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Você sabe o que eu sinto ?*

"Por mais que o conhecimento médico tenha evoluído e se apossado de  recursos tecnológicos cada vez mais precisos, ainda assim, muito se faz necessário para que possamos conhecer como funciona o corpo humano. Quantos milímetros de pele, músculos, tecidos e ossos ainda precisarão ser pesquisados para que possamos dizer com segurança que dominamos integralmente a fisiologia e patologia do organismo humano? Se o entendimento da parte corpórea já apresenta tamanha dificuldade, imagine o lado emocional? Será que algum dia teremos informação suficiente para decifrar os códigos do mais intrínseco enigma da raça humana? Muito se tem estudado, mas ainda estamos engatinhando. A maioria das pesquisas direciona-se no sentido das tendências. Podemos imaginar, perante uma criteriosa análise do comportamento passado o que poderá se desenhar no futuro, mas nunca saberemos com exatidão o que passa na cabeça do outro. Existe um infinito separando o intelecto das pessoas. Dizer que

O Iceberg Imaginário***

O iceberg nos atrai mais que o navio, mesmo acabando com a viagem. Mesmo pairando imóvel, nuvem pétrea, e o mar um mármore revolto. O iceberg nos atrai mais que o navio: queremos esse chão vivo de neve, mesmo com as velas do navio tombadas qual neve indissoluta sobre a água. Ó calmo campo flutuante, sabes que um iceberg dorme em ti, e em breve vai despertar e talvez pastar na tua neve? Esta cena um marujo daria os olhos pra ver. Esquece-se o navio. O iceberg sobe e desce; seus píncaros de vidro corrigem elípticas no céu. Este cenário empresta a quem o pisa uma retórica fácil. O pano leve é levantado por cordas finíssimas de aéreas espirais de neve. Duelo de argúcia entre as alvas agulhas e o sol. O seu peso o iceberg enfrenta no palco instável e incerto onde se assenta. É por dentro que o iceberg se faceta. Tal como joias numa tumba ele se salva para sempre, e adorna só a si, talvez também as neves que nos assombram t

Reescritas*

Anúncios de maior profundidade apreciam borrar a versão inicial com algum posfácio libertador. Seu processo desconstrutivo da versão preparatória, muitas vezes confundida com o projeto final, se integra a dialética da aventura contida nos desvãos do texto prefácio. O sujeito, ao valorizar suas margens, pode oferecer um rascunho recheado de incompletudes, ensaios, desvãos criativos. Ao seguir em frente para ir mais longe, a redação se atualiza com aquilo que ficaria indizível, não fora a reflexão crítica sobre si mesma. A folha nova desse diário íntimo recria vivencias num capítulo inédito. Ao desvendar suas periferias, a frase reinvenção se permite fantasiar, duvidar, sonhar, sem perder de vista os horizontes que vão se formando diante do olhar. Nesse discurso é possível antever a interlocução do antes com o depois, onde um e outro se mesclam. Um de seus pontos de partida é a disposição de revisar-se. Isso também se realiza na emancipação de um saber com sabor de clandestinidad

Reciclando*

Sou múltipla Vou me reciclando/transformando Experimentando... Nada melhor que a liberdade da idade. Posso não ser, não fazer ou fazer diferente, e repetir... Ir e ficar. Dizer sim ou não! Ler Machado de Assis ou Sartre com o mesmo prazer e ver novela sem culpa. Que bom poder libertar do que os outros acham ou pensam de mim! Tudo sai mais solto, mais verdadeiro. Posso comer chocolate ao amanhecer e tomar café ao anoitecer. Se ficar acordada, ótimo, escrevo. Se triste, escuto Blues. Não fujo dela. Faz parte da alma! Se alegre, pinto e bordo... Aproveito a adrenalina para faxinar os excessos! Neste estado de ser vou precisando de menos, curtindo os mais dos mundo em ebulição. Sendo paz, vou administrando a guerra. Melhor ainda, escrever meus romances, viajar, cozinhar e por que não, namorar? Vou no dia a dia, longe da rotina me reciclando. Fazendo o que não fiz e não mais fazendo o que fiz! Melhor de tudo, consciente que tudo passa... Que tudo é ilusão.

À Filosofia*

Preso em minhas próprias convicções Não podia enxergar o mundo E ver o quão belo ele é. Sua beleza e riqueza extasiantes Me fizeram querer saber mais de ti Ó doce e sombria dama Venha me acalentar o coração; Acalmar minhas angústias E fazer parar minhas palpitações. Só tu tens o dom de nos mostrar O mais belo dos infinitos Onde a humanidade pode chegar. Só tu podes nos levar além e, Aquém de toda a especulação desajeitada, Faz-me enxergar aquilo de verdadeiro que tens: O poder de ser e não-ser, De velar-se e deixar-se descobrir, De olhar além do que se vê, De ser verdade e mentira, De ser poetisa e poema, De ser angustiante e calmante, De ser o caderno e a caligrafia Enfim: de ser Filosofia. * Vinicius Fontes Filósofo, estudante de filosofia clínica Rio de Janeiro/RJ

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