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Prefiro ser aprendiz* Eu não tenho nenhuma pretensão de achar que sei. As vezes, aquele que acha que sabe, corre um grande risco. Neste sentido, prefiro figurar como um quadro exposto na galeria do aprender, do desaprender e do reaprender. Entendo que, em Filosofia Clínica, o encontro com o partilhante, é um caminho de mão dupla, ou seja, ao partilhar o filósofo clínico também aprende, neste processo relacional, emerge um ambiente de construção. Assim, quando me refiro aprender, estou querendo dizer que, o filósofo clínico deverá está embebido num momento de construção com o seu partilhante, cujo momento é compartimentado e sigiloso, ou seja, tudo o que é dito pertence ao que diz. Pode-se saber por aquele espaço de fala. O que foi dito, foi dito para o filósofo clínico e que fique exatamente assim. Sob a égide da singularidade de cada partilhante, o filósofo clínico tem que desaprender (adotar uma postura do não saber), impulsionado por uma outra abordagem fenomenológica, no
Reinvenção* A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas… Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo… — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço… Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só — na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. *Cecília Meireles
Meu amigo Harvey e a lógica delirante.* Nos dias 25, 26 e 27 de maio de 2012, estive participando do primeiro colóquio de filosofia clínica e lógica delirante, ocorrido no Hospital Espírita em Porto Alegre/RS. A parte que me coube nesse latifúndio foi referente às formas com as quais o cinema retratava as lógicas delirantes, o que comumente conhecemos por ‘loucura’. Estávamos com uma bela turma de proseadores: Pedro Leopoldo, diretor do hospital, que tratou da relação entre a Filosofia Clínica e a Psiquiatria, posteriormente, junto com Hélio Strassburger, falou sobre o trabalho realizado pelos filósofos clínicos junto ao hospital psiquiátrico; Gustavo Bertoche, filósofo do Rio de Janeiro fez uma linda explanação sobre Bachelard, o sonho e a razão; Jussara Hadadd falou sobre a questão do amor, da sexualidade e da razão fora de si; Letícia Porto Alegre, Rafael Gabellini e Jane Kopzinzki falaram de sua experiência nos atendimentos aos internos do hospital; Vânia Dantas trouxe a a
Médicos cubanos ou extraterrestres?* Como médico e escritor não posso negar, o assunto que está em discussão na mídia e nas ruas me agradou. O argumento é fabuloso. 6000 médicos importados para trabalhar no Brasil. Seis mil! Ótima inspiração para um livro da categoria realismo mágico: fatos insólitos, fantásticos, inseridos em um contexto realista, cotidiano, comum. Comecei a dar asas à imaginação. De onde viriam estes médicos? Qual lugar do planeta poderia se dar ao luxo de dispensar seis mil profissionais sem alterar o equilíbrio de seu próprio sistema de saúde? Talvez um país super desenvolvido, ou um planeta extraterrestre, preocupado com o bem estar mundial, apoiado por Organizações Não Governamentais, com a intenção de formar médicos sem fronteiras, dispostos a viajar para lugares miseráveis e cuidar das vidas que por ventura ainda lá existam. Continuei com a fantasia. O que estariam fazendo neste momento estes médicos? Seriam desempregados, recém formados, aposentados,
Mito e Filosofia* Toda civilização possui seus mitos. Mitos, em suma, são modos encontrados nas sociedades primitivas (termo sem sentido pejorativo) para dar conta de uma série de questões suscitadas pelos homens acerca da vida, da natureza e de si. O mito é compreendido em dois aspectos: mito-verdade e mito-fábula. Este diz respeito a estórias que nada mais visam do que expor um conto fantástico acerca de qualquer coisa sem compromisso com uma verdade nem mesmo por quem conta. Já o mito-verdade busca expor o sentido de uma determinada questão da realidade tendo em vista uma verdade, expondo-a a partir de um conto fantasioso. Os mitos cumprem basicamente três funções: religiosa, social e filosófica. Em outras palavras, a partir do mito (1) se fundamenta sentidos transcendentes para as coisas, (2) une-se um grupo em torno de um sentido comum e (3) busca-se compreender a realidade questionada. Na Grécia, com a filosofia, o mito passou a ser questionado há vinte e cinco séculos.
Fragmentos literários, filosóficos, delirantes* "(...) Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo. O dinheiro não era nada, o poder não era nada. Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz. A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza. Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente. Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer. A felicidade é amor, só isto. Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito. Mas amar e desejar não é a mesma coisa. O amor é o desejo que atingiu a sabedoria. O amor não quer possuir. O amor quer somente amar." *Hermann Hesse
O rio do tempo* O tempo não existe, nem dentro nem fora. Esses peixes de opala são nomes que nadam na memória: são rostos, são risos, são prantos, são as horas felizes. O tempo não existe, pois tudo continua aqui, e cresce como se arredonda uma árvore pesada de frutos que são peixes, que são nomes de nomes, são rostos com máscaras. O tempo não existe. Sou apenas o aqui e o presente, e o atrás disso, como um rio que corre mas não passa - pois ele é sempre, em mim, agora. *Lya Luft
Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* "Na realidade, todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo. A obra não passa de uma espécie de instrumento óptico oferecido ao leitor a fim de lhe ser possível discernir o que, sem ela, não teria certamente visto em si mesmo" "No solitário, a reclusão, ainda que absoluta e até ao fim da vida, tem muitas vezes por princípio um amor desregrado da multidão e tanto mais forte do que qualquer outro sentimento, que ele, não podendo obter, quando sai, a admiração da porteira, dos transeuntes, do cocheiro ali estacionado, prefere jamais ser visto e renunciar por isso a toda e qualquer actividade que o obrigue a sair para a rua" "Os seres não cessam de mudar de lugar em relação a nós. Na marcha insensível mas eterna do mundo, nós consideramo-los como imóveis num instante de visão, demasiado breve para que seja percebido o movimento que os arrasta. Mas basta escolher na nossa memória duas imagens suas, tomadas em i

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