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Canto a mim mesmo*

Estão todas as verdades À espera em todas as coisas: Não apressam o próprio nascimento Nem a ele se opõem; Não carecem do fórceps do obstetra, E para mim a menos significante É grande como todas. Que pode haver de maior ou menor do que um toque? Sermões e lógicas jamais convencem; O peso da noite cala bem mais Fundo em minha alma. Só o que se prova a qualquer homem ou mulher, É o que é; Só o que ninguém pode negar, É o que é. Um minuto e uma gota de mim Tranqüilizam o meu cérebro: Eu acredito que torrões de barro Podem vir a ser lâmpadas e amantes; Que um manual de manuais é a carne De um homem ou de uma mulher; E que num ápice ou numa flor Está o sentimento de um pelo outro, E hão de ramificar-se ao infinito, A começar daí­, Até que essa lição venha a ser de todos, E um e todos possam nos deleitar E nós a eles. *Walt Whitman

Ser escritor*

Ser escritor é se permitir Mergulhar nos mundos Internos e externos Falar das dores e dos amores Da realidade e dos sonhos Comunicar as multiplicidades Do ser e existir! Sou poeta corre em minha veia Teias! *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, filósofa clínica, escritora Juiz de Fora/MG

Fragmentos poéticos, literários, críticos*

"O sentido de uma palavra é sempre outra palavra, pois as palavras se parecem mais com outras do que podem parecer com pessoas ou coisas" "Milton antecipa Borges ao dar-nos um Shakespeare que, tornando-se todo mundo, não é ninguém em si mesmo, tão anônimo quanto a natureza" "Os que ensinam interpretação têm mais em comum com os sofistas que com Sócrates" "Obras literárias vitoriosas são ansiedades realizadas, não libertações de ansiedades" "Um antigo teste para o canônico continua sendo ferozmente válido: se não exige releitura, a obra não se qualifica" "A recepção da força estética nos possibilita aprender a falar a nós mesmos e a suportar a nós mesmos" "A crítica estética nos devolve a autonomia da literatura de imaginação e a soberania da alma solitária, o leitor não como uma pessoa na sociedade, mas como o eu profundo, nossa interioridade última" "A resposta, na maioria das vezes, prov

Formado em medicina ou médico ?*

                                                                               Logo depois de minha formatura em medicina, não gostava de atender urgências. O motivo era um só: interrompiam e atrapalhavam meus raros momentos de lazer. Cada vez que era chamado para uma urgência, abnegadamente deixava para trás aquilo que estava desfrutando (filme, parque, praia, festa, namoro, família, estudo, descanso) para cumprir com o famoso juramento de Hipócrates. Sempre soube que ser médico exigiria certa dose de renúncia na vida pessoal, mas isto não era motivo suficiente para aplacar meu descontentamento quando convocado para urgências. Por isso, tentava driblar a insatisfação através de algumas compensações materiais. Quando meu filho era pequeno, e, contra a vontade de ambos, nossa brincadeira era interrompida por algum telefonema, dizia a ele que papai precisava sair para trabalhar, pois alguém havia ficado doente e necessitava minha ajuda. Com isso ganharia algum dinheiro e  lhe

Comentando*

Falando em amém, ninguém comenta sobre isso mas conheço pessoas que tem envolvimento erótico pelo puro,casto e divino, não posso imaginar coisa mais sacana,concebe o sujeito tendo uma ereção por associar a imagem da companheira com a de uma santa?   Bem se existe a santa gula, ela tem muitas caras e dentro de alguma logica , é esta entre muitas, uma forma ou uma "sacanagem" que pode atingir o proposito de fomentar por idealização e manter o desejo mesmo que por vias estranhas,dai não cabe fazermos juízos de valor,  o problema é quando uma das pessoas em questão, incorpora o negocio e fica sujeita e refém ao fantástico e a realidades paralelas,ou seja ela percebe aos poucos, que dela ser rea,l não emana a atração do outro e sim, daquilo que ambos assinam como ideal. Qual o problema? Nem um, até que a pessoa bate no seu consultório, toda machucada ,e de machucados que não são visíveis, nem pra ela mesma, mas intuitivamente a levam a buscar ajuda, afinal entre o que ela é e

O texto e a vida*

Em uma obra de essência inacabada, a pluralidade discursiva, nem sempre coerente e recheada com algum tipo de fundamentação, exibe capítulos de uma subjetividade em vias de acontecer.   Nessa arquitetura de palavras, a versão dos rascunhos se inicia na multidão improvável dos sentidos sem tradução. Por esse não-lugar se alternam pronuncias da voz na palavra escrita. Um apurado senso de irrealidade parece tomar conta da estrutura narrativa. Ao (re)nascer de cada pessoa uma nova obra se inicia. As lógicas da incompletude ampliam as chances para descrever o infindável movimento da vida. Sua eficácia institui novos parágrafos existenciais e se oferece como possibilidade inadiável de reescritas. A autoria, em sua singularidade, esboça um cotidiano de páginas inéditas. A letra parece querer anunciar, desvendar, transgredir cotidianos em roteiros de inconclusão. Uma estranha alquimia ressoa no desajuste das entrelinhas. Como literatura que se esboça aos sons d

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