<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Uma bússola<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um mapa figurado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Uns poemas cheios da beleza única<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De estarem inconclusos...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas como sopra o vento nestas
ruas de outono!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E eu nem sei, eu nem sei como te
chamas...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas nos encontraremos sobre o Mar
Oceano,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quando eu também já não tiver
mais nome.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Mário Quintana in "<u>O
Aprendiz de Feiticeiro</u>". Ed. Cia das Letras. SP. 2005.<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-91571348210457780172024-02-07T08:10:00.004-03:002024-02-07T08:10:27.070-03:00Notas de Lisboa*<p> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhShOx0hsTJOB6BXVOrXpPw9bBaTnUIKypEKBAlITaCIMrwrdcYj6gt64GifUqLEpd6GSh6Nxnn-sgSscqIocH9LzR4uIOxZg_zAMaRx_Ot7WDksCgxWNsT6dhCnbIG9vRMZQVIoaQSlYRalfwfRgqPs-sQQP-8-XKQSkU9VC-Uuodrk0QUjpW9iWiY_Tg/s2048/Luis%20Antonio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhShOx0hsTJOB6BXVOrXpPw9bBaTnUIKypEKBAlITaCIMrwrdcYj6gt64GifUqLEpd6GSh6Nxnn-sgSscqIocH9LzR4uIOxZg_zAMaRx_Ot7WDksCgxWNsT6dhCnbIG9vRMZQVIoaQSlYRalfwfRgqPs-sQQP-8-XKQSkU9VC-Uuodrk0QUjpW9iWiY_Tg/w204-h272/Luis%20Antonio.jpg" width="204" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;">“O vento, enfim, parou</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Já mal o vejo por sobre o Tejo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">E já tudo pode ser tudo aquilo
que parece<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Na Lisboa que amanhece”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">(Sergio Godinho)</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 10pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">“Vejo esta cidade<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">parada no tempo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">deve ser saudade<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">a vista que invento”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">(Pedro Ayres Magalhães – Lisboa
Rainha do Mar – Madredeus)</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Se eu pudesse levar uma trilha
sonora para onde quer que fosse, escutar, ver o mundo por dentro, entranhas
fincadas na memória, à maneira de um passante, errante, dono do seu devaneio. À
toa o Ser. Um desavisado, já dizia Bergson, em outro canto da vida: o passado
expandindo-se no seu presente, permanecendo tão atual, a ação, movimentos dos
corpos por noites em Lisboa. E, por dentro, lá se vai manhã que acorda os
sonhadores depois da luz, bem antes da salvação dos navios mercantes,
sanguinários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ter o espaço imaginário, as
frestas da vida, entre o contínuo movimento, longa viagem do corpo, renasce,
tempo penetra, entre lágrimas e riso, lá do alto dos afagos noturnos da cidade
que abraça e beija os sonhadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A noite acalma a ansiedade,
desfaz as malas, e as dádivas das noites eternas, dentro da gente, em olhares
cúmplices, nos leva até o Tejo. E sobre o rio, hei de amanhecer todos os dias
que ainda me restam. O sonhar entre vidas, estar-juntos na perfeição incomum
das águas profundas e prazer de subir teu dorso secular beijando as paredes de
tua vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Noturno sobre a cidade. Ávido
pelo Tejo na Lisboa vista do alto, e o autocarro a levar-nos de uma ponta a
outra, do Baixo à Ribeira, e alma que acende olhos estocados em imagens, que
esconde a dor dos esquecidos, da história dos bairros antigos, em ruas tão
antigas e tão novas, uma transfusão de sangue novo. Lá de cima, hei de ver-te.
E o rio ao fundo esconde e revela atentos olhares, o curso das águas em cada
individualidade, o atento vulto espreita seus viajantes se perderem entre fados
e beijos. O dia, clarear as horas dos esquecidos, fátuo instante, entre paradas
do autocarro, sigamos na circularidade do começo ao fim, perneando sussurros
direcionados de volta para a casa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A cidade esticada, braços enlaçam
as quebradas, cantos escondidos, e nos perdemos nos abraços, e o dia vem cedo
em nossa janela. O banho, levantar, ir até a padaria tomar o café, ler um
pouco. Um do outro, descobre-se um pouco mais, estudar as mãos, decidir os
rumos da vida, partilhar os nossos amores, sonhos, abrir nossas gavetas, se
desfazer das coisas úteis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Os mínimos em tudo! Olhar os
segredos perenes do rio de Lisboa. Lá, onde as faluas encontram as fissuras, a
correnteza para o amanhã na abertura do tempo, do universo, o céu descansa sua
escuridão, e é de lá que as galáxias se fundem, a última grande fusão da Via
Láctea aconteceu há 10 bilhões de anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Tenho tempo suficiente para ver o
Tejo, da parte alta do pensar, perdido no tempo, acompanho a guardiã dos dias,
o brilho dos olhos tomando seu café da manhã. Os anos começaram a ser contados
desde o dia em que a pisei, depois de nadar entre os tentáculos dos
cefalópodes, a Lisboa encharcada de sonhos e medos, acordar ao lado da ponte, e
atravessar a cidade no tempo que cabe todo na história de cada Um.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*Prof. Dr. Luis Antonio Gomes<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Filósofo. Mestre em Filosofia e
Doutor em Comunicação. Editor. Escritor. Livre Pensador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Porto Alegre/RS</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-10913162974885189572024-02-05T07:29:00.001-03:002024-02-05T07:29:08.029-03:00O Tempo e a Musa*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJrnryhO0BeX7-H27ei0N1lBkLyCKaDHlE5YR-IXlJVHc7c6jnLRbhaG4pH80OZzrdHbH4_ST4FDT9tp0ENyDcK2GTuro_xYfEFnpgGgRqPA3AaY9Lo1DL_IqBDE8JNNZ-x15cOYMs2_IMXf393_rOOSgBvhwIbsyj5JkS_XATrHVYMc1EUeoDlgU28UA/s241/13043462_1054273554610708_175726217455708777_n%20(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="241" data-original-width="241" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJrnryhO0BeX7-H27ei0N1lBkLyCKaDHlE5YR-IXlJVHc7c6jnLRbhaG4pH80OZzrdHbH4_ST4FDT9tp0ENyDcK2GTuro_xYfEFnpgGgRqPA3AaY9Lo1DL_IqBDE8JNNZ-x15cOYMs2_IMXf393_rOOSgBvhwIbsyj5JkS_XATrHVYMc1EUeoDlgU28UA/w218-h218/13043462_1054273554610708_175726217455708777_n%20(1).jpg" width="218" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Há tempo para tudo porque há um
tempo que corre por dentro de cada um de nós. É uma sinfonia singular demais e
que dispensa a pulsação possível de qualquer ampulheta alheia simplesmente
porque transcende o ordinário, o cronológico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">É um tempo munido de um vento que
vai deixando de ser furacão pouco a pouco para se tornar uma brisa agradável e
confortante na medida em que ousamos nos conhecer cada vez mais, na direção de
aprender a aceitar quem de fato nós somos agora. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">E é a partir dessa conquista que
podemos finalmente seguir com mais propriedade, dotados da paz devida
transgredindo e transcendendo na direção de tudo aquilo que tem verdadeiro
sentido e significado dentro das delimitações da nossa existência. E quanto
mais íntimos nos tornamos de tudo que corre por dentro de nós, mais vamos
percebendo que assim como é por dentro, é por fora... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Afinal, sem aprender a perdoar os
outros e a nós mesmos não dá para desapegar de nada; não dá para amar e ser
amado na medida da nossa própria vontade tão somente porque o apego e os
ressentimentos tenderão a se tornar endemia dentro das determinações daquilo
que atraímos e que nos move... Musa!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">*Prof. Dr. Pablo Mendes<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Filósofo. Mestre e Doutor em
Filosofia. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do
conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor
Honoris Causa”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Uberlândia/MG<o:p></o:p></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4483616622285102124.post-8262842222552502052024-02-03T08:53:00.002-03:002024-02-03T08:53:46.049-03:00Estéticas possíveis: sobre fluxos e contenções*<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpnXvOAqNFZCr6EjbT0E91CV5bayfGvXOomjajuqBJ_P_OY4P_PY7KpfzBzZX3WNF9M-xtV7v9aA1iyN_Z6FqPSfeWxsG-h2VnwpHCn3lsVOmB7Y5DWtCQT2fRpUEgeP2jNH8j6CIeBINf8_ujLmEwrhMROfXis6iBotw5y5yKUNw-AyYw8cu3Ufnb3XU/s1080/310529668_5453092021433444_3627254473163076689_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpnXvOAqNFZCr6EjbT0E91CV5bayfGvXOomjajuqBJ_P_OY4P_PY7KpfzBzZX3WNF9M-xtV7v9aA1iyN_Z6FqPSfeWxsG-h2VnwpHCn3lsVOmB7Y5DWtCQT2fRpUEgeP2jNH8j6CIeBINf8_ujLmEwrhMROfXis6iBotw5y5yKUNw-AyYw8cu3Ufnb3XU/w261-h261/310529668_5453092021433444_3627254473163076689_n.jpg" width="261" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Recentemente uma pessoa querida
solicitou indicação de um livro sobre Filosofia Clínica que fosse introdutório.
Logo falei de “Filosofia Clínica: propedêutica” de Lúcio Packter, porém, em
seguida eu disse “Pérolas Imperfeitas - apontamentos sobre as lógicas do
improvável” de Hélio Strassburger. No instante em que escrevo, percebo que este
último é para mim, introdutório e avançado. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">Relendo-o esse mês, dez anos após minha primeira leitura, percebo que o método da Filosofia Clínica, talvez, consiga abrir caminhos para o fluir das águas que somos, como já falava Heráclito sobre este tipo de devir. O que percorre vales, abre caminhos formando contornos em busca de melhores lugares onde possa seguir seu curso, deságua em mares.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Um tipo de devir onde uma parte das águas, vez ou outra empoça em um leito cômodo enquanto outra parte precisa seguir e como isso tudo faz parte, organicamente, de um sistema que afeta enquanto é afetado. Por isso, talvez, a Filosofia Clínica seja um método contracultural que tende a cooperação para fluxos existenciais mais livres, que tendem a proteger os inéditos de cada um.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Já o “espectro institucional (normativo, tipologizante, classificatório) trabalha para convencer a pessoa em estado nascente a deixar de lado suas vontades” (Strassburger, 2012. p.75), em outras palavras, operam como uma espécie de barreira, não bastassem nossos próprios travamentos! Com isso, me arrisco a pensar aqui, em uma estética das contenções dos fluxos existenciais possíveis.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">O espectro da “doença mental”, a metáfora mal contada, essa quimera que tem transformado comportamentos e existências em doença, inevitavelmente tende a ser essa represa que guarda nossas águas internas em paradigmas colonizadores de nossas próprias histórias. Muitas vezes impedindo de acessarmos nossa identidade, nos privando de alguma integridade e prendendo nossas narrativas de vida onde não há espaço, justamente quando algo novo quer surgir.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Nesses momentos não é incomum a pessoa ser taxada de louca, ser julgada, ser contida, ser medicada, ser obrigada a retornar ao “normal” quando ali já não é mais seu lugar. Nesses momentos vemos pessoas em lágrimas, expressividades revoltadas pela sensação de incompreensão, criando fantasias sobre a realidade, apagando em desmaios, pessoas buscando “uma entrada de ar para a singularidade desperdiçada”. (Strassburger, 2012. p.31)<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Agora me pergunto: não seriam essas, explícitas ou sutis, formas de violência? Por quais estéticas queremos e podemos direcionar nossas existências? As estéticas das contenções? As estéticas dos fluxos mais livres?</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">*Dionéia Gaiardo<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Filósofa Clínica. Escritora. Curadora de artes visuais. Mãe do Gael. <o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Passo Fundo/RS<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">**Texto originalmente publicado na edição de inverno/2022 da Revista da Casa da Filosofia Clínica. </span></b><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;"><b><u>Referências:</u><o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Packter, Lúcio. <u>Filosofia Clínica: propedêutica</u>. 3ª ed. Florianópolis: Garapuvu, 2001.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Georgia",serif; font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;">Strassburger, Hélio. <u>Pérolas Imperfeitas - apontamentos sobre as lógicas do improvável</u>. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2012.</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0