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Estâncias*

Já me reprovaram e volto sempre Aos primeiros sentimentos que nasceram comigo; Deixo de correr atrás do ouro e do conhecimento, Para sonhar apenas com maravilhas impossíveis. Mas hoje, Não descerei mais ao império das sombras; Tenho medo da sua frágil e decepcionante imensidão, E meu sonho, povoado com legiões inumeráveis, Torna este mundo sem forma estranhamente próximo. Caminharei, E ficarão para trás as antigas veredas do heroísmo, E os caminhos já exaustos da moralidade, E o imprevisto aglomerado de faces obscuras, Ídolos em bruma de um passado já longínquo. Caminharei, Onde só agradar à minha alma caminhar, (Não posso suportar a escolha de outro guia) Onde os rebanhos se acinzentam no verde das campinas, Onde o vento alucinado vergasta o flanco das montanhas. Que pode revelar a montanha solitária? Nada exprime sua glória e sua dor. Minha alma dormia, quando a terra despertou, E o círculo do Céu ao círculo

O papel do filósofo clínico*

            Uma pessoa do senso comum e até especialista em alguma área, como a de humanas e terapêuticas, pode pensar no papel do filósofo clínico de modo bem controverso. Em primeiro lugar por não conseguir compreender a junção de duas palavras opostas em seu sentido usual, uma vez que filosofia conota algo teórico, abstrato, enquanto clínico remete à prática, à cura do corpo e do psíquico.       Poderíamos responder a essas questões demonstrando-as seu equívoco, apresentando o sentido correto do termo ao que corresponde. Isso seria fácil, pois filosofia clínica, em suma, aborda o referencial teórico inspirado na tradição filosófica e a clínica a essa aplicabilidade da riqueza filosófica no auxílio existencial das pessoas que procuram o profissional da filosofia clínica. Por outro lado, fazermos um percurso entre três grandes referenciais da filosofia clínica no país pode nos esclarecer alguns pontos e enriquecer nossa proposta de reflexão. Por isso, vamos nos remeter

Questão de Perspectiva*

Querido leitor, paz! Recebi um e-mail recentemente que li, reli e agora apresento ao meu atento leitor. Minha filosofia é não rejeitar nada e nem me apegar a nada, ou seja, às vezes recebo e-mails que não tem nada a ver comigo e por isso não tem valor. Diferente deste que repasso a você.   Dizia a mensagem que um homem trabalhava como agricultor de sol a sol, plantava batatas. Era verão e o sol estava escaldante. Em dado momento, já cansado, limpou o suor com a manga da camisa suja de terra e começou a lamentar consigo mesmo:   - Que vida dura essa! Batalhando aqui o dia todo, suportando o sol, muitas vezes a chuva, as variações do clima, para ganhar uma miséria.   Maneou a cabeça para o lado quando viu um ônibus. Não deixou de pensar:   - Vida boa é a de motorista de ônibus, trabalha sentado, à sombra, viajando e conhecendo diferentes cidades. É uma vida bem dinâmica e nada chata.   Ato contínuo ao pensamento do agricultor que cultivava batatas, o motorista

Equívoco*

"Absurda confusão Imprecisos pensamentos Pensou uma coisa e era outra Contestáveis ações Quantas vezes, vezes sem conta Agir de forma dúbia Ilusório julgo Afoito juízo" * Mariah de Olivieri Filósofa, Mestre em Filosofia, Artista Plástica, estudante de Filosofia Clínica Porto Alegre/RS

Velhas árvores *

              Olha estas velhas árvores, — mais belas,   Do que as árvores mais moças, mais amigas,   Tanto mais belas quanto mais antigas,   Vencedoras da idade e das procelas . . .       O homem, a fera e o inseto à sombra delas   Vivem livres de fomes e fadigas;   E em seus galhos abrigam-se as cantigas   E alegria das aves tagarelas . . .     Não choremos jamais a mocidade!   Envelheçamos rindo! envelheçamos   Como as árvores fortes envelhecem,     Na glória da alegria e da bondade   Agasalhando os pássaros nos ramos,   Dando sombra e consolo aos que padecem!   Olavo Bilac*

O Homem e as Coisas*

  As coisas não se submetem   à nossa vestidura;   na máscara que somos   as coisas nos conjuram.       Por que não escutá-las,   tão sáfaras e puras,   como flores ou larvas,   estranhas criaturas?       Por que desprezá-las   no sopro que as transmuda   com os olhos de favas,   fechados na espessura?       Por que não escutá-las   na linguagem mais dura,   comprimidas as asas   na testa que as vincula?       Despimos a armadura   e a viseira diurna;   a linguagem resvala   onde as coisas se apuram.       Recônditas e escravas   na cava da palavra,   são fiandeiras escuras   ou áspides sequiosas.       As coisas não se submetem   à nossa vestidura.   * Carlos Nejar

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