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Timidez* Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve… - mas só esse eu não farei. Uma palavra caída das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes… - palavra que não direi. Para que tu me adivinhes, entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho vestidos noturnos, - que amargamente inventei. E, enquanto não me descobres, os mundos vão navegando nos ares certos do tempo, até não se sabe quando… e um dia me acabarei. *Cecília Meireles
OS PROJETOS* Sozinho, passeando em um grande parque, ele dizia para si mesmo: “Como ela ficaria bela em seu vestido real, complicado e faustoso, descendo, através da atmosfera de uma bela tarde, os degraus de mármore de um palácio diante de grandes gramados e laguinhos! Porque ela tem, naturalmente, o ar de uma princesa.” Passando, mais tarde, por uma rua, ele parou diante de uma loja de gravuras e encontrando numa pasta uma estampa representando uma paisagem tropical. se disse: “Não! Não é num palácio que eu desejaria possuir sua querida vida. Nós não estaríamos em casa. Porque em suas paredes incrustadas de ouro não haveria lugar para pendurar o seu retrato; naquelas solenes galerias não existiriam recantos para nossa intimidade. Decididamente, é lá que é preciso ficar para cultivar o sonho de minha vida.” E, analisando com os olhos todos os detalhes da gravura, ele continuou, mentalmente: “À beira-mar, uma bela cabana de madeira, cercada por todas essas árvores bizarras e lu
O Poeta é Belo* O poeta é belo como o Taj-Mahal feito de renda e mármore e serenidade O poeta é belo como o imprevisto perfil de uma árvore ao primeiro relâmpago da tempestade O poeta é belo porque os seus farrapos são do tecido da eternidade *Mário Quintana
meus olhos correm horizonte brumoso rio esconde navegantes som chega anunciando naus fantasmas deslizes secretos "piratas" aguardam pleno sol... Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS
Talvez* Talvez não ser, é ser sem que tu sejas, sem que vás cortando o meio dia com uma flor azul, sem que caminhes mais tarde pela névoa e pelos tijolos, sem essa luz que levas na mão que, talvez, outros não verão dourada, que talvez ninguém soube que crescia como a origem vermelha da rosa, sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca, incitante conhecer a minha vida, rajada de roseira, trigo do vento, E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos… E por amor Serei… Serás… Seremos… *Pablo Neruda
Lua Sol_25 abril 2013* E eis que seu parceiro chega. Mas ela rodopiou tanto entremundos que deve saber da necessidade de um tempo para aterrissar e concebê-lo. E não é sempre dessa forma tão próxima que essa visita acontece. Ele agora está aí, bem ao seu lado. A torcida é para que uma dialética acorra. Numa tradução literal do grego διαλεκτική ou do latim dialectĭca ou dialectĭce = caminho entre as ideias. É também como aquele antibiótico que, após a segunda ou terceira dose, já faz com que os sintomas sejam quase inexistentes. Chega essa força solar e gera maior luz nesta Lua. Mas, a princípio, não recebemos de forma fluente ou tranquila essa claridade, já que nitidamente cegante. Talvez também por falta de costume ou proximidade. Mas não há como não aceitá-la, pois ela caminha entre as ideias, em uma dança possível somente por esta Lua Sol. Há muito na natureza que nos escapa. Isto se reflete na sequência de signos e números em que, o anterior sempre apresenta algo bem difere
Encantador de Jardins* Queridos leitores, paz! Era uma vez um senhor muito sonhador. Sonhou com sua casa com grama, árvores frutíferas, vários jardins. Tanto sonhou que, um dia, conseguiu realizar o seu intento. A grama era um tapete sob seus pés, as árvores frutíferas no pomar exalavam cheiros de frutas e de flores. Nos jardins, ele cultivava diversos tipos de flores das mais variadas cores. Flores rasteiras e pequenas, flores grandes e com arbusto. Flores brancas, vermelhas, rosas, amarelas, lilás e roxas. Tudo aquilo gerou um fato novo talvez não previsto em seus sonhos. Vieram alguns pássaros, dezenas, e aos poucos eram centenas, e há quem diga que apareceram milhares deles. Diante de tamanha surpresa, ele começou a apedrejar os pequenos animaizinhos. Em alguns, as pedras foram longe, em outros, as pedras passaram de raspão, em outros, elas acertaram em cheio, comprometendo o voo de retorno ao ninho, onde alimentariam seus filhotes. Todas as pessoas que observavam aquel
Liberdade* Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro pra ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa… Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha quer não! Grande é a poesia, a bondade e as danças… Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca. *Fernando Pessoa
Poetando* Fui poesia quando não podia ser vida enquanto diziam que eu fazia poesia da vida. Assim, me amaram nos textos, mas neles eu sublimava. Fazia os personagens dos filmes, sorria por dentro, chorava na carne. E um dia, de tanto papel escrito empilhado, a poesia se materializou. Pensamentos repetidos se fizeram coisas e junto às coisas apareceram pessoas. Junto com as coreografias que imaginei para a bailarina, de sapatilha em ponta e tutu de tule, me apresentaram o espetáculo com cenário de luzes a céu aberto. Assim, há chance para recompor a identidade; Talvez não seja Marte, Mas uma outra vida. *Vânia Dantas Filosofa Clínica Brasília/DF

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