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OBSESSÃO DO MAR OCEANO*

Vou andando feliz pelas ruas sem nome... Que vento bom sopra do Mar Oceano! Meu amor eu nem sei como se chama, Nem sei se é muito longe o Mar Oceano... Mas há vasos cobertos de conchinhas Sobre as mesas... e moças na janelas Com brincos e pulseiras de coral... Búzios calçando portas... caravelas Sonhando imóveis sobre velhos pianos... Nisto, Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous, E eu me lembrei do pobre imperador Adriano, De su'alma perdida e vaga na neblina... Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano! Se eu morresse amanhã, só deixaria, só, Uma caixa de música Uma bússola Um mapa figurado Uns poemas cheios de beleza única De estarem inconclusos... Mas como sopra o vento nestas ruas de outono! E eu nem sei, eu nem sei como te chamas... Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano, Quando eu também já não tiver mais nome. *Mario Quintana 

Filosofia: eu quero uma pra viver!*

“Por que Filosofia?” Foi, é e sempre será a pergunta cabal para um filósofo ou pretendente a esse cargo que os alunos ou pessoas em geral irão fazer para nós filósofos e aspirantes. A resposta é complicada dada a complexidade do problema envolto nessa pequena e simples interrogação. Mas aqui tento responder à minha maneira, com uma analogia que exporei mais adiante e que, no momento, cabe apenas concepção (de um professor que realmente conseguiu, com a frase adiante, resumir um sentimento): “não é você que escolhe a Filosofia e sim ela que te escolhe” – professor James de Filosofia Geral Problemas Metafísicos IV da UERJ. Bem, vamos à minha analogia: sabe quando você olha uma moça ou rapaz e pensa: “um dia ficarei com ela(e)”? Você assim o faz porque de alguma forma aquela pessoa lhe interessou e sentiu-se atraído(a) por aquele monumento de pessoa – não no sentido corporal, carnal ou não. Pois é! Isso foi o que aconteceu comigo em relação à Filosofia: olhei-a e ela me

Poema obsceno*

Façam a festa  cantem e dancem que eu faço o poema duro  o poema-murro  sujo  como a miséria brasileira  Não se detenham:  façam a festa  Bethânia Martinho  Clementina  Estação Primeira de Mangueira Salgueiro  gente de Vila Isabel e Madureira  todos  façam  a nossa festa enquanto eu soco este pilão  este surdo  poema que não toca no rádio que o povo não cantará (mas que nasce dele) Não se prestará a análises estruturalistas Não entrará nas antologias oficiais  Obsceno como o salário de um trabalhador aposentado  o poema terá o destino dos que habitam o lado escuro do país – e espreitam *Ferreira Gullar

Nessas noites que antecedem meu olhar*

Nessas noites que antecedem o meu olhar, sinto leves toques na alma. Vultos que passam como lembranças. E um leve sono chega até meus olhos e adormeço sob rios profundos. Abro os olhos e lentamente me divido em milhares de estrelas... Tristes. Como lágrimas que não caem, como relógios esquecidos no tempo, sem terem noção do porquê existem. Parados. Ouço distante o farfalhar da vida, seu ansioso movimento. E seu barulho doce e quente, na profundeza fria e solitária, a me chamar, são vozes mudas, que ninguém pode ouvir. *Helena Monteiro Poetisa, estudante de filosofia clínica Petrópolis/RJ

Reflexão n°.1*

Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva. E a circulação e o movimento infinito. Ainda não estamos habituados com o mundo. Nascer é muito comprido. *Murilo Mendes

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