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O Homem que Lê*

Eu lia há muito. Desde que esta tarde com o seu ruído de chuva chegou às janelas. Abstraí-me do vento lá fora: o meu livro era difícil. Olhei as suas páginas como rostos que se ensombram pela profunda reflexão e em redor da minha leitura parava o tempo.  De repente sobre as páginas lançou-se uma luz e em vez da tímida confusão de palavras estava: tarde, tarde... em todas elas. Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já as longas linhas, e as palavras rolam dos seus fios, para onde elas querem. Então sei: sobre os jardins transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; o sol deve ter surgido de novo.  E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: o que está disperso ordena-se em poucos grupos, obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas e estranhamente longe, como se significasse algo mais, ouve-se o pouco que ainda acontece. E quando agora levantar os olhos deste livro, nada será estranho, tudo grande. Aí for

Fragmentos, Discursos, Poéticas*

"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém,. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos." "Faço o possível para escrever por acaso. Eu quero que a frase aconteça. Não sei expressar-me por palavras. O que sinto não é traduzível. Eu me expresso melhor pelo silêncio." "Refugio-me nas rosas, nas palavras." "Sou como estrangeiro em qualquer parte do mundo. Eu sou do nunca." "Escrever é difícil porque toca nas raias do impossível." "Meu espetacular e contínuo fracasso prova que existe o seu contrário: o sucesso. Mesmo que a mim não seja dado o sucesso, satisfaço-me em saber de sua existência." "Nunca vi uma coisa mais solitária do que ter uma ideia original e nova. Não se é apoiado por ninguém e mal se acredita em si mesmo. Quanto mais nova a sensação-ideia, mais perto se parece estar da solidão da loucura."

Universais*

Existe um termo universal que diz mais ou menos assim: somos os livros que lemos, os filmes que assistimos, as coisas que comemos... Bem, de fato alguma coisa do lemos nos faz ser quem somos e como pensamos. Os filmes que escolhemos para assistir mostra o que queremos e se queremos compactuar com a mensagem sugerida e, claro, que os alimentos que comemos nos faz mais ou menos saudáveis do ponto de vista fisiológico. Entretanto, aceitar qualquer que seja o universal como verdade absoluta seria ingenuidade de nossa parte! Não acham? Cada pessoa é um universo particular, uma singularidade intransferível, e, parafraseando Nelson Rodrigues: "A unanimidade é burra". Como podemos confiar nos livros mais vendidos, filmes que batem "record" de bilheteria? Deus! A maioria das pessoas tem preguiça de pensar, de questionar.  Muita gente usa a roupa tal só porque está na moda. Eu gosto da moda do vestuário. Sou uma mulher vaidosa, mas só vou aderir a tal modis

Um certo frio*

O frio chegou... Silencioso, Pequenino. Fez-se forte... Invadiu os alicerces, Rompeu as paredes. Mas ao chegar às câmaras... Sim, as câmaras do meu coração, As brasas vivas o envolveram. Não resistiu... Saiu aquecido, Envolvido. *Fernanda Sena Filósofa, Fotógrafa, Filósofa Clínica Barbacena/MG

Fragmentos poéticos, filosóficos*

(...) "Vocês já ouviram dizer que ganhar o dia é bom ? Pois eu digo que é bom também perder: batalhas são perdidas com o mesmo espírito com que são ganhas. (...) Em toda pessoa eu vejo a mim mesmo, nem mais nem menos um grão de mostarda, e o bem ou mal que falo de mim mesmo falo dela também. (...) Existo como sou, isso é o que basta: se ninguém mais no mundo toma conhecimento, eu me sento contente; e se cada um e todos tomam conhecimento, eu contente me sento. (...) Eu sou o poeta do corpo e sou o poeta da alam, as delícias do céu estão em mim e os horrores do inferno estão em mim - o primeiro eu enxerto e amplio ao me redor, o segundo eu traduzo em nova língua. *Walt Whitman

Time dos Filósofos Gregos*

Vi um jogador chamado Sokratis no time da Grécia e me deu vontade de escalar o time dos Filósofos Gregos. 1) Goleiro:  Aristóteles Laterais: Górgias e Protágoras Zagueiros: Tales de Mileto e Anaximandro Meio campo: Heráclito, Demócrito, Parmênides e Platão Pontas: Sócrates e Epicuro Goleiro Aristóteles porque pensa sobre tudo... gênio solitário. Zagueiros Tales e Anaximandro formados por matemáticos, físicos, astrônomos, Seguros... Laterais Górgias e Protágoras, sofistas, correndo por fora, para não embolar muito o meio. Centro médio, com certeza Heráclito, para fazer o" jogo fluir".. sem ser brucutu... Meia direita e meia esquerda, Demócrito e Parmênides, pelo entrosamento com Heráclito, articulando várias outras temáticas.. Meia avançado, Platão, para formar o segundo miolo do meio campo. Para o time funcionar com dialética... Ponta esquerda, com Sócrates( lembram do Éder... os canhotos são mais diabólicos..) pelo perfeito entros

Texto de consulta*

1 A página branca indicará o discurso Ou a supressão o discurso? A página branca aumenta a coisa Ou ainda diminui o mínimo?   O poema é o texto? O poeta? O poema é o texto + o poeta? O poema é o poeta - o texto?   O texto é o contexto do poeta Ou o poeta o contexto do texto?   O texto visível é o texto total O antetexto o antitexto Ou as ruínas do texto? O texto abole Cria Ou restaura? 2   O texto deriva do operador do texto Ou da coletividade — texto?   O texto é manipulado Pelo operador (ótico) Pelo operador (cirurgião) Ou pelo ótico-cirurgião?   O texto é dado Ou dador? O texto é objeto concreto Abstrato Ou concretoabstrato?   O texto quando escreve Escreve Ou foi escrito Reescrito?   O texto será reescrito Pelo tipógrafo / o leitor / o crítico; Pela roda do tempo?   Sofre o operador: O tipógrafo trunca o texto. Melhor mandar à oficina O texto já truncado. (...) 6   A palavra

Em outras palavras*

    "Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra."                      Carlos Drummond de Andrade Um dos indícios de um novo padrão existencial é a estrutura discursiva esquisita. Noutras palavras se apresenta a vida numa perspectiva diferente. Um desses esboços por onde o vocabulário remete à estrutura de origem. Reconhecíveis por fora pela aceitação, discriminação ou incompreensão, sua transcrição aprecia emancipar olhares ao recriar o mundo ao seu redor. Essa estranheza diante da inadequação linguística, denuncia um estado de ânimo a sugerir esse alguém que vem chegando. O universo das expressões desconhecidas parece insinuar-se através de uma estética própria. Sua pronúncia, nem sempre legível às anterioridades, convive em vias marginais, pelos arredores da literalidade. Ao se aproximar dessa fonte de equivocidades, é possível sentir a singularidade tentando acontecer. Aquilo sem possibilidade numa l

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