A música do espaço pára, a noite se divide em dois [pedaços. Uma menina grande, morena, que andava na minha [cabeça, fica com um braço de fora. Alguém anda a construir uma escada pros meus [sonhos. Um anjo cinzento bate as asas em torno da lâmpada. Meu pensamento desloca uma perna, o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos [namorados. Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia, um olho andando, com duas pernas. O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força [do homem. A outra metade da noite foge do mundo, empinando [os seios. Só tenho o outro lado da energia, me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais [quem sou. *Murilo Mendes
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