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Quando te encontrei* Quando te encontrei, parte de mim era angustia, tristeza, derrota. Um corpo machucado, indefeso, abandonado de si mesmo. Fui numa jornada da alma, buscar caminhos alternativos, diferentes, que me trouxessem um sentido novo, uma autogenia completamente diferente. Foi então que sem querer, sem esperar, te encontrei. Num lugar inusitado, com pessoas estranhas mas que se tornaram queridas no momento que as conheci. Um mistura de sentimentos, amizades, descobertas, estudo, alegria. Esbarrei em você quase sem propósito. Conversas superficiais, mas onde uma energia não sei de onde fluía sem poder… escondida… escondida até de mim e de você. Fluía sem ninguém perceber. Pontos em comum, gostos parecidos foram aparecendo, mas havia uma longa barreira entre nós. Um abismo quase intransponível… e a distância fez seu papel e afastou tudo que pudesse surgir. Mas algo foi muito maior, além… e tudo mudou… o mundo virou, um tufão passou e você surgiu ali, todas as noite
Destinados ao vigente* “O filósofo, ainda que nada possua, é dono do próprio destino.” ** A motivação para escrever esse texto veio do filme sobre Giordano Bruno que, inclusive, recomendo. Não li nenhuma obra dele. E o pouco que sei foi lendo textos introdutórios de história da filosofia. Mas, a vida e a pensamento desse filósofo não importa aqui. No filme, duas falas me motivaram a pensar o que vou expor brevemente. Contudo, não me comprometo a argumentar sobre as ideias que me vieram. Pretendo apenas compartilhá-las. Os conceitos que utilizo são mais próprios ao senso comum do que ao rigor filosófico. No filme Giordano Bruno diz: “O filósofo, ainda que nada possua, é dono do próprio destino”. Uma pequena frase me trouxe uma série de confabulações internas. Para auxiliar essa exposição, busco dois pensadores. O teólogo e filósofo Paul Tillich, afirmava que a filosofia obedece à tentativa do filósofo de corresponder ao logos, à razão. E que ela não poderia jamais corresponder a o
Horizontes* Poetizo saudades em horizontes descubro no mistério o nome que não sei versos em tempos saudades a serem escritas no sertão das gerais versos de reversos textos sem contextos cubro-me em estrelas na beleza perdida em letras do que ainda germina assento-me em tardes contemplo saudades do que será espero no ponto final o parágrafo a chegar assim sem medo vida em mim de águas a levar amor em gestos palavras Pe. Flávio Sobreiro Poeta, filósofo clínico Cambuí/MG
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXIX* CONVITE À VIAGEM Existe um país soberbo, um país idílico, dizem, chamado Cocagne que eu sonho visitar com uma velha amiga. País singular, nascido nas brumas de nosso Norte e que poderia se chamar o Oriente do Ocidente, a China da Europa, tanto pela sua calorosa e caprichosa fantasia quanto por ela, paciente e persistentemente ser ilustrada por sábias e delicadas vegetações. Um verdadeiro país de Cocagne, onde tudo é belo, rico, tranqüilo, honesto; onde o luxo se compraz em se ver em ordem, ou a vida é livre e doce de se respirar; de onde a desordem, a turbulência e o imprevisto são excluídos; onde a bondade está casada com o silêncio; onde a própria cozinha é poética, rica e excitante ao mesmo tempo; onde tudo se parece contigo, meu anjo. Conheces essa doença febricitante que se apossa de nós nas gélidas misérias, essa nostalgia de um país que ignoramos, essa angústia vinda da curiosidade? É um lugar que se parece contigo, onde tudo é
A Lua Integradora_28nov2012* Depois da intensidade lunar do último mês, chegamos em uma lua propícia às (re)integrações. Ela vem consonante a um espírito natalino que se apresenta através da maior egrégora do país, todo ano, a que, religiosamente e não, comemora o Natal no dia 25 de dezembro. Época de confraternizar, de pegar leve, de se emocionar, de sentir mais. A Lua é a da Temperança, e essa Mocinha Angelical sente. E como. Devemos nos esforçar para escutar o que vai dentro de nós mesmos. Ali está o caminho, o segredo e a orientação. É uma carta complexa, de alquimia interior e exterior consequentemente. Vamos nos aproximar com cuidado e atenção desse bálsamo que começa a se formar dentro de nós e que trará, certamente, maiores acomodações no melhor sentido da palavra. É hora de receber esse conforto, de nutrí-lo. É momento de acessar algum sossego, capaz de aliviar as tensões vividas nos últimos tempos, e trazê-lo para fora, numa espécie de oferenda. A carta é clara, t
PREÇO DA CONSULTA MÉDICA* Prezado Cliente: Talvez você não esteja satisfeito com a qualidade de meu trabalho como médico. Admito também não estar gostando da maneira como venho realizando as consultas, e este é o motivo desta correspondência. Talvez juntos, possamos encontrar uma solução para este problema. Em virtude da baixa remuneração oferecida aos médicos pelos planos de saúde (consulta entre 30 e 60 reais), preciso atender um número excessivo de pacientes para dar conta de despesas tais como aluguel, secretária, telefone, livros, congressos, anuidades de conselhos regionais, impostos... Isto ocasiona um tempo médio de atendimento por paciente de 20 minutos, insuficiente para uma consulta de qualidade, por mais experiente que o médico seja. Estas consultas expressas geram insegurança, tanto do paciente quanto minha, pois torna-se impossível examinar e dar as orientações necessárias lutando contra o relógio. Além disto, se você quise
Quando silenciar é alienação*** Sábados pela manhã. Cafefil. Gente que tem a coragem de pensar e dizer o que vem de dentro, sem medo da crítica e das oposições epistemológicas. Como é bom filosofar e aprender a história da filosofia! Vicia e aquece nosso coração. A pergunta que não me calou esta semana: - Será que silenciar e falar no mesmo tom é sabedoria? Pensei, repensei e li vários autores sobre o silenciar. Eu mesmo publiquei no meu último trabalho: Meditações Filosóficas um texto sobre a importância do silenciar. Mas, agora, repenso nos cuidados que precisamos ter com este silenciar. Até que ponto não se passou a silenciar por medo da crítica? O silenciar não pode também conter uma repressão e medo da exposição? Quantas vezes não se silencia para disfarçar e mostrar uma sabedoria, que no fundo é falsa? Ou mesmo representar um papel de educado e fino, quando na verdade é uma máscara social para enganar os outros? Nem sempre o silenciar tem a riqueza que sabemos ser necess
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVIII* Itinerário A que horas sai o trem para a saudade? Quero um lugar já nos primeiros bancos para chegar mais depressa ao que perdi, voltar aos sonhos da minha mocidade quando não tinha estes cabelos brancos e não pensava em sofrer o que sofri. Quero um lugar no trem que está partindo e que sai desta estação rumo ao passado em cima de infindáveis e invisíveis trilhos, onde quem hoje chora vai sorrindo, quem dorme para sempre está acordado e quem já é até avô não tinha filhos. Quero um lugar no trem antes que parta e eu não tenha outro modo de rever tanta coisa que ainda guardo na lembrança: uma foto amarelada, um lenço, a carta, o perfume que nunca mais pude esquecer e o lugar onde ficou minha esperança. Por favor, dê-me logo essa passagem, pois já escuto o sinal e até o apito que avisa a todos que é hora da partida. Eu não posso perder essa viagem, talvez a última que faço, ansioso e aflito, em

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