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O que faz da Filosofia Clínica, filosofia? Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Juiz de Fora/MG Em diversos lugares é possível ler a seguinte afirmação: “A Filosofia Clínica é a filosofia acadêmica aplicada à clínica” ou “Filosofia Clínica é filosofia porque é baseada em 2500 anos de filosofia” ou “A Filosofia Clínica tem seu fundamento no pensamento dos filósofos, só que adaptados à clínica”, só para citar alguns. Entretanto, essas afirmações dão ao senso comum ou a alguns filósofos, que ficam de “plantão” em busca de algo para criticar sem fundamentos, uma compreensão mal concebida. A impressão inicial parece ser que se toma a filosofia ou o pensamento dos filósofos e se aplica a clínica, e a única modificação parece ser a finalidade. Pois, os filósofos pretendiam um fim para seu pensamento e a Filosofia Clínica busca trabalhar questões existenciais de seus partilhantes. A questão a ser tratada nesse texto não é fundamentalmente voltada para os filósofos clínicos, mas par
Fragmentos filosóficos delirantes LXXXIII* "Se conseguires conquistar a confiança destes palácios, estes te contarão de bom grado e bondosamente a história de sua existência na linguagem magnífica, rítmica de seus pátios internos" "Saibam, pois, que a arte é: um caminho para a liberdade. Todos nós nascemos acorrentados. Um ou outro esquece os seus grilhões, revestindo-os de prata ou de ouro. Mas nós queremos quebrá-los. Não com violência torpe e selvagem, queremos nos desvencilhar crescendo, até que eles não nos caibam mais" "A criação do artista é uma insígnia: a partir de seu íntimo ele exterioriza todas as coisas pequenas e efêmeras: seu sofrimento solitário, seus desejos vagos, seus sonhos angustiados e aquelas alegrias que perdem o viço. Aí sua alma se engrandece e torna-se festiva, e ele criou o lar digno para si mesmo" "O criador é o homem póstero, aquele para além do qual se encontra o futuro (...) O artista é a eternidade que se proj
Uma terapia aprendiz Hélio Strassburger Filósofo Clínico Em um lugar itinerante a realidade_ficção, de vocabulário desconhecido, transita numa interseção a transgredir limites. Suas andanças apreciam a retórica das incompletudes. Nessa dialética incomum os percursos de saber eremita revelam cenários de novidade. Uma instável harmonia acontece na aproximação com a estética dos anúncios. Considerações ilegíveis não fora a percepção fugidia de um talvez. Ao discurso dessas irregularidades criativas, as múltiplas versões apreciam o exílio na palavra sem nome. Sugerem colagens ao roteirista de ficção, oferecendo internações na liberdade das ruas. Essa verdade de caráter difuso também pode se encontrar na razão desmerecida. Seu viés de caricatura persegue horizontes por vir. Na perspectiva caótica das crises, a busca pelas origens, tradução e relação com esse devir meteórico, reivindica uma abordagem de terapia aprendiz, pois a verdade desconsiderada fica visível por br
Poderes * Luana Tavares Filosofa Clínica Niterói/RJ Há muitas formas de poderes: de ser, viver, transformar, canalizar, desistir, decidir, desafiar, mudar. Tão múltiplos e heterogêneos que se confundem na singular universalidade de cada um. Alguns o exercem magistralmente. Outros, apenas observam, e há aqueles que se resignam e esperam o despertar do que ainda não lhes foi revelado. Poderes fortes, que invadem, dominam e destroçam subjetividades como se fossem insetos. Os mesmos insetos dotados de um poder inimaginavelmente grande, que poderia reverter em força e intensidade e dizimar seus aparentes opressores. Não se deve subestimar o poder daqueles que se unem. Um dia eles cairão em si. Poderes sutis, que se infiltram como águas, escorrendo por entre brechas, penetrando onde quase nada nem ninguém mais alcança, onde o improvável se faz sentir, onde nem mesmo a vida se reconhece. Poderes escandalosamente belos, que se emanam como raios através de prismas, pulverizando co
O jardim secreto Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Conta-se que num reino distante havia um rei que todas as manhãs caminhava pelos jardins do castelo onde morava. Nenhum súdito ousava interromper a caminhada matinal do rei. Certa manhã, enquanto caminhava pelo jardim, uma criança, filho de um camponês passou despercebido pelos guardas e ficou olhando ao longe o rei que caminhava tranquilamente. Curioso, o menino aproximou-se do rei e perguntou: “O que o senhor pensa ao caminhar por entre este jardim?” Assustado com a criança que havia invadido o seu jardim, o rei chamou os guardas e mandou retirar aquele pequeno intruso imediatamente de sua presença. Ao longe, o rei pode ouvir o menino que dizia: “Não precisa me responder! Eu já sei o que o senhor pensa! O senhor não é capaz de dividir a beleza que seus olhos contemplam e por isso caminha sozinho pela vida”. Muitos caminham pela vida sozinhos. Fazem de seus dias uma solidão sem fim. Acostumaram-se com a
Sobre como andar de elevador Will Goya Filósofo Clínico Goiânia/GO Silêncio de elevador, ao lado de estranhos. Por dentro não sei o quê, Todos os pensamentos substituídos pela contagem dos andares, Alívio que me impede ter que olhar outros olhos e dizer alguma coisa. Dizer o quê? Um relógio de números, sem ponteiros, sem palavras, E o tempo sem envelhecer. Tudo paralisado, menos o elevador. Nos elevadores a vida tem segundos. Mas o que são vinte segundos de vida, a pensar? Sei olhar as horas, mas não sei o que é o tempo. Os que têm relógio controlam o tempo? Se vivesse minha existência num elevador... Eu teria a vida de um filósofo. Tudo é mais fácil quando há espelhos sem testemunhas. Vaidades de camarim. Vontade de não mexer os braços... E se por acaso eu me encostasse em alguém? O que eu teria que pensar? O que sentir numa hora dessas? – Meu Deus!! São muito engraçados o congelamento e o constrangimento existenciais das pessoas durante uma “viagem” d
A depressão de Gilma Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Uma sugestão às farmácias: vender depressivos, angustiantes, hesitantes. Prestei atendimentos, certa ocasião, a uma mulher que durante anos padeceu de um marido distante e de um trabalho no qual se sentia humilhada. Procurou terapia, exercícios respiratórios e passou a praticar uma curiosa meditação na qual inspirava e expirava proferindo obscenidades. Isso a auxiliou a manter a infelicidade em dia. Foi quando uma “depressão”, conforme ela chamava o que houve, lhe deu a oportunidade de romper com o marido e com o trabalho simultaneamente. A depressão foi o melhor evento em sua vida por muitos anos. No consultório, Gilma dizia que indicava expressamente a depressão como um modo maravilhoso de lidar com muitas questões. Em princípio, a depressão poderia auxiliar a colocar fim a relacionamentos desastrosos, poderia precipitar desempregos que mais tarde seriam insuportáveis, poderia ser um freio a uma sociedade qu

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